A busca pelo lugar ideal onde morar é instintivamente um hábito de todos os seres vivos. Jamais irá encontrar um peixe migrando para o deserto, nem uma ave mergulhando sem volta para as profundezas do oceano.
O Que Forma um Habitat?
Nossa natureza já determina desde o nascimento que qualquer ser vivo busque o lar ideal. O instinto apurado dará o discernimento necessário pra fazer a escolha certa e ela será sempre baseada em três necessidades principais: alimentação, proteção e reprodução.
Já houve uma época em que a prejudicial intervenção humana ainda não havia alterado a natureza das coisas e nem mesmo interferido nos hábitos de todos os outros seres vivos. Com efeito, tudo funcionava com a precisão e a harmonia ideal. Nenhum ser vivo nunca precisou da capacidade de raciocínio pra sobreviver.
À parte do homem que possui esse dom (ou maldição?), os seres vivos em geral já se desenvolviam com instintos saudáveis que os capacitavam a buscar os melhores locais pra se alimentar, saciar sua sede e se abrigarem adequadamente. Descobriam sozinhos ou com o auxílio de outros da espécie mais experiente como viver seu dia a dia naturalmente.
Assim, a escolha do habitat perfeito era escolhido considerando um ambiente com abundância do alimento que precisam, locais de nidificação confortáveis pra criar seus filhotes e com suficiente segurança para confundir, afastar ou protegê-los de predadores.
O instinto natural invariavelmente induzia os seres vivos a adaptarem determinados locais escolhidos com o intuito de melhor comodidade, ou segurança. É por isso, por exemplo, que para muitos pássaros não basta a escolha da árvore somente. Eles instintivamente constroem ninhos na árvore escolhida, nos galhos ou nas fendas, para um habitat mais conveniente.
A Natureza das Rãs
As rãs pertencem a classe dos anfíbios, umas das mais antigas e dominantes espécies do planeta. Os anfíbios já existem na Terra desde a idade do carvão, ou antes, e já foi praticamente uma espécie dominante aqui. Há afirmações científicas que datam a existência dos anfíbios há mais de 300 milhões de anos.
Todas as espécies de anfíbios tem uma particularidade. Embora sejam bem adaptáveis a vários climas (menos na Antártida, onde quase nada sobrevive), são espécies que sempre dependem de alguma umidade para sua melhor sobrevivência. E, tanto as rãs quanto os sapos, embora possuam pulmões em sua grande maioria, respiram pela pele úmida.
Já por natureza são espécies que nascem na água. São em geral armazenados ali quais colares de óvulos fecundados pra se reproduzir e ali eclodem na categoria de girinos. A medida que esses pequenos anuros vão se desenvolvendo, perdendo suas caudas e ganhando pulmões, eles ganham a superfície e se acomodam em terra seca.
Habitat das Rãs: Onde Elas Vivem?
A permanência em terra seca no entanto, sob hipótese alguma, afastará essas rãs de um ambiente com fonte de água. Como dito anteriormente, os anfíbios são predominantemente dependentes de umidade. A palavra anfíbio vem do grego e significa basicamente duas vidas. Então as rãs podem adaptar-se muito bem fora d’água, mas não exatamente sem ela.
As rãs especialmente tendem a sempre viver em habitat que sejam fontes de água (rios, lagoas, córregos, pântanos, etc.) mas pode haver exceções que se afastem desses ambientes. Porém, mesmo que encontre rãs em ambientes não necessariamente aquáticos, vai observar que sempre haverá alguma fonte de umidade próxima (plantas que acumulam água, por exemplo).
No entanto, mesmo esses (com raras exceções) sempre irão migrar pra água em época de reprodução. Seus ovos e girinos são praticamente dependentes de água pra sobreviver pois ainda não terão pulmões, e invariavelmente é lá, nas margens de um corpo d’água, que ocorrem as maiores aglomerações de acasalamento, porque é por ali mesmo que ficarão a sua prole em incubação.
Agora vamos detalhar de modo mais técnico e científico essa necessidade de rãs e girinos de ambientes aquáticos ou úmidos para sobreviver. Vamos detalhar um pouco a morfologia da espécie, sua constituição e modo de respiração.
A Constituição das Rãs e Girinos
Pela comparação entre um girino e um sapo, observa-se a necessidade de transformações radicais para passar de uma organização para outra – a metamorfose. O girino é equipado com uma barbatana, uma linha lateral como peixes ( zona sensível permitindo perceber os movimentos da água ), um bico com tesão permitindo-lhe comer, um espiráculo permitindo uma respiração branquial.
Com apenas quatro dias no estágio de incubação, o girino é fixado por ventosas ventrais. Essas brânquias são sempre de origem ectodérmica. O girino possui estruturas relacionadas à vida aquática: barbatana equipada com musculatura. No final desta etapa há formação de brânquias de segunda geração. Os girinos têm respiração branquial e cutânea.
A partir deste estágio, o crescimento é relativamente uniforme. Sua morfologia, anatomia e fisionomia são próximas à de um peixe. A metamorfose varia de dias a meses, dependendo da espécie até a transformação de girino a anuro capaz de ambientar-se fora d’água. As principais estruturas afetadas pela metamorfose são o sistema circulatório, respiratório e o aparelho de locomoção. Essas mudanças importantes estão relacionadas à mudança de ambiente.
Na escala das células, as metamorfoses são vistas pelos fenômenos de: histólise, organogênese e demais rearranjos. No nível molecular, a metamorfose afeta diferentes genes: larvas e adultos expressam diferentes pool gênicos. Passagem da larva para a expressão adulta do gene não representado, e já expressando repressão gênica.
Apenas nos girinos de anuros, uma segunda geração de brânquias, desta vez usada pelos 4 arcos e protegida em uma câmara branquial por uma prega cutânea, é substituída e a irrigação de sangue segue pelos arcos de aorta correspondentes. Essas estruturas regredirão na metamorfose; no entanto, as brânquias são mantidas ao longo da vida da maioria das espécies.
Quanto aos pulmões das rãs, são dois sacos ovoides ou tubulares. Há uma estrutura, isto é, uma grande cavidade central, com parede interna vascularizada e mais ou menos elevada em dobras, delimitando células de ordens diferentes. Em geral elas tem o corpo alongado, em que existe uma traqueia, e os pulmões comunicando-se diretamente com um curto laringo câmara-traqueal (glote), na base da boca.
Ainda para a respiração existem os tegumentos que são mantidos úmidos por numerosas glândulas. Nos anuros, a vascularização específica da pele é ainda assegurada por um descolamento da artéria cutânea do arco pulmonar (sistema circulatório). Tudo isso é o que garante sua natureza anfíbia, condicionada sempre a umidade adequada.