A ariranha (Pteronura brasiliensis) é considerada como o maior dos mamíferos mustelídeos conhecidos. Também é chamada de lobo-do-rio, onça-d’água e lontra-gigante. É um animal característico da bacia do Rio Amazonas (América do Sul) e também do Pantanal.
No post de hoje, vamos aprender sobre o habitat da ariranha, onde elas vivem, principais características e muito mais. Confira abaixo!
Onde as Ariranhas Vivem? Qual é o Seu Habitat Natural?
Animais de hábitos semiaquáticos, as ariranhas gostam mais de ambientes com águas mais calmas. Elas vivem perto de rios e de lago de selvas, e também próximo a savanas inundáveis. Inicialmente, havia ariranhas em praticamente todos os rios subtropicais e tropicais da América do Sul. Hoje em dia, a espécie encontra-se extinta na maior parte (cerca de 80%) do seu território original.
Habitat natural: cursos d’água, áreas alagadas, matas de galeria, riachos com pouca correnteza e rios.
As populações remanescentes acontecem em algumas áreas isoladas, em especial no Peru, Brasil e também nas Guianas. Os locais onde há maior concentração de ariranhas no Brasil são no Pantanal (nos rios Aquidauana e Negro), e também no médio Rio Araguaia, principalmente no Parque Estadual do Cantão, que possui mais de 800 lagos.
Principais Características da Ariranha
A ariranha pode chegar a quase 2 m de comprimento. É o maior animal da subfamília Lutrinae. A sua calda chega a medir 65 cm de comprimento. Tem o corpo alongado.
A fêmeas costumam ser mais leves do que os machos, que podem pesar cerca de 34 kg. Os olhos da ariranha são bem grandes, e as suas orelhas são pequenas e bem arredondadas. A cauda é achatada e comprida. Possui patas espessas e curtas. E os dedos são unidos por meio de uma membrana interdigital, que ajuda na hora de nadar. O animal possui uma pelagem bem espessa, na cor escura, com uma textura aveludada, e tem uma mancha branca na garganta.
Devido às suas características comportamentais e morfológicas, as ariranhas se distinguem facilmente das outras lontras. Os machos da espécie medem entre 1,5 a 1,8 metros de comprimento. E as fêmeas medem entre 1,5 e 1,7 metros. O peso do macho varia entre 32 e 45,3 kg. Enquanto que a fêmea pode pesar de 22 a 26 kg.
A ariranha é uma espécie em perigo, devido ao aumento do desmatamento e destruição do seu habitat natural. Os agrotóxicos que poluem os rios, assim como os resíduos industriais, principalmente o mercúrio, que é utilizado para extrair o ouro, afetam as lontras neotropicais, cuja alimentação é à base dos peixes que foram contaminados pelos metais. Além de também afetar as ariranhas, que são as lontras gigantes, que se encontram no topo da cadeia alimentar.
Outra ameaça à espécie é a caça furtiva, que era mais intensa alguns anos atrás. No período em que a pele do animal era exportada para a Europa e para os Estados Unidos, para servir de matéria-prima para a produção de chapéus e casacos caros. Até mesmo os índios caçavam as ariranhas para comercializarem a sua pele, que era trocada por armas e por outros tipos de artefatos.
No ano de 1975, o Brasil passou a aderir a uma convenção internacional, que tem como objetivo proibir o comércio de espécies de animais ameados, no qual está inclusa a ariranha. A partir de então, a procura pela pele do animal reduziu, o que contribuiu para que a ariranha tivesse a oportunidade de se recuperar.
As ariranhas são uma espécie diurna. No fim do dia, elas costumam se recolher em tocas feitas por elas mesmas, nos barrancos dos rios. Além de usarem as tocas para descansar, é nelas também que as ariranhas dão à luz. Esses animais, além de construírem as suas próprias tocas, também fazem latrinas, que são os locais usados por elas para depositarem a urina e as fezes. Essas latrinas se relacionam com marcações dos territórios.
Alimentação da Ariranha
O principal alimento da ariranha é peixe, principalmente os caracídeos, como a traíra e a piranha. Esse animal vive e caça em grupos, que costumam ter até 10 indivíduos. Para ingerirem os alimentos, elas colocam a cabeça para fora da água, e nadam de forma curiosa para trás.
Se for uma época de escassez de alimentos, esse animal também pode caçar pequenos jacarés e até cobras. Em seu habitat natural, esse animal adulto é considerado como o predador no topo da cadeia alimentar.
Reprodução e Ciclo de Vida da Ariranha
O tempo de duração da gestação de uma ariranha varia entre 65 e 72 dias. E uma curiosidade é que somente a fêmea dominante do grupo é que reproduz. Quando a estação seca está começando, a fêmea costuma dar à luz entre 1 e 5 filhotes. Eles nascem com os olhinhos fechados e pesando em torno de 200 gramas. No decorrer dos 3 primeiros meses de vida, os filhotes permanecem na toca.
Quando os filhotes saem da toca, todos do grupo ajudam a cuidar deles e a trazer peixes para alimentá-los, até que eles aprendam a caçar sozinhos. Os filhotes não se arriscam no ambiente aquático pelo menos até chegarem a dois meses e meio de vida.
A mãe amamenta os seus filhotes até eles completarem cerca de 9 meses de idade. E, aos 10 meses, eles já começam caçar seus próprios alimentos junto com os seus pais.
As ariranhas continuam no mesmo grupo onde nasceram ao menos até completarem 2 ou 3 anos, quando chegam à maturidade sexual.
Nessa fase, elas deixam o grupo e partem em busca do seu par, para que possam se acasalar e darem início a um novo grupo. Se forem mantidas em cativeiros, as ariranhas podem viver de 17 a 20 anos. Enquanto que, na natureza, pode viver até 11 anos, aproximadamente.
Os grupos formados pelas ariranhas são, geralmente, compostos pelo casal dominante e os seus descendentes de outras gestações. Considerada como uma espécie monogâmica, em que há formação de casais estáveis.
Quando estão na época reprodutiva, as fêmeas costumam ficar bem agressivas e menos dispostas tanto para brincarem, quanto para se alimentarem. Geralmente, o período reprodutivo das ariranhas acontece somente uma vez no ano. No entanto, se acontecer a perda dos filhotes, pode ser que ela entre no cio duas vezes em um mesmo ano.