Você já ouviu falar sobre os golfinhos cruzados? são uma espécie muito bonita, porém pouco estudada. Neste artigo, conheça um pouco mais a respeito desses animais.
O golfinho cruzado, cujo nome científico é Lagenorhynchus cruciger, é um cetáceo da família Delphinidae encontrado nas águas subantárticas. A espécie não é avistada com frequência, tendo sido identificada por Jean René Constant Quoy e Joseph Paul Gaimard no ano de 1824, a partir de um desenho feito no Pacífico Sul em 1820. É o único cetáceo a ser amplamente aceito como espécie apenas com base nos relatos de testemunhas, visto que até hoje não foi possível conduzir estudos profundos a respeito do animal.
Golfinhos Cruzados: Características
- O golfinho cruzado é preto e branco, podendo às vezes apresentar tom cinza escuro. Por esse motivo, era conhecido por baleeiros como uma “vaca marinha”;
- As manchas brancas nas partes dianteiras e traseiras do corpo do animal são conectadas por uma fina faixa, criando uma forma que se assemelha à uma ampulheta – daí o apelido “golfinho ampulheta”;
- Eles parecem um híbrido entre um golfinho e uma baleia devido ao seu tamanho reduzido e sua coloração;
- Até hoje não houveram avistamentos suficientes de filhotes, portanto sua coloração permanece não confirmada;
- A barbatana varia consideravelmente entre os indivíduos da espécie, sendo geralmente alta e curvada. Animais mais velhos podem apresentar curvatura particularmente acentuada;
- Um animal adulto tem cerca de 1,80 metros de comprimento e pesa entre 90 e 120 quilos;
- Acredita-se que os machos são um pouco menores e mais leves do que as fêmeas, embora o pequeno número de amostras não permita uma conclusão exata;
- Como todas as espécies de golfinhos, eles usam a ecolocalização para encontrar comida e se comunicar com outros membros do seu grupo ou família;
- Uma pesquisa estimou que população total de golfinhos cruzados seja composta por mais de 140.000 animais;
- Os golfinhos cruzados são um dos cetáceos menos estudados no mundo;
- Os cientistas ainda sabem pouco sobre seu comportamento visto que, Até 2010, menos de oito golfinhos da espécie haviam sido estudados.
Golfinhos Cruzados: Como Vivem
Os animais foram avistados com mais frequência no sul da Nova Zelândia, nas ilhas Shetland do Sul e na Terra do Fogo, na Argentina. Porém, é improvável os golfinhos cruzados vivam próximos a esses locais.
Eles costumam nadar em grupos de 5 a 10 golfinhos. Um estudo da Comissão Internacional da Baleia chegou a registrar um grupo composto por 60 golfinhos da espécie. Há relatos de avistamento de grupos com até 100 indivíduos.
Os golfinhos são geralmente encontrados nas águas do sul durante o verão e nas águas do norte durante o inverno. Isso sugere uma migração sazonal seguindo as correntes de água fria.
Golfinhos cruzados se alimentam de peixes-lanterna, lulas e crustáceos. Eles têm dentes cônicos, sendo de 26 a 34 na mandíbula superior e de 27 a 35 na mandíbula inferior.
Um estudo recente mostrou que os animais produzem “cliques” que os ajudam a detectar presas a uma distância duas vezes maior do que outras espécies de golfinhos.
Pouco se sabe sobre o comportamento parental dos golfinhos cruzados. Em estudos sobre seus hábitos sociais, apenas três filhotes foram identificados em um grupo de 1.634 animais. Os pesquisadores acreditam que esse número baixo de filhotes se deve à possibilidade de os golfinhos se reproduzirem durante o inverno, quando o clima impede estudos detalhados.
Segundo uma pesquisa realizada em golfinhos cruzados fêmeas, o período de gestação nessa espécie dura de 12 a 13 meses, geralmente produzindo um único filhote de cada vez. Sabe-se também que as fêmeas dão à luz entre os meses de agosto e outubro.
Como é comum em outras espécies do gênero, os filhotes provavelmente são amamentados por 12 a 18 meses, sendo completamente desmamados depois desse período.
Sendo mamíferos marinhos de sangue quente, os golfinhos cruzados respiram ar, produzem leite materno e dão à luz, em vez de pôr e incubar ovos. Eles também preferem as águas oceânicas frias, com a temperatura variando entre 0 e 13 graus Celsius.
Golfinhos Cruzados: Curiosidades
- Embora seja tradicionalmente incluído no gênero Lagenorhynchus, análises moleculares recentes indicam que o golfinho cruzado é mais próximo do gênero Cephalorhynchus;
- A coloração única e o formato das barbatanas facilitam a identificação desses golfinhos;
- Os golfinhos cruzados não são sociáveis apenas com sua própria espécie, mas também foram vistos juntos com baleias-sei, baleias-comum, baleias-de-bico-de-Arnoux, orcas e baleias-piloto de barbatanas longas;
- Os golfinhos gostam de nadar nas ondas criadas por animais muito maiores e até foram vistos alterando sua direção para pegar as ondas de barcos e navios;
- Nadando por meio de saltos longos e baixos, de longe os golfinhos cruzados podem parecer pinguins debaixo d’água.
Golfinhos Cruzados: Por Que Há Pouca Informação Sobre Eles?
Até 1960, apesar de décadas de caça às baleias no Oceano Antártico, apenas três golfinhos da espécie haviam sido estudados. Até o ano de 2010, apenas 6 amostras completas e 14 parciais foram examinadas. Mais informações foram obtidas por meio de alguns barcos que procuravam os golfinhos em áreas raramente visitadas por navios.
A boa notícia é que, embora os golfinhos cruzados sejam muito raros, eles não são uma espécie ameaçada de extinção. Isso se deve a múltiplos fatores:
- Seu habitat são as remotas e frias águas antárticas e subantárticas;
- Eles não são caçados comercialmente;
- Eles são animais “tímidos”, portanto tendem a evitar o contato humano;
- Eles nunca foram sistematicamente explorados e raramente são capturados em redes de pesca;
- Os pesquisadores acreditam que a espécie provavelmente é predada por baleias assassinas, embora não hajam evidências documentadas confirmando isso.
Apesar dos golfinhos cruzados serem animais que despertam muita curiosidade, a falta de estudos concretos e informações definitivas sobre eles faz com que existam poucas fontes sobre o assunto.
Espera-se que no futuro eles possam ser observados e analisados com mais profundidade para que seja possível esclarecer seus hábitos e conhecer possíveis ameaças à espécie, fazendo o possível para que esses belos animais nunca corram risco de extinção.
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