A fauna brasileira é realmente muito exuberante nos vários tipos de animais que podemos encontrar na natureza. Um desses espécimes é o gato-mourisco que vive nem praticamente toda a América, e, em especial, em algumas regiões do Brasil, como em alguns lugares do Rio Grande do Sul.
Vamos conhecer um pouco mais desse fascinante animal.
Gato-Mourisco e suas Principais Características
O nome científico do gato-mourisco é Herpailurus yagouaroundi, e, a depender da região, ele tem outros nomes populares, como eirá, gato-preto, raposa-de-gato, onça-de-bode e maracajá-preto. Ao contrário de outros felídeos residentes no Brasil, inclusive (como a onça-pintada), o gato-mourisco não apresenta graves riscos de extinção (pelo menos, pelo o que se sabe).
Fisicamente, esse animal tem pernas curtas, e um corpo alongado, com cauda longa. Já, as orelhas são bem curtas e arredondadas, com um pelo que não tem manchas, e cuja coloração varia entre o cinza acastanhado e o vermelho (também acastanhado). Inclusive, indivíduos de cores diferentes podem nascer de uma mesma ninhada. Tanto na forma, quanto na coloração, os gatos-mouriscos lembram bastante os furões.
Em termos de tamanho, possui um comprimento que vai dos 53 aos 77 cm, com uma cauda variando entre 31 e 60 cm. Já, o peso pode ficar entre 3,5 e 9 kg.
Habitualmente, vive próximo a bordas de banhados, na beira de rios e lagos, e também pode ser encontrado em locais secos, com uma vegetação aberta.
Habitats (Incluindo o Rio Grande do Sul)
O gato-mourisco é um felídeo essencialmente americano. Pode ser encontrado desde as florestas do sul do Texas (nos EUA), e até em algumas partes do território argentino. Mas, a sua grande incidência se dá mesmo no Brasil.
Em nosso país, ele pode ser facilmente localizado em diversas regiões, com exceção da parte sul do Rio Grande do Sul. É justamente esse um dos fatores pelos quais ele não é tão conhecido nesse estado, popularmente falando.
Ainda assim, independente de qual estado possa ser encontrado, a caça a ele é muito menos frequente do que a doutros felídeos tipicamente brasileiros, até mesmo porque a pele do gato-mourisco não tem tanto valor comercial assim.
Recentemente, por sinal, foram localizados alguns exemplares desse animal Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, o que causou espanto, já que a espécie é relativamente rara na mata Atlântica da região.
Principais Comportamentos Conhecidos do Gato-Mourisco
Esse animal tem hábitos prioritariamente diurnos, preferindo caçar no chão, apesar de gostarem bastante de estar em cima das árvores. Em se tratando de alimentação, eles caçam qualquer animal pequeno que puderem capturar, podendo ser roedores, répteis, aves, e por aí vai. No entanto, já houve registros em que gatos-mouriscos capturaram coelhos e gambás maiores do que eles. Alguns vegetais e artrópodes completam o seu cardápio.
Em seus habitats naturais, é um felídeo que, geralmente, está sozinho, mesmo que, a princípio, pareça que ele tolere mais felinos de outras espécies perto dele. Como é comum nesse tipo de animal, o gato-mourisco demarca seu território urina e vezes, e, eventualmente, arranhões nos troncos de árvores. Como refúgio, costumam se esconder em troncos ocos, tocas, grutas, ou simplesmente no meio da vegetação local.
Com relação às suas vocalizações, a variedade de sons que emite é ampla, o que pode incluir ronronados, assobios, sons de vibração e (acredite se quiser!) até chiados de pássaros.
Características Reprodutivas
Já, quanto ao período reprodutivo do gato-mourisco, este dura o ano inteiro, com a fêmea permanecendo no cio por cerca de 5 dias. A ninhada que nasce varia entre 1 a 4 filhotes, com a gestação durando até 75 dias. A amamentação dura em torno de 1 mês, e depois disso, os pequenos gatos-mouriscos já podem comer carne tranquilamente.
A vida adulta desses animais começa quando completam 2 ou 3 anos de idade, podendo viver até 10 anos em cativeiro.
Evolução do Gato Mourisco
Em 2006, feito um estudo com o genoma de alguns felídeos, e o que se constatou foi que o ancestral não somente do gato-mourisco, mas, também de outros animais do gênero, como o puma e a jaguatirica migrou pelo Estreito de Bering, chegando à América mais ou menos por volta de 8 milhões de anos atrás.
Estudos ainda mais recentes, inclusive, indicam que o gato-mourisco tem um parentesco bem forte com a chita. Esta, por sua vez, descente do mesmo felídeo que originou o gato-mourisco, mas ela voltou a migrar para a Ásia e a África, tornando típica nesses continentes.
Mais Algumas Curiosidades com Relação ao Gato-Mourisco
O gato-mourisco é uma das menores espécies de gatos selvagens do mundo, sendo apenas duas vezes maior do que um gato doméstico, por exemplo. Em comparação ao imponente tigre, que pode ultrapassar facilmente 2,5 m de comprimento (ou até mais), ele realmente é quase um “gatinho de estimação”.
Ainda não se sabe exatamente o contingente populacional dos gatos-mouriscos ao redor do América. Isso se deve ao fato de ser um animal com um temperamento bem tímido, mas estima-se que ele não seja um felino selvagem ameaçado de extinção.
A “área residencial”, digamos assim, dos fatos-mouriscos é um pouco grande, mesmo sendo um felídeo tão pequeno. Os machos tendem a cobrir uma área que vai de 88 a 100 quilômetros quadrados. Já, as fêmeas ocupam uma área bem menor, indo dos 13 aos 22 quilômetros quadrados.
No Brasil, o gato-mourisco não sofre, necessariamente, risco de extinção, porém, nos EUA, em especial, no Texas, a situação desse felino é um pouco mais grave, principalmente devido à destruição do habitat natural desse animal naquela região. Ao longo desses últimos anos, estão havendo esforços para a reintrodução dele na natureza (algo dificultado pela falta de informações mais aprofundadas a respeito de suas necessidades e comportamentos).
Como o gato-mourisco não é caçado, nem por causa de sua pele, ou por sua carne, quando acontece dele ser pego numa armadilha de caça, é porque esta estava direcionada a outros felinos, como a onça-pintada e a jaguatirica, estes sim, ameaçados de extinção por causa da caça predatória.
Agora é esperar que possamos, ao menos, ter mais informações no futuro deste felídeo selvagem, e ter certeza se ele, em qualquer região da América, encontra-se severamente ameaçado de extinção, ou não. E, claro, torcer para que a caça predatória a todo e qualquer animal acabe.