Os Hábitos Alimentares dos Gansos
Sim, é possível aos gansos comerem mato. Isso por que essa espécie, típica de ambientes aquáticos, especialmente lagos e lagoas, possui hábitos alimentares bastante variados.
Eles podem comer flores, folhas, caules de plantas, tubérculos, pequenos moluscos, gramas, leguminosas, raízes, crustáceos, insetos, entre outras — para eles — deliciosas iguarias.
Gansos criados em pastagens, por exemplo, podem alimentar-se, adequadamente, com a gramínea que compõe esse espaço.
Essa é uma prática nada incomum, e muitas vezes incentivada com a separação de um trecho da pastagem especialmente para eles, ou mesmo para o cultivo de outras espécies impróprias para o consumo humano, mas que podem ser aproveitadas por esse tipo de animal.
O recomendando apenas é que se observe a qualidade da pastagem. Um ambiente degradado e com pouca oferta do vegetal não poderá receber a visita de mais do que 30 dessas espécies, enquanto as pastagens ricas e abundantes podem receber até 170 animais de uma só vez.
Uma das curiosidades de algumas espécies de gansos, é a sua capacidade de aceitar os mais diversos tipos de variedades, como os aspargos, capim, algodão, cebola, e, acreditem, até mesmo as ervas daninhas podem compor a sua dieta — por isso mesmo costumam ser, em alguns países, reconhecidos como uma excelente ferramenta para o controle de pragas.
Com 1 kg de pastagens por dia, juntamente com ração, milho, aveia, cevada, e demais produtos oferecidos, os gansos obtêm a quantidade diária necessária de nutrientes, incluindo proteínas, aminoácidos, lipídios e minerais .
Porque um Ganso pode Comer Mato
Talvez a razão principal por que um ganso pode alimentar-se de mato, seja o fato de que, diferentemente dos humanos, o seu organismo, como o dos anseriformes em geral, é capaz de digerir, adequadamente, a quantidade de celulose presente nesse tipo de vegetal.
Essa capacidade vem da alta performance do seu aparelho digestivo, que é capaz de “quebrar” as ligações existentes na celulose, e permitir que ela aja, em seu organismo, de forma semelhante aos carboidratos no organismo humano.
O seu mecanismo de digestão ainda é auxiliado por determinados tipos de micro-organismos, que produzem no estômago dos gansos um ambiente semelhante ao rúmen dos bovinos.
Nesse ambiente, as moléculas da celulose ingerida são quebradas, gerando substâncias derivadas necessárias ao seu desenvolvimento de um modo geral.
Guardadas as devidas diferenças, podemos comparar alguns tipos de matos, que servem como alimentos para gansos, com vegetais como o alface, por exemplo. Estes podem ser comparados ao mato, mas sem a carga de celulose, e muito menos de toxinas, que estão presentes em sua estrutura e são altamente danosas ao organismo dos humanos.
O Mato Comestível
Recentemente, um grupo de pesquisadores descobriu algo que pode ter uma importância fundamental na criação dos mais diversos tipos de animais domésticos ou para o abate.
Trata-se de uma trepadeira batizada com o nome de ora-pró-nobis, com características interessantíssimas, como: dispensar o uso de pesticidas, não exigir grandes terrenos para se desenvolver, pode servir de alimento para os humanos, é rica em nutrientes e, o melhor disso tudo, ela nada mais é do que mato!
Elas são modernamente conhecidas como “plantas alimentícias não-convencionais”. É um nome imponente para diversas variedades de matos que podem servir como comida de gansos e demais aves dessa espécie.
Uma mato que pode, por exemplo, substituir o fornecimento diário de verduras e legumes, e que cresce despretensiosamente nas mais diversas regiões do Brasil, especialmente na região Nordeste, onde as suas qualidades há muito são reconhecidas, especialmente pelas populações mais carentes.
O seu status de “planta alimentícia não-convencional” (Panc) lhe foi concedido recentemente, e para alguns produtores é a solução encontrada para, entre outras coisas, alimentar animais como os gansos, patos, marrecos, frangos, entre outras espécies, cuja característica de aceitarem facilmente os mais diversos tipos de alimentos é algo já bastante conhecido.
Os números apontam que os custos com a alimentação dos animais criados em cativeiro, por exemplo, podem chegar até aos impressionantes 70% dos custos totais. Por isso, a busca por fontes alternativas de alimentos está na “Ordem do Dia” para os agricultores de todo o mundo.
E variedades como a Pereskia aculeata Mill (nome científico da Ora-pró-nobis), com os seus altos teores de proteínas, vitaminas, ferro, entre outras substâncias, vieram bem a calhar como complemento da alimentação das mais diversas espécies de animais.
O Mato é a Novidade na Alimentação de Gansos
Rejeitados durante milênios, vistos como um transtorno por agricultores e pecuaristas, desprezados pelos indivíduos por, supostamente, não apresentarem nenhum valor calórico ou nutricional, algumas variedades de mato vem sendo consideradas gratas surpresas.
Mais que isso, elas vem sendo consideradas (e com razão) a “salvação da lavoura”, especialmente em tempos difíceis — não tão incomuns para pequenos proprietários de terras.
Elas são modernamente conhecidas como “plantas alimentícias não-convencionais” (Panc). Variedades de matos utilizadas como comida de gansos, patos, marrecos, entre outros animais do gênero anseriforme, devido à facilidade com que são cultivadas e, principalmente, por uma riqueza nutricional que as faz serem, inclusive, objeto de interesse para a alimentação humana.
Dentre as variedades especialmente cultivadas para esse fim, destacam-se a Chicória (Cichorium intybus), Bardana (Arctium lappa, Lappa major, Lappa tomentosa), Dente de leão (Taraxacum officinale), Cenoura selvagem ( Daucus carota), Funcho selvagem ( Foeniculum sylvestris), Urtiga (Urtica dioica), entre outras espécies.
Após serem separadas, higienizadas, processadas, analisadas quanto à sua toxidade, entre outros cuidados, essas variedades de matos já poderão servir como comida de gansos e de outras espécies de aves, desde que sejam observados critérios como: composição nutricional, necessidades do animal, as suas características biológicas, disponibilidade na região, entre outros fatores.
Enfim, com bastante criatividade, muitos produtores já estão beneficiando-se das propriedades dessas, como de outras variedades facilmente encontradas na natureza, e que muitas vezes crescem em abundância praticamente diante dos nossos olhos.
Essa é uma das formas de, não só reduzir custos, como de aproveitar-se de todas as possibilidades da natureza que, como uma verdadeira mãe, tem sempre algo de novo a oferecer aos seus filhos.
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