O que, afinal, teriam em comum essas duas espécies tão distantes da realidade da maioria dos seres humanos? As foca-harpas e o ursos polares são duas espécies típicas do misterioso e enigmático Círculo Polar Ártico – uma região que, de tão distante, só cabe mesmo na imaginação de homens, mulheres e crianças do restante do planeta.
As focas-harpas ou “harp seal” (em inglês), por exemplo, são espécies da família Phocidae, que geralmente medem entre 1,6 e 2m de comprimento, pesam entre 124 e 130 kg, não possuem diferenças acentuadas quanto ao tamanho dos machos e das fêmeas, além de conseguirem viver bastante tempo! – Geralmente entre os 29 e 35 anos.
O apelido de “foca-harpa” deve-se a uma grande mancha escura que os machos possuem em seu dorso, semelhante a uma harpa.
Essas espécies costumam ser encontradas no norte do Oceano Atlântico e no Círculo Polar Ártico. Quando atingem uma idade entre os 5 ou 6 anos entram na fase reprodutiva e, após 10 ou 11 meses de gestação, a fêmea dá a luz a um único filhote.
As dietas das focas-harpas e dos ursos polares também têm semelhanças. No caso das focas, as suas iguarias favoritas são peixes locais, como o salmão, bacalhau, arenque, capelin, alguns tipos de crustáceos (como os krills e camarões, por exemplo), entre outras espécies que elas caçam avidamente em profundidades de até 100m e a uma distância que dificilmente ultrapassa 50m da costa.
Já a dieta dos ursos polares não foge muito disso, porém com uma importante diferença: as focas-harpas e os ursos polares também estão unidos, digamos, pelas suas posições na Cadeia Alimentar, já que as focas-harpas costumam ser presas dos ursos polares, assim como das famigeradas Orcas, de algumas espécies de tubarões, morsas, entre outras espécies típicas dessa região.
Uma Espécie na Contramão da História
Essas focas não estão ameaçadas de extinção. Ao contrário! De acordo com o governo canadense, por exemplo, a ordem é incentivar a caça às focas-harpas (de forma sustentável), já que, no país, o número desses animais já beira os 7 milhões de indivíduos – 3 vezes a quantidade que havia há 40 anos.
Essa espécie faz parte de uma das mais singulares paisagens desse trecho do planeta, onde a sua coloração entre o branco e o dourado multiplica-se em comunidades sobre imensos icebergs, de onde elas vez ou outra saem para caçar as suas presas favoritas a uma profundidade de até 100m.
Mas, ao contrário do que deve ocorrer com as focas-de-capuz ou com as focas-cinzas (cuja caça continua sob severo controle), o número de espécies de harpas que podem ser abatidas por ano deverá subir para cerca de 330 mil (ou cerca de 20% a mais do que podia ser abatido há 10 anos).
De acordo com os representantes do governo canadense, o número de focas-harpas em trechos do leste de Newfoundland e do Golfo de San Lorenzo é tal, que seria uma injustiça privar as famílias que dependem dessa espécie para sobreviver do direito de caçá-las de forma sustentável.
Apesar dos inúmeros protestos de ativistas ambientais, o governo canadense argumenta que são cerca de 6 mil indivíduos envolvidos diretamente com o negócio da caça às focas-harpas para sobrevivência. E que, diferentemente do urso polar, elas não parecem, nem de longe, ameaçadas de extinção num futuro próximo.
O Urso Polar
Já os ursos polares, diferentemente das focar-harpas, são espécies em estado de “vulnerabilidade”, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Ele é o segundo maior representante da família Ursidae, capaz de atingir assustadores 2,5 metros de comprimento, contra os 3m dos gigantescos ursos-pardos.
Em regiões desoladas do Círculo Polar Ártico, especialmente em trechos do Canadá, Groenlândia, Alasca, Rússia, entre outras regiões, o Ursus marítimus reina absoluto, com a sua incrível habilidade para o nado (apesar de poderem atingir facilmente os 800kg), força muscular incomparável, apetite insaciável e um faro dos mais privilegiados da natureza.
Tais características fazem dos ursos polares verdadeiros flagelos para as inofensivas focas-harpas, por exemplo – que não conseguem demonstrar a menor resistência em meio aos imensos blocos de gelo que as separam da água.
Uma característica marcante dos ursos polares são as suas densas camadas de gordura sobre a pele, que funcionam com um excelente isolante térmico contra o frio, mas também para atiçar a cobiça dos terríveis caçadores de animais silvestres, incansáveis na sua missão de extinguir algumas espécies do planeta.
Uma outra característica deles, é a densa camada de pelos que formam dois níveis de pelagem capazes de torná-los completamente indiferentes a uma temperatura que pode atingir os incríveis 60°C , e que, para o homem, é simplesmente um dos ambientes mais hostis do planeta.
As Principais Características dos Ursos Polares
Tirando o fato de que os ursos polares, assim como as focas-harpas, ajudam a compor esse enigmático ecossistema do Círculo Polar Ártico – e ainda o fato de estas serem presas para aqueles, devido à sua alta concentração de gordura -, os ursos polares também possuem características bastante particulares.
Eles, por exemplo, impressionam pela capacidade de nado! Mesmo se tratando de um mamífero – e que pode pesar até assustadores 800kg -, eles atingem uma certa profundidade das águas geladas do Círculo Ártico com tal desenvoltura, que até acabaram, não por acaso, sendo descritos como Ursus maritmus – uma clara referência à uma habilidade poucas vezes encontrada em mamíferos desse porte.
Os ursos polares são espécies solitárias. Eles geralmente constituem relações poligâmicas, e entre os meses de setembro e outubro entram na sua fase de acasalamento, quando as fêmeas já estão prontas para uma gestação que dura em média 11 meses, e que dará origem a um filhote ao final desse período.
Outra curiosidade sobre os ursos polares (e que os diferencia das focas-harpas), é que eles mantêm o famoso hábito de hibernarem sempre que as suas principais presas tornam-se escassas. E, para isso, eles cavam imensas grutas ou cavernas onde permanecem esquecidos e adormecidos, em períodos que podem durar até longos 8 meses.
Por fim, nos últimos tempos, os ursos polares também têm precisado lutar pela sobrevivência com um inimigo bastante difícil de ser batido: o Progresso!
Ele colocou, definitivamente, essa espécie na famigerada lista de animais “vulneráveis”, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Agora à caça predatória juntam-se a busca por trechos do Ártico para a exploração de petróleo, a extração de gás natural, a poluição ambiental, alterações climáticas, entre outros fatores, para condenar essa espécie a um fim não tão distante.
E infelizmente, caso o ritmo de degradação dos seu habitat não seja freado a tempo, tudo indica que, de uma espécie erguida ao status de mítica e quase espiritual para alguns povos autóctones dessa região do planeta os ursos polares transformar-se-ão em mais um dos protagonistas dessa incansável luta pela preservação do planeta e pela garantia da sua existência nas melhores condições possíveis para as gerações futuras.
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