Dentre os animais selvagens que vivem no Brasil, a jaguatirica é um dos que, vez ou outra, aparecem em residências de forma “acidental”, sendo preciso chamar autoridades ambientais para poder capturar o bichinho. Pode procurar, que o que não faltam são noticiários a respeito disso.
Mas, até onde a jaguatirica está presente nas cidades do Brasil?
Vamos descobrir isso a seguir.
Características Gerais das Jaguatiricas
Bastante ameaçada de extinção, a jaguatirica, antigamente, podia ser encontrada em todo o país, cujos habitats compreendem florestas tropicais, caatinga, cerrados e pantanal. São os maiores gatos-do-mato que se tem notícia no Brasil. Da mesma forma que a onça, o peso e o tamanho da jaguatirica variam conforme o seu habitat, da mesma forma que o tipo e a quantidade de alimento disponível influencia nessa questão também.
Inclusive, a alimentação desses animais é à base de filhotes de veados, pacas, cutias, preás, e pequenas aves também. Porém, na falta desse “cardápio”, a jaguatirica pode comer lagartos, pequenas serpentes, rãs e peixes. Esses felinos caçam tanto à noite, quanto de dia, e costumam dormir em ocos de árvores e grutas.
Uma jaguatirica adulta mede em torno de 90 cm de comprimento (incluindo a cauda, dá mais ou menos 1,35 m de tamanho). Já o peso gira em torno de 7 kg a 16 kg. Na natureza, esse animal consegue viver até os 10 anos, mas, em cativeiro, a sua expectativa de vida passa a ser em torno de 20 anos.
Em geral, esse felino possui hábitos solitários, mas também pode ser visto andando em pares de vez quando, seja caçando ou viajando. A maior parte dos hábitos da jaguatirica é noturna, e de dia, refugia-se nas áreas mais fechadas das matas onde vive, seja no chão, seja nas árvores.
Além disso, as jaguatiricas possuem habilidades muito boas para escalar árvores e nadar, o que facilita na hora da alimentação, mesmo em momentos em que a comida esteja escassa.
A gestação das jaguatiricas pode durar de 70 a 85 dias, geralmente, nascendo um único filhote. O desmame ocorre com cerca de 10 semanas de vida e o crescimento é bem lento.
A Urbanização e a Adaptação às Cidades
Cientistas já reconhecem que é um fenômeno mundial o fato de animais silvestres fugirem de seus habitats naturais para invadirem as grandes cidades, e isso inclui a jaguatirica, evidentemente. E, não é pra menos, afinal, a população de pessoas ao redor do mundo só faz crescer, já tendo ultrapassado a marca dos 7,5 bilhões de indivíduos, com 54% deles vivendo em centros urbanos.
Enquanto que alguns animais silvestres (especialmente, aves) acabam se adaptando ao meio urbano como forma de sobrevivência, outros (até mesmo, pelo porte) acabam virando uma espécie de transtorno para a população. É o caso da jaguatirica, que escapando do desmatamento e da caça predatória, refugia-se em centros urbanos, e, cada vez mais, temos visto nos noticiários casos de algum desses animais sendo capturados em residências.
Assim como a jaguatirica, muitos animais de porte igual (ou até maiores) passaram, nos últimos anos, a viverem em subúrbios, bem próximo do que restou de suas matas nativas. E, quanto mais o tempo passa, mais esses animais são atraídos para as regiões centrais das cidades grandes, especialmente, em busca de restos de comida.
Devido à crise ecológica, onde uma das características é a destruição gradativa dos habitats de vários animais silvestres, esses seres vêm encontrando nos centros urbanos algum tipo de refúgio, mesmo que, na prática, esses lugares sejam perigosos. O que não faltam são registros e notícias, por exemplo, dando conta do atropelamento de jaguatiricas em diversas estradas por aí.
E, isso tudo sem contar que essa questão da “invasão” às cidades por animais selvagens (como as jaguatiricas) pode ser perigoso para nós, seres humanos, visto que muitos desses bichos podem, através do instinto de sobrevivência, atacar as pessoas.
Riscos à Sobrevivência da Jaguatirica
O perigo de extinção que a jaguatirica sofre é devido ao alto valor comercial de sua pele. Além disso, o animal sofre com a captura e a venda ilegal desses bichos. Inclusive, há a cultura de certos países em tratá-lo como animal exótico de estimação, o que alimenta ainda mais o mercado clandestino. Por ser um felino de pequeno porte, muitos zoológicos (principalmente os clandestinos) encontravam certa facilidade em mantê-los em cativeiro.
E, especialmente em áreas que sofreram com a depredação do homem, muitas das presas naturais da jaguatirica foram extinguidas de determinados lugares, o que fez com que esse animal passasse a “invadir” centros urbanos para caçar animais domésticos. Com isso, para defenderem suas criações, muitos fazendeiros promoviam a caça indiscriminada à jaguatirica.
No Brasil, no entanto, a caça é proibida, apesar dessa prática ainda ser muito comum. Estima-se que, entre as décadas de 60 e 70 cerca de 200 mil jaguatiricas morreram no país em decorrência do comércio ilegal de peles.
É bom ressaltar ainda que, mesmo havendo uma possibilidade ínfima de domesticar a jaguatirica, ela continua sendo um animal selvagem, e, por isso, precisa estar em seus habitats naturais, independente da facilidade ou não de domesticação desse animal. Claro, você ainda pode conseguir uma autorização do IBAMA para criar esse animal em casa, mas, lembre-se que é sempre melhor que eles fiquem soltos na natureza.
Não Confunda o Gato-Maracajá com a Jaguatirica
É inevitável que certos animais selvagens se pareçam, especialmente, se eles pertencerem a uma mesma família. Muitas pessoas, por exemplo, confundem o gato-maracajá com a jaguatirica, sendo que são dois felinos distintos.
Assim como a jaguatirica, o gato-maracajá é um gato selvagem que vive nas Américas Central e do Sul. Em relação à sua parenta próxima, esse gato possui um tamanho um pouco menor, chegando a 76 cm de comprimento, e pesando cerca de 4 kg. Além disso, seus olhos são maiores e as pernas e a cauda são mais compridas do que as da jaguatirica.
A pele dos gatos-maracajás é marrom, sendo marcada por numerosas fileiras de rosetas que ora são marrons, ora são pretas. As suas causas possuem numerosas faixas escuras e uma ponta de cor preta.
Por fim, podemos dizer que as semelhanças com as jaguatiricas estão somente no fato desses felinos serem animais noturnos e ótimos escaladores de árvores.