O sistema de excreção dos diplópodes tem como uma das principais funções eliminar o ácido úrico, que é o resultado da modificação da amônia em seus organismos.
Essa espécie, também conhecida como gongolo, piolho-de-cobra, embuá, entre outras denominações, compartilha com os quilópodes (as lacraias) a honra de figurar entre algumas das espécies mais repugnantes e assustadora da natureza.
Assim como elas, os diplópodes apreciam os ambientes escuros, úmidos, frios e asquerosos, onde possam encontrar detritos, materiais orgânicos, larvas, entre outras iguarias capazes de satisfazer um apetite extremamente voraz.
Eles possuem o corpo em forma de cilindro, alongado, segmentado, costumam enrolar-se quando ameaçados, além de possuírem mais de 700 patas – bem menos do que as 1000 que costumamos lhes atribuir.
Calcula-se que haja em torno de 12.000 espécies de diplópodes dentro de uma comunidade com cerca de 140 famílias – o que a torna a mais abrangente dentro do subfilo miriápodes, ganhando, inclusive, da não menos gigantesca classe dos quilópodes.
Ainda com relação às suas características físicas, sabemos que os diplópodes, além de um sistema de excreção bastante característico, possuem ainda o que se chama de “diplosegmentos”, que são divisões da sua estrutura corporal, na forma de um exoesqueleto endurecido e à base de carbono e cálcio, com dois pares de patas em cada um desses segmentos.
Quanto à função do sistema de excreção dos diplópodes – assim como em qualquer ser vivo –, a principal delas é a eliminação de impurezas ou resíduos inaproveitáveis ou prejudiciais aos seus organismos, frutos do metabolismo celular interno, que acaba produzindo sais, ácido úrico, amônia, entre outras substâncias que não podem ser utilizadas.
O Sistema E
Os diplópodes são típicos animais predadores. Por meio de garras flexíveis (e algumas delas venenosas) eles aprisionam as suas vítimas – na maioria, lesmas, larvas, minhocas, caracóis, folhas e vegetais em decomposição, entre outras espécies que possuam uma estrutura menos complexa.
O próximo passo será a introdução de uma poderosa toxina (ao menos para esse tipo de presa), que a torna completamente imóvel e em condições de ser estraçalhada e digerida lentamente.
A partir daí, o alimento deverá percorrer um tubo digestivo simples, composto por quatro glândulas salivares, até que atinja os “túbulos de Malpighi”.
Estes túbulos consistem em um mecanismo capaz de separar as substâncias contidas nos fluidos corporais dos diplópodes, como a amônia (já na forma de ácido úrico), que será eliminada por um orifício que faz as vezes de ânus nesse tipo de animal.
O curioso entre os diplópodes é o fato de que, também neles, a natureza age com uma sabedoria de certa forma comovente!
Ela sabe, por exemplo, que a amônia é uma das substâncias mais tóxicas da natureza. Por isso, no interior dessas espécies, ela é transformada em ureia (ou ácido úrico), que não tem a mesma toxidade, e por isso pode ser reservada e só depois eliminada – sem o risco de uma constante eliminação de substâncias importantes juntamente com ela.
O sistema de excreção dos diplópodes é mesmo um dos mais simples da natureza! Pois caracteriza-se, basicamente, pela eliminação de ureia, na forma de uma pasta com uma coloração meio esbranquiçada, compacta e condensada; e ainda sem que os animais precisem eliminar grandes quantidades de água durante o processo.
Os Túbulos de Malpighi
A natureza é realmente perfeita! E dentre as inúmeras maneiras que ela encontrou para exibir essa sua perfeição, uma delas é o sistema excretor de espécies como os diplópodes.
Neles, assim como nas demais espécies, o objetivo desse sistema é eliminar o resultado do metabolismo interno do organismo, que produz uma quantidade razoável de resíduos e impurezas denominados de “excretas”, que podem tornar-se tóxicos e prejudiciais para os indivíduos.
Em alguns invertebrados, como os miriápodes, por exemplo, esse sistema excretor é quase todo ele representado por uma estrutura que recebe o nome de “Túbulos de Malpighi”.
Os Túbulos de Malpighi, como o próprio nome diz, são estruturas cilíndricas (em quantidade variável) e compridas, que ficam posicionadas no final do aparelho digestivo dos diplópodes, estrategicamente ligadas ao tubo digestivo e ao intestino.
O hemocélio recebe uma parte da estrutura do túbulo (uma das suas extremidades), por onde as substâncias passarão por um processo de separação dos seus constituintes.
Esses túbulos não são, exatamente, estruturas desenvolvidas para fazerem o papel de filtros (como no caso dos rins, cujos néfrons realizam essa função); na verdade eles são formados por células que recebem o tráfego de potássio, sódio, ureia, amônia, entre outras substâncias inaproveitáveis.
A água também circula por esses túbulos, e, juntamente com tais substâncias, segue em direção ao intestino – que possui uma musculatura suficiente para fazer com que tais sustâncias (a partir de um movimento semelhante aos “peristálticos) sejam transportadas por essa região.
Na verdade o que acontece é que, devido às suas características, a ureia (ou ácido úrico) acaba incorporando-se, no intestino, às demais substâncias inaproveitáveis pelo organismo dos diplópodes. Substâncias que serão devidamente descartadas pelo ânus do animal, na forma de uma pasta esbranquiçada e consistente.
A Importância da Digestão e Excreção dos Diplópodes
O sistema excretor dos diplópodes tem como uma das suas principais funções, regular os seus metabolismos internos (homeostase) e garantir a sobrevivência e preservação da espécie.
No entanto, do ponto de vista da sua inserção na natureza, esse animais são responsáveis, por exemplo, por consumirem os resíduos e restos de plantas, pequenos invertebrados e vegetais, o que resulta numa espécie de restauração orgânica, em que tais resíduos transformam-se em húmus ou adubos com a nobre função de nutrir o solo.
Além disso, a excreção desses animais garante as quantidades necessárias de ureia exigidas pelos vegetais. Expelidas por centenas, milhares ou milhões deles, essas fezes ainda acabam contribuindo como um excelente composto fertilizante, por serem capazes de suprir adequadamente as plantas com quantidades suficientes de nitrogênio.
Apesar de serem, em alguns países, consideradas verdadeiras pragas naturais, quando se trata da sua interação com os seres vivos, elas podem tranquilamente enquadrar-se na categoria dos animais inofensivos.
Pois elas não possuem o hábito de morder, picar, não eliminam substâncias significativamente tóxicas e nem mesmo podem ser consideradas disseminadoras de doenças.
No entanto, apesar de tais características, esses animaizinhos não costumam receber, digamos, a admiração dos indivíduos, pois, à primeira vista, o que eles causam mesmo é uma verdadeira repugnância; terríveis sensações de arrepio; como poucas espécies na natureza são capazes de provocar.
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