Um dos animais marinhos mais curiosos que existem é, sem dúvida, a estrela do mar. Encontrada com frequência em regiões costeiras de várias partes do mundo, tem muitas espécies que merecem destaque. Porém, muitos confundem esse animal com a chamada bolacha do mar, achando se trata de uma estrela do mar “arredondada”.
Mas, vamos esclarecer melhor isso a seguir.
Confusão Entre a Bolacha Do Mar E a Estrela Do Mar
É até compreensível achar que a bolacha do mar seja uma estrela do mar em formato de círculo. Afinal, ambos os animais são parentes bem próximos. Só que, enquanto a estrela do mar pertence à classe Asteroidea, a bolacha do mar faz parte da ordem Clypeasteroida. É nela que temos equinodermos escavadores, no qual o primeiro registro foi encontrado há mais de 50 milhões de anos atrás.
Os membros dessa ordem de equinodermos possuem um esqueleto bem rígido, chamado de testa. Esse esqueleto é constituído, basicamente, por placas de carbonato de cálcio, e que ficam dispostas em um padrão radial. A testa, em exemplares vivos de bolachas do mar, possui uma espécie de pele espinhosa, e de textura aveludada. Os espinhos, por sua vez, são cobertos por cílios bastante pequenos.
É justamente o movimento coordenado desses espinhos que permite a locomoção do animal no fundo dos mares. De acordo com as espécies, por sinal, a coloração da sua pele espinhosa pode mudar, indo do verde e o azul, ao violeta e púrpura.
Inclusive, muitos esqueletos desses animais aparecem nas praias com certa frequência. Por estarem desprovidos de pele e esbranquiçados pela luz do sol, dá pra ver, nitidamente, a simetria radial do bicho. É também característica dos seus esqueletos, a presença de cinco pares de fileiras de poros, criando assim um padrão no meio do corpo do animal.
Outras Peculiaridades Sobre Os Aspectos Físicos Do Clypeasteroida
Nas espécies pertencentes a essa ordem, a boca fica localizada na parte inferior do corpo, ou seja, virada para baixo. E, ao contrário dos ouriços do mar (também parentes próximos das bolachas do mar), o corpo do Clypeasteroida possui uma simetria bilateral secundária, dividindo a parte superior da inferior.
E, também o ânus desse animal fica na parte posterior do seu corpo, e mais uma vez ao contrário da maioria dos ouriços do mar, que têm esse órgão na parte superior de suas estruturas. São características como essas que mostram o grau de evolução entre animais semelhantes do fundo do mar, e que trilharam caminhos distintos, por assim dizer.
Habitat Em Que Vivem
Em geral, os habitats desses animais são as regiões arenosas ou mesmo de lodos. Começam a se distribuir a partir da área abaixo da maré baixa. É então que podem ir até dezenas e dezenas de metros até o fundo dos mares. Certas espécies de Clypeasteroida, por sinal, chegam a profundidades consideráveis.
São justamente os minúsculos espinhos na parte inferior do corpo que permitem a esses animais que eles escavem e rastejem através dos sedimentos encontrados na água. Ainda existem cílios bem finos, cuja função está mais para o campo sensorial, digamos assim, e que são semelhantes a cabelos.
No fundo dos mares, espécies inteiras desses animais são facilmente encontradas juntas. Isso se deve ao fato do Clypeasteroida sempre procurar por uma superfície de sedimentos que seja mole, e, por isso mesmo, fácil de escavar. São ligares também muito convenientes para o crescimentos dos indivíduos e para uma reprodução mais tranquila.
Como É O Ciclo De Vida Do Clypeasteroida?
Nesse animal, os sexos são separados e os gametas são liberados diretamente na água para uma fertilização externa. As larvas passam por inúmeras metamorfoses até que o esqueleto comece a se formar. É quando se juntas a outros organismos embaixo dos sedimentos, até chegar o momento em que se transformarão em equinodermos adultos.
Interessante observar ainda que algumas larvas apresentam um processo semelhante à clonagem. Esse é, na verdade, um mecanismo de autodefesa, mais prioritariamente, onde o alimento é mais abundante ou as condições de temperaturas estejam as mais ideais possíveis. Há cientistas, ainda, que consideram esse mecanismo de clonagem uma forma de aproveitar tecidos pedidos nas metamorfoses.
Claro, também foi detectado esse processo de clonagem quando as larvas estão diante de predadores. Elas sentem a presença de inimigos através do muco dos peixes predadores dissolvido na água. É quando as larvas, ao sentirem essa presença, clonam-se, ao mesmo tempo em que reduzem seu tamanho pela metade (até porque larvas menores têm mais chances de escapar).
Por sinal, não se conhece muitos predadores naturais do Clypeasteroida em fase adulta. Ocasionalmente, peixes da espécie Zoarces americanus e estrelas do mar da espécie Pycnopodia helianthoides se alimentam das bolachas do mar.
Curiosidades Sobre O Nome Popular E Outros Fatos Interessantes
A designação mais comum pela qual se conhece esse animal é por bolacha do mar, assim como a sua “versão espanhola”, que é galleta de mar. Essas designações vêm das áreas costeiras da América do Sul e de certos países europeus, onde o esqueleto desses animais aparece nas praias, e depois de esbranquiçados, ficam parecendo realmente biscoitos.
Já a versão da língua inglesa, sand dollar, deve-se ao fato da aparência do esqueleto do Clypeasteroida também se parecer com uma moeda de dólar. Interessante que outras designações de língua inglesa se aproximam mais da versão em português para se referir a esse animal, como sand cake e cake urchin.
Por sua vez, na África do Sul, esses animais recebem o nome de pansy shells, ou simplesmente conchas do amor perfeito, já que os seus esqueletos sugerem um formato de uma flor de 5 pétalas de amor-perfeito.
E, o aspecto pouco usual de seus corpos fez com que o Clypeasteroida fosse protagonista de muitas lendas. Uma delas dizia que os seus esqueletos circulares, na verdade, eram moedas perdidas por sereias, ou mesmo provenientes de algum povo perdido da Atlântida.
Até os missionários cristãos viam nesses animais alguma espécie de simbolismo religioso, muito em função de seu padrão radial de 5 pétalas.
Agora, uma coisa é certa: você não confundirá mais o Clypeasteroida com uma estrela do mar.