A Dominância dos Invertebrados
A biodiversidade dos invertebrados é, sabiamente, muito maior que o número de espécies de vertebrados.
Esses valores são determinados pelas características biológicas dos primeiros, aliado a uma respectiva capacidade de adaptação em paisagens com diferentes aspectos climáticos, geográficos e ecológicos.
As estimativas atuais chegam a valores aproximados há mais de 32 espécies de invertebrados para cada espécie vertebrado no planeta Terra, de acordo com as classificações taxonômicas envolvendo os representantes do reino dos Metazoários.
O porquê dessa elevada quantidade de espécies biológicas dentro do grupo dos invertebrados está associado as suas morfologias e fisiologias (considere que este número pode ser muito maior, já que existe ainda uma grande fatia de animais não identificados pelos zoologistas e taxonomistas; ou menor, consequência das constantes reduções de área naturais do nosso planeta pela fronteira económica).
Assim, as características biológicas destas espécies proporcionam elevada adaptabilidade, em especial na zona tropical, como as florestas úmidas, onde o elevado grau de temperatura e umidade do ar proporcionou possibilidades plena para procriação: ao mesmo tempo que não limita o desenvolvimento por baixas temperaturas (fator limitante para adaptabilidade), também proporciona um maior número de refúgios, assim como fontes de alimentos, e outras condições e recursos necessários para um animal colonizar um determinado ambiente.
Ainda dentro dos invertebrados, as divisões entre subgrupos taxonômicos podem levar a uma complexa arvore da vida, com seus galhos e clados mudando sua configuração (e parâmetro de comparação à grupos externos), isso ancorado de acordo as diferentes escolas sistemáticas e metodologias de classificação dos seres vivos (sempre em constante mudança, considerando ainda as diferentes ferramentas utilizadas para tal: desde a morfologia clássica à filogenética molecular).
Por assim, para este artigo, foi considerado o sistema de classificação utilizado por Brusca & Brusca, 2007 (Invertebrados, 2°Edição), onde separa os Artrópodes em cinco subfilos distintos.
Os Artrópodes: Otimizando a Locomoção e Dispersão Geográfica
Uma das dificuldades presente nos grupos dos animais observada pelos cientistas evolucionistas (assim como qualquer pessoa de outra área que pare e pense a respeito) é que, como estes organismos não conseguem produzir seu próprio alimento, é necessário compensar tal limitação em estruturas e funções que os permite alcançar alguma fonte alimentar disponível no ambiente: seja de plantas ou bactérias que produzem sua própria matéria orgânica pela fotossíntese; seja ainda outros animais invertebrados e micro-organismos de vida livre.
Se, conforme os últimos estudos e hipóteses desenvolvidas, a vida teve origem na água, sendo esta a porta para o ambiente terrestre, o grupo de animais que obter estrutura locomotora melhor desenvolvida terá uma maior vantagem (mais probabilidade) de conquistar o meio, ocupando os nichos ecológicos e consumindo os recursos disponíveis no local.
Agora pense em um cenário de uma Terra primitiva, época quando surgiram os primeiros Artrópodes.
Conforme a história evolutiva, os Artrópodes se estabeleceram em um mundo repleto antes de vermes rastejantes e outros organismos de corpo mole, estes que não apresentavam exoesqueleto de queratina, assim como também não apresentavam apêndices articulados para sua locomoção: basicamente um bando de proto-planárias rastejantes em pântanos primitivos, todos bem parados, ainda dependendo de ambiente aquáticos para se alimentarem, e algumas vezes se reproduzirem.
Claro, além dos vermes, também existia alguns outros representantes ancestrais do reino das plantas, assim como protozoários e demais micro-organismos bacterianos – um ambiente bem propício esperando para ser ocupado por algumas “novas” espécies.
Os Artrópodes se adaptaram tão bem ao ecossistema tropical do nosso planeta que um dos representantes deles, a classe dos insetos, configuram mais que 50% das espécies identificadas de todos os seres vivos presentes por aqui.
Divisões dos Artrópodes
Atualmente, os Artrópodes (arthro=articulação, em grego) são classificados morfologicamente por apresentarem um eficiente exoesqueleto rígido, composto por quitina (um polissacarídeo), tendo importantes funções corporais para os respectivos organismos, como auxílio na manutenção hídrica, e proteção contra predadores como também contra distúrbios mecânicos ou físicos.
Além do exoesqueleto, os Arthópodes também apresentam um eficiente sistema respiratórios (traqueias e ductos levam oxigênio diretamente ao tecido), e comportam alguns órgãos sensoriais bem desenvolvidos quando comparado aos vermes (o que faz com que o reconhecimento do terreno seja mais eficiente).
Artrópodes são divididos, considerando o sistema adotado por Brusca & Brusca (2007), em: Trilobitas (atualmente extintos, só registros fósseis); Cheliceratas (compreendendo as aranhas e os escorpiões); Crustáceos (lagostas, camarões, siris e grandes representantes de organismos marinhos, como também alguns de água doce); Hexápodes (os já citados insetos); e, por fim, os Miriápodes.
Os Miriápodes: Muitos Apêndices Articulados, Muitas Pernas Para Locomoção
Este grupo abrange importantes Artrópodes terrestres cujo o corpo é seguimentado em duas partes: cabeça e tronco, este último é longo e também subdividido morfologicamente em “anéis rígidos”, cada um com respectivo parde apêndices articulados (pernas).
Também como os outros representantes dos Artrópodes, os Miriápodes apresentam alguns pares de apêndices articulados cefálicos, ou seja, na região da cabeça: antena, mandíbulas e dois pares de maxilas.
Seus sistemas fisiológicos (respiratório, excretor, neural, circulatório, etc) também se distribuí ao longo do tronco em nódulos interligados, conforme respectiva morfologia.
Há quatro classes divididas dentro do grupo dos Miriápodes, podendo citar as duas principais: os Diplópodes (piolhos de cobra) e os Quilópodes (as lacraias).
Lacraias, e Seu Papel Ecológico
Também conhecida como centopeias, as lacraias são bem comuns de serem encontradas em jardins e quintais, sempre associada à comunidade biológica composta geralmente por formigas, baratas e outros Artrópodes, podendo se tornar fonte alimentar para estes bichos de muitas patas.
Consideradas carnívoras, elas representam importante predador para diferentes espécies de invertebrados, e até vertebrados, como anfíbios e fetos de pequenos roedores.
Por apresentar glândulas de veneno, componente utilizado para predação e defesa, as lacraias podem significar alguma precaução para sistemas de vigilância entomológica e saúde pública quando presentes em grande quantidade e em desequilíbrio, entretanto normalmente esses animais não representam uma ameaça como outros peçonhentos.
Dentre as diferentes espécies agrupadas aos Quilópodes, muitas delas restritas à uma localização geográfica, pode-se citar:
– Scolopendra subspinipes: centopeia mais comum de ser encontrada, devido sua distribuição cosmopolita, sempre associadas aos aglomerados humanos;
– Lithobius forficatus: também bastante comum, conhecida como centopeia marrom, encontrada corriqueiramente em entulhos e pedras de jardins nas grandes cidades;
– Scolopendra polymorpha :encontrada na região da América do Norte, apresenta apêndices cefálicos bem desenvolvidos, podendo se alimentar de alguns tipos de vertebrados;
– Scolopendra gigantea: também conhecida como centopeia gigante, o seu tamanho pode assustar, chegando a mais de 40 cm.
As lacraias são importantes animais representantes dos Artrópodes, presentes nas comunidades biológica das zonas tropicais e temperadas, compondo assim um papel fundamental para o equilíbrio natural.
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