Alguns Desenhos Simples em Cavernas
Desde os primórdios da civilização humana, quando começamos a “transmissão de informação”, ou seja, os desenhos de caçadas que nossos ancestrais faziam nas paredes de cavernas e em grandes pedras, já existia uma direção em querer classificar os componentes do ambiente em nossa volta.
Se vermos muitos destes desenhos primordiais, veremos que não apenas seres humanos com suas ferramentas de caça estão representados, mas também muitos animais são encontrados nessas ilustrações, geralmente quadrúpedes que viviam em bandos, com chifres (considerando as savanas africanas como o cenário destas pinturas, podemos concluir que seja alguma espécie ancestral do gnu).
Tais representações já eram um esboço do que o ser humano conseguiria fazer ao longo de sua história natural: identificar, classificar, categorizar os seres vivos, conforme seus aspectos biológicos e morfológicos (assim como ecológicos, genéticos, comportamentais, etc).
Da Filosofia Grega à Revolução Microbiológica no século XIX
Pode-se dizer que Aristóteles foi o primeiro a construir um sistema de classificação para as espécies biológicas.
O pai da filosofia grega pensava sobre tudo (como exigia a sua profissão de filósofo), e assim alcançou também tipos categóricos para agrupar animais e plantas conforme suas respectivas morfologias, tendo assim por base uma perspectiva fisionómica: um cachorro compartilhava características mais próximas à um lobo do que um gato, assim como plantas frutíferas (as angiospermas) se assimilava fisionomicamente mais entre si do que as plantas que não davam frutos tão bem desenvolvidos (gimnospermas).
Da filosofia grega podemos dar um grande salto à Suécia do século XVIII, quando o Iluminismo (uma das escolas originadas do Renascentismo, este iniciado no século XIV) vencia gradativamente alguns fundamentalismos religiosos, delineando assim pesquisas mais sólidas, não apenas no campo da biologia, mas da física, química e humanas.
Neste contexto que surgi o sistema de classificação dos seres vivos que até hoje é utilizado, designado pelo médico, botânico e zoologista Carolus Linnaus (ou para nós: Carlos Lineu, ou simplesmente Lineu): com a publicação do Systema Naturae, ele estabelece o nome científico das espécies biológicas utilizando dois vocábulos em latim, o primeiro correspondendo ao gênero que agrupa a espécie, construindo uma classificação hierárquica, dando uma indireta à um possível ancestral comum a todos os bichos, como se tivesse antevendo a teoria que Darwin publicaria um século depois.
Assim o método de classificação das espécies estruturada binominalmente por Linnaus foi melhor expandida à níveis hierárquicos maiores que a espécie e gênero biológico, conforme esta ciência foi se desenvolvimento – família, ordem, classe, filo e reino – tendo naturalista e zoologista francês Georges Cuvier um dos grandes representantes deste avanço, durante o século XIX.
Também no século XIX, da Alemanha, vem um dos mais importantes naturalistas e taxonomistas e desenvolvedores do atual sistema de classificação dos seres vivos: Ernst Haeckel, um ferrenho defensor da Teoria da Seleção Natural de Charles Darwin (ambos também partilhavam o gosto pelo trabalho e coleta de campo), inseriu um reino biológico novo na classificação, os Protistas, antes limitada apenas nos reinos dos animais e dos vegetais (isso devido ao início da Revolução Microbiológica, ancorada pelo avanço tecnológico que proporcionou o uso de lentes como ferramentas de identificação, o surgimento do microscópio e a identificação dos microuniverso).
O Século XX e o Atual Sistema de Classificação dos Seres Vivos
Com todos os avanços científicos proporcionado pela Revolução Industrial, o século XX – apesar de todas as guerras e emergências de sistemas políticos totalitários – foi marcado pelos grandes avanços científicos nos sistemas de classificação dos seres vivios.
Primeiro cita-se a introdução de um quarto reino, o das bactérias: proposto por Hackel, este reino foi definitivamente inserido no sistema de classificação em 1925 pelo biólogo francês Édouard Chatton.
Logo após, com trabalhos publicados principalmente nos 1960, o último grande taxonomista que definiu o atual sistema como conhecemos hoje: o botânico e ecologista norte-americano Robert Whittaker, cujo além de implantar o quinto reino, o dos fungos, também nos trouxe a metodologia mais completa para se considerar e agrupar os seres vivos, abordando toda uma gama de aspectos estruturais e anatômicos, célulares, moleculares, funcionais, fisiológicos e comportamentais, assim como a interação do organismo em seu meio (ecologia).
Cita-se também o microbiologista norte-americano Carl Woese, cujo as publicações nos anos 1970 constitui um novo nível hierárquico acima dos reinos: os domínios, este subididivo em três: as bactérias primordiais (Archaea), as bactérias mais recentes (Bacteria) e os eucariotos, ou seja: protozoário, fungos, vegetais e animais (Eukaria).
Classificações dos Invertebrados: O Verdadeiro Desafio
Espécies de invertebrados são sempre um desafio a serem estudadas, pois para identificar caracteres morfológicos se demanda uma nobre e persistente atividade de observas pequenos detalhes com toda a atenção erudita.
Dentro do subfilo dos Artrópodes, isso pode ser ainda mais desafiador, já que esse grupo compõe mais de 50% de todas as espécies identificadas, consequentemente possuindo a maior quantidade de espécie crípticas (aquelas que parecem ser a mesma espécie, mas não são), cujo uma pequena diferença entre um caractere pode comprometer o diagnóstico do taxonomista.
Os Artrópodes são agrupados por apresentarem apêndices articulados (artro= articulação; podos= patas), além de possuírem exoesqueleto de quitina, o que os faz resistentes a desidratação (“vantagem” evolutiva que não verificamos em filos mais primitivos, como os anelídeos e os vermes (platelmintos).
São, usualmente, divididos em cinco classes taxonômicas: crustáceos, aracnídeos, quilópodes, diplópodes e insetos, tendo a disposição dos apêndices articulados um dos caracteres definidores de qual classe o artrópode pertence.
Escorpiões: Aracnídeos Particulares
Este grupo de aracnídeos possuem – assim igual aos outros animais representantes desta classe, como as aranhas, os carrapatos e os ácaros – o corpo dividido em cefalotórax e abdômen, tendo o apêndice articulado na região anterior modificado em quelíceras, aumentando a eficiência de seu aparelho mastigatório.
A grande particularidade dos escorpiões são seus pares de patas dianteiros, que em forma de tesoura, fornecem ainda mais o senso de predação deste animal carnívoro, auxiliando também a dilaceração da presa a partir deste apêndice articulado.
Para completar, a região terminal é categorizada por ferrão em forma de pinça, que inocula um veneno com atividade neuro-toxicante, o que o torna uma espécie de importância sanitária e epidemiológica.
Os escorpiões se agrupam em cerca de 2.000 diferentes espécies, com distribuição cosmopolita, todavia existir espécies autóctones em todos os continentes do globo (como um bom representante dos Artrópodes).
No Brasil, são identificadas 4 famílias: Buthidae, Bothriuridae, Chactidae e Ischnuridae; sendo a primeira a que agrupa o maior número de representantes (800 espécies), agrupando também aquelas de maior importância sanitária, como àqueles pertencentes ao gênero Tytus, como o Tityus serrulatus (o escorpião-amarelo); o Tityus stigmurus (escorpião-do-nordeste); e o Tityus bahiensis (escorpião-preto).