O título desse texto é um pouco intrigante para algumas pessoas, pois quando pensamos em elefantes vem logo a imagem de animais imensos que pesam toneladas. Mas há muitos anos era possível encontrar elefantes menores do que um ser humano. A maioria dos elefantes anões que se tem conhecimento pertencia ao gênero chamado Palaeoloxodon, extinto há cerca de 30 mil anos. As espécies de elefantes anões extintos são: Palaeoloxodon chaniensis, P. cypriotes, P. falconeri, P. mnaidriensis, P. naumanni e Stegodon pigmeu (único elefante pequeno que não pertence ao gênero Palaeoloxodon).
Espécie Palaeoloxodon Chaniensis
Pouco se sabe sobre está espécie. As informações que se tem sobre ela é que já está extinta, como todas as outras do gênero, e que era conhecida como elefante pigmeu de peito reto. Sua descrição foi baseada em restos limitados encontrados em Stylos e na caverna Vamos, em Chania, oeste de Creta.
Espécie Palaeoloxodon Cypriotes
O elefante anão de Chipre, como era comumente chamado o Palaeoloxodon cypriotes, habitou na ilha de Chipre durante o Pleistoceno até cerca de 11.000 anos a.C. Os fósseis compreendem 44 molares, encontrados no norte da ilha, sete molares descobertos no sudeste, um único fêmur e uma única presa entre fragmentos adicionais muito esparsos de ossos e presas. Analisando os molares acredita-se que eles derivam do elefante de presas retas (Palaeoloxodon antiquus), que habitou a Europa desde 780.000 anos atrás e que chegou à ilha durante um pico glacial do Pleistoceno, quando os baixos níveis do mar abriram corredores terrestres entre Chipre e Ásia Menor.
Os cipriotas (como são chamados os elefantes anões de Chipre) totalmente desenvolvidos não pesavam mais de 200 kg e tinham uma altura máxima de 1,40 m. Não se sabe se a extinção da espécie está relacionada com a chegada dos humanos na ilha. Isso tem sido um tema controverso na última década. Muitos pesquisadores acreditam que a maioria dos elefantes já tinham morrido durante a colonização das ilhas do Mediterrâneo. Essa teoria é fortalecida, pois depois de muitos anos os primeiros colonizadores gregos incorporaram o elefante anão à sua mitologia, chamando-o de Ciclopes (monstros de um olho só). Isso ocorre porque o crânio do elefante mostra um único grande buraco na testa que se assemelha a uma órbita ocular. Entende-se que se os humanos tivessem habitado com os elefantes, eles não criariam essa crença, pois teriam conhecimento do formato do crânio do animal.
Os achados de esqueletos inteiros ou parciais deste elefante são muito raros. A primeira descoberta registrada foi feita por Dorothea Bate em uma caverna nas colinas de Kyrenia, em Chipre (1902) descrita em um artigo para a Royal Society (1903) e em um artigo posterior para Philosophical Transactions da Royal Society of London em 1905.
Espécie Palaeoloxodon Falconeri
A espécie Palaeoloxodon falconeri, popularmente conhecida como Elefante-anão-do-Mediterrâneo, derivou do elefante de presas retas. Foram registrados espécimes masculinos adultos medindo 96,5 cm na altura do ombro, pesando cerca de 305 kg, e amostras femininas adultas medindo 80 cm na altura do ombro e pesando cerca de 168 kg. Os ancestrais de P. falconeri provavelmente chegaram às ilhas do Mediterrâneo durante o período do Pleistoceno máximo, na era glacial, quando os níveis do mar estavam em torno de 100 m, reduzindo significativamente as distâncias e abrindo pontes entre ilhas e de um continente para o outro.
Espécie Palaeoloxodon Mnaidriensis
A espécie Palaeoloxodon mnaidriensis, representava os elefantes anões de Malta e da Sicília e são intimamente relacionados com o moderno elefante asiático. Este elefante é uma espécie separada em relação ao elefante europeu de presa reta (Palaeoloxodon antiquus) e não apenas uma forma insular menor. O P. mnaidriensis tem quase 90% de redução corporal em comparação com a forma ancestral, com uma altura estimada do ombro de cerca de 1,8 metros e um peso corporal médio de cerca de 1.100 kg. Outra estimativa dá uma altura de ombro de 2 m e um peso de 1,7 t.
Espécie Palaeoloxodon Naumanni
O elefante de Naumann, era uma espécie que viveu no sul do Japão no final do Pleistoceno, cerca de 500.000 a 15.000 anos atrás. Foi nomeado depois que Heinrich Edmund Naumann descobriu os primeiros fósseis em Yokosuka, Kanagawa, no Japão. Está intimamente relacionado com o moderno elefante asiático (Elephas maximus). Semelhante aos mamutes, P. naumanni tinha uma camada de gordura subcutânea e pele longa como uma adaptação a um ambiente frio. A espécie tinha um par de longas presas torcidas e uma protuberância na cabeça. Essas presas cresceram mais de 2,4 m de comprimento e 20 cm de diâmetro. Tinha em média de 2,5 metros a 3 metros. Vivia em florestas que misturavam coníferas subárticas e árvores decíduas de clima frio.
O ancestral de Palaeoloxodon naumanni mudou-se do continente eurasiano para o Japão através de uma ponte de terra. Evoluiu independentemente e espalhou-se por todo o Japão depois que a ponte da terra foi coberta pela subida das águas do mar. Palaeoloxodon naumanni foi caçado pelos habitantes da época. Alguns fósseis foram encontrados ao redor do lago Nojiri, em Nagano, juntamente com muitos artefatos de ferramentas líticas e ósseas.
Em 1860, o primeiro registro fóssil foi encontrado em Yokosuka e no fundo do Mar de Seto, no Japão. Heinrich Edmund Naumann pesquisou e relatou esses fósseis em “Ueber japanische Elephanten der Vorzeit” (1882).
Stegodon Pigmeu
Além dessas espécies citadas acima, existiu também o Stegodon pigmeu, um gênero extinto de elefantes que viveu na Ásia durante o Pleistoceno e tem sua origem datada em 6 milhões de anos. Uma população residual sobreviveu na ilha da indonésia até cerca 12.000 anos, com características muito peculiares. Eles também eram bem pequenos, levando em consideração os elefantes atuais. Estes animais foram contemporâneos do Homem de Flores, ou Homo floresiensis e foram encontrados vestígios de ossos calcinados junto de acampamentos destes hominídeos, o que sugere que eram suas presas. Mediam cerca de 1,8 metros de altura e possuía grandes presas curvas as quais acredita-se que eram usadas para cavar, para exibições e até confrontos entre machos. Era uma subespécie do elefante-asiático nativa de uma pequena área no nordeste da Ilha de Bornéu. Sua classificação ainda é motivo de discussão, mas evidências morfológicas e genéticas em um estudo de 2003 sugerem uma diferenciação das outras subespécies. Seguindo esse pensamento, eles teriam se divergido de seus ancestrais há 300.000 anos.
Nanismo Insular
Todas essas espécies parecem ter sido resultado de uma especiação insular que causou o nanismo, durante o Pleistoceno. Nesta época grandes extensões de terra foram cobertas com uma imensa camada de gelo, um fenômeno conhecido como glaciação. Isso possibilitava a transição de diversos animais de uma ilha a outra ou até mesmo de um continente a outro. Porém existiam períodos chamados interglaciais, que eram mais quente e com isso ocorria a redução das camadas de gelo e o aumento do nível do mar, impossibilitando o retorno desses animais, que haviam se deslocado, para seu lugar de origem. Esse processo favorece o que se chama de especiação (separação de uma linhagem que produz duas ou mais espécies distintas). No caso a especiação mais notável foi a redução de tamanho das espécies, dentre outras características.O nanismo é uma resposta evolutiva bem conhecida de grandes mamíferos a ambientes insulares, formando parte da “regra insular”, em que grandes mamíferos evoluem em tamanho menor e pequenos mamíferos em tamanho maior, em ilhas. Os elefantes anões do Pleistoceno do Mediterrâneo, representam alguns dos exemplos mais extremos de nanismo insular e têm vindo a sintetizar este fenômeno. No entanto, a taxonomia pobre tem dificultado a pesquisa sobre as causas e mecanismos da mudança do tamanho corporal insular em elefantes e, por extensão, tópicos mais amplos, como a regra da ilha.