As abelhas mais proeminentes no território brasileiro são as scaptotrigona que correspondem a 25 espécies diferentes, sendo as mais comuns e populares no Brasil conhecidas como abelhas canudo, scaptotrigona depilis.
Scaptotrigona
Estas são abelhas sem ferrão na tribo meliponini. Elas constroem seus ninhos em troncos ocos de troncos de árvores, permitindo uma proteção eficaz na entrada do ninho. Estas espécies mostram uma estrutura de colônias semelhante à maioria dos membros do meliponini, com três papéis dentro da colônia: rainha, operária e masculinos.
Abelhas scaptotrigona têm diferentes formas de comunicação, desde hidrocarbonetos cuticulares até feromônios e rastros de odores. A comunicação é especialmente útil durante o trabalho de forrageamento de néctar e pólen pelos biomas brasileiros.
Scaptotrigona são polinizadores muito importante do ecossistema brasileiro e é amplamente apreciado por seu mel. As abelhas sem ferrão representam aproximadamente 30% de toda a polinização dos ecossistemas da Caatinga e do Pantanal brasileiro e até 90% da polinização para muitas espécies da Mata Atlântica brasileira e da Amazônia.
Características Individuais
Em geral, as rainhas são as maiores abelhas no ninho, com uma média de 38 a 50 mg, e são identificáveis pelo seu abdome inchado. Além disso, elas têm uma coloração sempre diferenciada dos trabalhadores e drones.
Há uma rainha por colônia, mas uma vez nascidas rainhas virgens, elas são toleradas por 15 dias em média até que elas deixem a colônia ou sejam mortas. As rainhas não podem colonizar de forma independente, em vez disso, precisam de um grupo de trabalhadores para ajudar a construir uma nova colônia. Enquanto as abelhas rainhas virgens devem deixar a colônia, uma rainha mantém sua posição por vários anos.
As operárias ou os membros trabalhadores são as menores abelhas no ninho, pesando entre 15 e 22 mg. Eles assumem papéis diferentes no ninho com base em sua idade.
0 dias de idade = produzir cera
16 a 20 dias de idade = criam filhotes de células
21-35 dias de idade = limpeza de colônia
21-45 dias = recepção e desidratação do néctar
31-40 dias de idade = defesa da colônia
26-60 dias de idade = forrageamento
Os drones ou prole masculina são quase idênticos em tamanho as operárias, mas pesam um pouco mais, em média 17-30 mg. Os drones são as abelhas machos nascidas de ovos não fertilizados. Seu papel é acasalar com a rainha para produzir abelhas femininas. Eles não participam de muitas outras atividades além dessa.
Ninhos e Ciclo de Colônias
Abelhas scaptotrigona aninham-se em seções parcialmente ocas de árvores nos biomas do Brasil. Os ninhos variam de 3 a 7 metros acima do solo com um dossel acima, aproximadamente 15 a 20 metros acima do ninho. O ninho consiste de células internas e um tubo de entrada curto. As células de cria são às vezes compactadas em pentes e grandes potes de cera para armazenamento de mel/pólen.
As células são compostas de cerume, têm formato invariavelmente vertical e abertura no topo da célula. A entrada para o ninho tem uma área transversal média de 143,5 mm² e é guardada por guardas. Essas abelhas ficam atentas perto da entrada, ocasionalmente voando para frente e para trás na frente da entrada.
Cada ninho contém uma colônia entre 2.000 a 50.000 abelhas, com média de 10.000 indivíduos por colônia. A abelha operária é quem inicia uma nova colônia. Estas abelhas ocasionalmente invadem os ninhos de outras abelhas nas proximidades.
Novos ninhos abrigam até três rainhas virgens durante a iniciação. A rainha chega à nova colônia dentro de 5 dias do início da enxameação. Embora possa haver três rainhas virgens para começar um ninho, os trabalhadores matarão duas delas para deixar uma única rainha reprodutiva para o ninho.
O crescimento da colônia depende da produtividade do ninho. Durante a colonização, a produtividade é baixa, restringindo o crescimento populacional. À medida que a produtividade aumenta, as colônias começam a produção masculina, aumentando o crescimento total da população até atingir um tamanho médio de 10.000 indivíduos.
Este crescimento é dependente da estação. Durante a estação chuvosa, a taxa de crescimento das colônias aumenta devido ao aumento da disponibilidade de recursos. A vida média de operárias varia de 30 a 40 dias. Elas têm uma baixa taxa de mortalidade durante as fases iniciais da vida porque não saem do ninho.
A morte dos indivíduos torna-se significativa após aproximadamente 15 dias e continua aumentando até cerca de 40 dias. Ao contrário das abelhas operárias, as abelhas rainhas podem viver por vários anos, com uma vida útil mais longa.
Produção masculina depende da época. A produção de machos é restrita durante a escassez de alimentos, criando períodos curtos de produção masculina com períodos mais longos de produção feminina.
Os machos são produzidos por ovos não fertilizados colocados pelos trabalhadores. Scaptotrigona costuma comunica-se para reconhecer companheiros de ninho, identificar a casta de qualquer abelha individual, localizar comida e sinalizar perigo.
Divisão de Abelhas Canudo
O segredo basicamente está em poder remanejar os discos de cria de modo a reaproveitá-los na nova estrutura de destino, incluindo os materiais de cera e os potes de alimento. O principal cuidado está em identificar e transferir a realeira (células com óvulos de princesas que nascerão rainhas virgens). O stress resultante do processo para o enxame de abelhas é inevitável.
Essa é a parte mais delicada da divisão, retirar os discos de cria sem danificar ou minimizar ao máximo a perda de óvulos ao descolar os discos e transferi-los pra outra estrutura. Sempre haverão outras realeiras mas tente não perdê-las no processo pois, do contrário, o novo enxame não se sucederá.
À medida que for retirando os discos é interessante que tenha o cuidado de inserir colunas de cêra entre os mesmos, simulando o espaçamento natural que as abelhas criam na colmeia e facilitando a movimentação delas.
É importante incluir na transferência também os potes de alimentos das abelhas (estruturas semelhantes a pequeninos vulcões, triângulos ocos com abertura no topo, onde as abelhas acumulam mel e pólen). Quanto melhor a simulação que recriar na nova estrutura, maior a probabilidade das abelhas aceitarem a nova estalagem e iniciarem o novo enxame no local.
Após toda a transferência da estrutura interna de uma colmeia, tampe a estrutura. Será necessário ou pelo menos vantajoso que retire o tubo de entrada da estrutura antiga e transfira para a nova, o que pode motivar a atração das abelhas para a nova estrutura. A partir daí, é aguardar para que as próprias abelhas façam o trabalho delas e colonizem o novo espaço.
Será interessante esperar alguns dias (um período ideal é 30 dias), antes de conferir se a divisão foi bem sucedida. A verificação consiste especialmente em identificar se possível a existência de uma rainha já realizando a postura de ovos no novo ninho.
Nem sempre será fácil encontrá-la se as abelhas já tiverem recriado um novo invólucro nesse ninho. Poderá se contentar se identificar então uma boa quantidade de armazenamento de alimentos na nova estrutura, o que já indicará que elas estão produzindo ali e a divisão pode ter sido bem sucedida.