Talvez você não esteja “ligando o nome à pessoa”, mas, com certeza, já viu (e, provavelmente, bem de perto) um diplópode. Não sabe o que é? E, o famoso ambuá ou piolho-de-cobra? Agora, sim, você já sabe de que bicho estamos falando, não? Pois bem, esse animal causa verdadeira repulsa em algumas pessoas, visto que o seus “visual”, de fato, não é nada agradável.
No entanto, a despeito de sua aparência nem um pouco convidativa, muitos têm receio de que esses animais sejam venenosos.
Mas, será mesmo?
Descubra essa questão no texto a seguir.
Características Básicas
Antes de esmiuçarmos se esse tipo de artrópode é ou não perigoso, vamos ver algumas de suas características mais principais.
Primeiro de tudo, um diplópode pertence ao filo dos artrópodes (o mesmo dos insetos, crustáceos e aracnídeos). Eles também são parentes próximos dos quilópodes, cujos representantes são as lacraias e as centopeias.
O corpo de um diplópode é segmentado, e cada segmento possui mais de um par de patas. O que impressiona, no entanto, é o número: alguns piolhos-de-cobra chegam a ter centenas de patas (um espécime, uma vez, foi catalogado com nada menos do que 750 patas no total!). Como conseguem tamanha coordenação motora para caminharem? Simples: o sistema nervoso desses animais também é segmentado ao longo do corpo, o que faz com que o movimento das patas seja sincronizado.
O habitat natural desses bichos é onde tenha muita umidade e que seja bastante escuro, geralmente embaixo de folhas, em troncos em decomposição, no meio de pedras, e (claro) em nossas residências. E, nesse ambiente úmido, o que comem? Matéria orgânica morta (como folhas e animais em decomposição, por exemplo). Em suma: são herbívoros (ao contrário de seus parentes, os quilópodes, que são carnívoros).
Bom ressaltar que os diplópodes, mesmo que sejam conhecidos popularmente como embuá ou piolhos-de-cobra, possuem uma enorme variedade de especies ao redor do mundo, chegando à incrível marca de terem cerca de 10 mil espécies que englobam esse tipo de bicho.
Por não possuírem ferrões como suas parentes centopeias, quando se sentem ameaçados, os piolhos-de-cobra se enrolam e soltam um odor desagradável característico, que é resultado da eliminação de Iodo e de Cianeto. Por sinal, quer deixar esses animais longe de sua casa? Uma boa dica é não deixar o seu jardim demasiadamente irrigado, e nenhuma área da casa com muita umidade, pois, inevitavelmente, isso atrairá esses bichos. O acúmulo de lixo doméstico é outro fator que influencia no aparecimento dos piolhos-de-cobra.
Portanto, é bom ficar atento a esses detalhes, pois se tem uma coisa desagradável é uma área ou casa ficarem infestadas de piolhos-de-cobra por todos os lados. Tanto é que, a seguir, vamos dar mais algumas dicas nesse sentido.
Modos Eficazes de Evitar Piolhos-de-Cobra em Casa
Uma tática muito boa para não permitir que a sua residência tenha piolhos-de-cobra é tampar todos os ralos do lugar, e fechar frestas e aberturas em muros e paredes da casa.
Em se tratando do quintal, o ideal é recolher todas folhas espalhadas nele, pois, assim, você simplesmente tira o abrigo desses animais, além de não fornecer alimentos a eles, já que os piolhos-de-cobra comem material orgânico.
Manter a casa arejada e livre de toda e qualquer umidade também é algo que auxilia bastante. Uma boa dica é abrir as janelas, e deixar a luz do sol entrar na residência, mantendo o ambiente sempre seco.
Durante a primavera, tente podar todas as árvores próximas à sua residência, pois isso faz com que o ar circule por entre as plantas, evitando, com isso, ambiente cheios de umidade.
Por fim, verifique se as calhas podem conter acúmulo de água de chuva, ou de folhas caídas, pois acaba sendo o ambiente ideal para os diplópodes se proliferarem.
Se todas essas medidas, ainda assim, não funcionarem, o jeito é contratar um responsável por dedetizações, mas, tome muito cuidado com os produtos químicos usados, pois eles podem ser bastante prejudiciais para crianças e animais de estimação. O ideal, contudo, é evitar o uso de todo e qualquer material químico de dedetização.
Um Diplópode Pode ser Perigoso?
De cara, podemos dizer: os piolhos-de-cobra, mesmo repugnantes, não são perigosos e nem um pouco venenosos. Pode ficar tranquilo quanto a eles. O máximo que podem fazer é, em alguns poucos casos, soltar uma tinta roxa que fica “grudada” na pele por cerca de 3 dias, além de dar uma uma sensação de irritabilidade. Porém, sem estresse, pois não se trata de veneno, nem é nocivo à sua saúde de uma maneira grave.
Inclusive, quando os piolhos-de-cobra vão se reproduzir, eles jogam esse líquido como forma de proteção aos seus ovos. Algumas espécies desses bichos, por sinal, liberam um odor muito forte e até brilham no escuro como mecanismo para afastar predadores.
Mas, só. Os piolhos-de-cobra não picam, não arranham, nem mordem.
A Ajuda Que Vem dos Piolhos-De-Cobra
Caso não haja uma infestação desses animais, o que pode ser bem desagradável, você sabia que os piolhos-de-cobra têm o seu grau de importância para a natureza?
Devido ao fato de se alimentarem de matéria orgânica em decomposição, os diplópodes são, sim, bem importantes para o meio ambiente. Isso porque eles devolvem à natureza os minerais que acabam sendo absorvidos pelas raízes das plantas, sendo, assim, importantes para o ciclo de vida do reino vegetal.
Ainda de acordo com pesquisas recentes, os piolhos-de-cobra conseguem produzir adubo orgânico de ótima qualidade. Isso porque esse adubo dispensa, por exemplo, misturas com pó de carvão e torta de mamona, usadas para melhorar a textura e os níveis de nutrientes do composto geralmente produzido por minhocas.
Interessante, inclusive, notar que os diplópodes conseguem processar até mesmo papelão. E, é bom salientar que as espécies que estão sendo usadas para pesquisas nesse sentido são as Trigoniulus corallinus, originárias do Sudeste Asiático e presentes em diversas regiões do Brasil.
Prova de que todo e qualquer animal na natureza possui uma função a desempenhar, mesmo que não “simpatizemos” com a sua aparência ou coisa do tipo. Ou seja, todo espécime natural merece respeito de nós, seres humanos.