A verdade é que o Serval e o Lince-do-Deserto possuem mais semelhanças do que diferenças. A começar pelo fato de que, de acordo com as últimas descobertas da ciência, o lince-do-deserto não é exatamente um lince, e sim uma espécie de “gato-do-mato” – da mesma forma que o serval.
Ambos são espécies dessa imensa e exuberante família Felidae, que há pelo menos 26 milhões de anos “dão o ar de suas graças”, partindo das imensas estepes e savanas africanas, em meio à exoticidade das planícies asiáticas, para, finalmente, espalharem-se por quase todos os continentes.
Neles estão as características de predadores natos. Visão e audição incomparáveis também juntam-se à lista de atributos de uma família que abriga indivíduos com modestos 47cm de comprimento e até 1,6kg de peso, como é o caso do Prionailurus rubiginosus (o gato-ferrugem), até outros com vertiginosos 2,3 m de comprimento e até 300kg, como o assustador Panthera tigris.
Mas o objetivo desse a artigo é fazer uma lista específica com as principais diferenças entre o serval e o lince-do-deserto. Uma tarefa que não é fácil, muito por conta do fato de que entre eles podem ser observadas muito mais semelhanças do que diferenças verdadeiramente significativas.1.Origens
Uma das principais diferenças entre o serval e o lince-do-deserto, é o local de origem de ambas as espécies. O primeiro, o Eptailurus serval, é originário do continente africano e muito comum na chamada África Subsaariana ou “África Negra” – uma região que abrange a quase totalidade do continente, e que caracteriza-se por abrigar a maior parte dos indivíduos de pele escura.
Nessas regiões, os servais dão preferência às savanas com abundância de água. Eles percorrem aquelas vegetações como um típico animal solitário e de hábitos noturnos, que não possui nenhum apreço pelas florestas tropicais ou pelos desertos.
Já os Linces-do-deserto são encontrados na África e na Ásia (parte ocidental), e da mesma forma espalham-se pelas savanas e estepes africanas, onde ajudam a compor uma das paisagens mais exóticas do planeta.
Na Ásia Meridional os Linces-do-deserto costumam ser conhecidos como “Shyahgosh” ou “orelhas pretas”, em uma alusão ao seu curiosíssimo par de orelhas, alongadas e pretas na região externa, que dão a eles um ar ainda mais original.
2.Características
Uma outra diferença – também não tão significativa – entre o serval e o lince-do-deserto tem a ver com as suas estruturas físicas: peso, altura, tipos de pelagem, entre outras características.
O Lince-do-deserto é uma animal que costuma medir entre 64 e 92cm e pesar entre 12 e 19kg. Eles possuem um corpo relativamente avantajado, pernas compridas, cauda curta e uma pelagem entre o amarelo-pardo e o avermelhado.
O pelo desse animal é curto, o seu porte é esbelto; eles possuem marcas de cor vinho no ventre, manchas escuras na parte de cima dos olhos e outras mais claras em volta do nariz.
Os servais, como dissemos, não apresentam características assim tão marcantes que os diferenciem – a não ser, é claro, as suas inconfundíveis manchas escuras (semelhantes às dos leopardos) que distribuem-se regularmente sobre uma pelagem entre o amarelo-pardo e o castanho.
Eles geralmente costumam medir entre 75 e 85cm (com mais 35cm de cauda) e pesar entre 10 e 15 kg. Possuem orelhas levantadas e enormes – também inconfundíveis. E imensas patas traseiras, crânio pequeno, corpo esguio, entre outras características.
3.Expectativa de Vida
Os linces-do-deserto costumam viver entre 10 e 12 anos. No entanto, criados em condições ideais, eles podem chegar facilmente aos 17 anos de idade.
Quando criados como animais de estimação, eles adaptam-se facilmente à vida doméstica; inclusive em alguns países como Paquistão, Irã e Índia são os melhores companheiros para uma boa caça, devido às suas impressionantes habilidades na hora de encurralar a presa.
Os servais podem viver bem mais do que os linces-do-deserto. Em condições normais e em ambientes selvagens eles dificilmente vivem menos do que 16 anos, e quando são criados em cativeiro podem prolongar as suas vidas por assustadores 22 anos.Assim como os Linces, eles também podem ser criados como animais de estimação, mas, da mesma forma, precisam manter a sua dieta (à base de carne) tradicional.
4. Os Hábitos Alimentares
Essa é uma diferença básica entre os servais e os linces-do-deserto que, digamos, ajuda a compor com mais detalhes as suas personalidades.
Os linces-do-deserto dão preferência a pequenos roedores, coelhos, aves, lebres, anseriformes; e em situações de escassez das suas presas favoritas, até pequenos cervos, antílopes e veados podem fazer parte do seu cardápio.
O que se diz é que, durante a caça, eles são animais simplesmente fascinantes! Uma ave que, distraída, ouse cruzar o seu caminho (mesmo a 2 ou 3m de altura), está simplesmente fadada a ser a sua refeição do dia. Enquanto um filhote de gazela, por mais rápido e arisco que possa ser, não consegue opor a menor resistência às suas garras.
Já com os servais a coisa é um pouco diferente! Talvez por serem mais afeitos a uma vida urbana, eles são hábeis mesmo é em circular pelos becos e esquinas de cidades em busca de alguma presa, geralmente roedores, filhotes de ovinos e caprinos, algumas variedades de anfíbios e lagartos, etc.
Por isso mesmo eles costumam protagonizar uma série de conflitos com os criadores de animais, que são capazes de jurar que o sumiço de alguns exemplares dos seus rebanhos é uma obra evidente dos servais, que perambulam pelo entorno de suas propriedades.
5.Curiosidades Sobre Essas Espécies
Como vimos, um lince-do-deserto e um serval possuem mais semelhanças do que propriamente diferenças. Como típicos predadores – e mais que isso, verdadeiros caçadores – , ambos possuem a curiosa habilidade de dar grandes saltos para apanhar uma ave que encontre-se há até 3m de altura.
Essa habilidade, presente em ambos, é uma espécie de dádiva da natureza, que os dotou de pernas curiosamente longas e com uma estrutura anatômica típica dos corredores e saltadores.
Eles também são animais solitários. Tanto o lince quanto o serval dão preferência a incursões noturnas para a caça das suas presas favoritas.
Nesse ambiente, ambos compõem com a luz da lua, as estrelas e a escuridão da noite, uma paisagem única e singular. São os verdadeiros reis da noite, espécies silenciosas e sombrias, habitantes das penumbras e das paragens lúgubres e misteriosas dos seus respectivos habitats naturais.
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