Alguns animais são bem parecidos, mas, ao mesmo tempo, são bem diferentes. É o caso do guaiamum e do caranguejo, por exemplo, que muita gente confunde qual é qual, já que as semelhanças entre eles são muitas
Vamos aprender, de uma vez por todas, quais as diferenças entre esses animais?
O Que o Guaiamum e o Caranguejo Têm em Comum?
O guaiamum ou guaiamu (cujo nome científico é Cardisoma guanhumi) é um crustáceo encontrado em boa parte do continente americano, desde o estado da Flórida, nos EUA, até o sudeste brasileiro. Não vive muito em manguezais lamacentos, preferindo áreas de transição entre o mangue e a mata. Aqui no Brasil, ele faz parte da culinária pernambucana e baiana, e das tradições desses lugares.
Já, o termo caranguejo se refere a uma infinidade de espécies de crustáceos (com o guaiamum incluso nessa categoria), e, por isso, tem as características comuns a esse tipo de animal, como corpo protegido por carapaça, cinco pares de patas terminadas em unhas pontudas, com o primeiro desses pares terminando em fortes pinças que ele usa para se alimentar.
Portanto, podemos dizer que os guaiamuns estão inseridos na categoria dos caranguejos.
Mas, existem diferenças entre eles?
Guaiamuns e Caranguejos: As Diferenças
De uma forma geral, podemos dizer que os caranguejos comuns possuem uma cor tipicamente alaranjada, além de ter pelos característicos em suas patas. Essas mesmas patas também são bem carnudas e arroxeadas. Além disso, esse caranguejo é onívoro, alimentando-se especialmente de folhas em decomposição, e mais alguns frutos e sementes. Em ocasiões bem específicas, na falta de alimento, eles consomem mexilhões e moluscos em geral. Já, a sua carapaça pode ser utilizada no artesanato, em cosméticos ou até mesmo na alimentação de outros animais.
O guaiamum, por sua vez, possui um tom mais acinzentado, puxado mais para o azul, ocupando regiões mais arenosas e menos alagadas do que os mangues. Inclusive, devido à destruição do habitat natural desse crustáceo, ele se encontra ameaçado de extinção. Tanto é que existem áreas protegidas por lei onde há a criação desse crustáceo. Além disso, o guaiamum, além de ser maior do que um caranguejo comum, ainda não possui pelos em suas patas.
Um Pouco Mais a Respeito do Guaiamum
O guaiamum é um tipo de caranguejo de grande porte, com a sua carapaça chegando a medir cerca de 10 cm, e com um peso de aproximadamente 500 g. Ao contrário dos caranguejos comuns, possui pinças de tamanho desigual, com a maior podendo medir 30 cm, o que acaba sendo uma excelente ferramenta para agarrar a comida e levá-la à boca. No entanto, essa característica tão peculiar é predominante nos machos, pois, geralmente, as fêmeas possuem pinças de tamanhos iguais.
Muito bem adaptado à vida terrestre, esse caranguejo possui uma carapaça hermeticamente fechada, com guelras bem pequenas que é onde ele tem armazena um pequeno suprimento de água. Dessa maneira, ele pode sobreviver até 3 dias fora d’água, contanto que o ambiente seja úmido (uma vantagem que muitos caranguejos comuns não possuem).
Além disso, essa espécie de caranguejo habita em espaços tipicamente urbanos, como, por exemplo, cais, ruas, quintais e casas. Com muita frequência, invadem residências também, tanto é que, nos EUA, esses animais são considerados verdadeiras pragas, principalmente pelo fato de construírem tocas em gramados e plantações, o quem faz com que o terreno onde habitam sofram erosão. Digamos que enquanto o caranguejo gosta mais da lama dos mangues, o guaiamum prefere locais mais secos, com areia, asfalto e pedras em geral.
O guaiamum é um crustáceo terrestre de hábitos notadamente noturnos, e cuja sobrevivência está ligada diretamente à variação de temperatura do local onde vive. Por exemplo: as larvas desse animal se dão muito bem em temperaturas acima dos 20°C. Abaixo disso, muitas acabam sucumbindo.
Também podemos dizer que, em comparação a outras espécies de caranguejos, o guaiamum é um dos tipos de crustáceos mais agressivos da natureza, tanto é que criadores evitam colocar esses animais com outros caranguejos, a fim de evitar que acidentes aconteçam, até por por conta do tamanho do guaiamum.
Já, a alimentação se assemelha à dieta de outras espécies de caranguejos, e incluem frutos, folhas, detritos de lodo, insetos, animais mortos ou simplesmente qualquer alimento que possam levar à boca. Nesse sentido, eles são o que chamamos de onívoros. Chega ao ponto de se alimentarem de outros caranguejos menores; ou seja, em ocasiões especiais, podem praticar o canibalismo.
O Risco de Extinção do Guaiamum
O risco de extinção do guaiamum se tornou algo tão sério que, nos últimos anos, foram lançadas duas portarias pelo Ministério do Meio Ambiente (a 445/2014 e a 395/2016) que visavam proibir a captura, o transporte, o armazenamento, a guarda, o manejo, o beneficiamento e a comercialização desse crustáceo. Essa decisão passou a valer a partir de maio de 2018, e vale para todo o território nacional.
A comercialização desse crustáceo está, portanto, proibida nos dias de hoje, e que for pego em fragrante, deverá pagar uma multa de R$ 5 mil por unidade.
E, Quanto ao Sabor?
Os caranguejos comuns são animais bem apreciados na culinária de diversas regiões, em especial, no Nordeste brasileiro. Já, o guaiamum, devido à proibição de sua comercialização em território nacional, não pode mais ser encontrado legalmente por aí.
Em termos de sabor, podemos dizer que os guaiamuns possuem um gosto mais “adocicado”, digamos assim, enquanto que os caranguejos em geral têm um sabor mais salgado, e é justamente por isso que eles costumam ser servidos de diferentes modos, através de várias receitas.
Agora, claro, é preciso salientar, mais uma vez, que o guaiamum está ameaçado de extinção em território nacional, ao contrário do caranguejo, que não corre esse risco. Portanto, consumir guaiamum de quem está caçando esse crustáceo à revelia da lei, só estará contribuindo para o desaparecimento da espécie.
E, então? Agora, sabe exatamente a diferença entre um e outro? Não dá mais pra confundir, não é verdade? O que só prova o quanto a nossa fauna é rica, possuindo animais tão parecidos, mas, ao mesmo tempo, tão distintos.