A Caatinga do Brasil abriga uma biota única, com milhares de espécies endêmicas. Além da flora da caatinga, com mais de 1.000 espécies de plantas vasculares, a riqueza da fauna desse bioma também é úncia.
Mais de 180 espécies de abelhas, mais de 200 espécies de peixes, mais de 150 espécies de répteis e anfíbios, mais 500 espécies de aves e mais de 140 espécies de mamíferos, com níveis de endemismo variando de 9% a 60 % nessa diversidade. Seria impossível citar características e curiosidades de tamanha abundância em um único artigo.
Por isso selecionamos somente dez populares para sua apreciação, citando pequenos pormenores que tornam essas espécies mais do que impressionantes.
Dasypus Novemcinctus
O curioso do tatu-galinha ou tatuetê é que esse animal não se sente bem em ambientes propriamente frios ou secos, já que sua carcaça não é bem isolada por gordura, o que o torna de certa forma suscetível à perda de calor e água. Apesar disso, existe um grande lobby na comunidade científica que quer dar a origem dos ancestrais do tatu a região da caatinga brasileira.
De qualquer modo, seus ancestrais originaram-se na América do Sul e lá permaneceram até a formação do istmo do Panamá que lhes permitiu entrar na América do Norte, bem como por mãos humanas que os introduziram também através da Flórida, e se proliferaram na América do Norte por conta disso.
Durante a Grande Depressão , a espécie foi caçada por sua carne no leste do Texas, que se diz ter gosto de carne de porco. Aliás, lá nessa época sua carne passou a ser conhecida como carne de porco de homem pobre, ou “porco Hoover”, para aqueles que consideravam o Presidente Herbert Hoover responsável pela Depressão.
Mesmo antes da Grande Depressão os colonos alemães no Texas referiam-se frequentemente ao tatu com uma expressão alemã que traduz-se literalmente “porco blindado” (em alusão a sua carcaça). Apesar do tatu ter sido eleito o mamífero do pequeno estado do Texas, não é muito apreciado por lá. Ao contrário, é considerado uma praga e é muitas vezes visto morto na beira da estrada.
Euphractus Sexcinctus
E já que falamos de tatu, não podemos deixar de mencionar o papa defunto (ou tatu peba), um grande conhecido de nossa caatinga. Enquanto o outro tem uma carne apreciada para comer, esse o povo tem nojo principalmente por essa fama de que carne putrefata ou carniça faça parte de sua dieta alimentar.
Embora esse tatu não faça parte da lista de animais ameaçados, aqui no Brasil o ataque a espécie tem preocupado muito onde são supostamente caçados para fins medicinais. Também podem estar diminuindo devido a poucas áreas de savanas, assentamentos humanos e expansão industrial.
Caracara Plancus
O carcará é outro nativo da caatinga. Esta ave solitária sofre um certo preconceito na taxonomia moderna porque, apesar de ser um rapinante poderoso, muitas vezes até superior em sua performance quando comparado aos dois espécies de urubus, ainda assim não é listado entre aves rapinantes.
Apesar de ser considerado um espécie da família dos falconídeos, ainda existe muita contestação na comunidade científica sobre isso e tudo em sua taxonomia fica indefinida. Apesar de ser um raptor e grande oportunista, razões que associaram seu nome carcará ao famoso personagem de telenovela Roque Santeiro, nosso estimado carancho segue solitário até em sua classificação.
Cyanopsitta Spixii
Talvez um dos personagens mais famosos hoje de nossa caatinga por conta do desenho animado todo baseado em nosso amiguinho, a ararinha azul (o Blu do filme ‘Rio’ da Twentieth Century Fox) hoje recebe valiosa atenção até pelo seu estado crítico de extinção na fauna brasileira.
Até junho deste ano, pouco mais de 150 indivíduos era tudo o que restava dessa espécie, segundo estimativas. Um projeto de reintrodução da ararinha incluiu a criação de duas unidades de conservação no estado da Bahia, em Curaçá e em Juazeiro, com um trabalho de conscientização com a população local e a construção de um centro de reprodução e readaptação da espécie. Força Blu!
Ara Chloropterus
E já que falamos do Blu, falemos também de um de seus adversários que acabou virando aliado no segundo filme animado, a arara vermelha. Embora sua população não esteja oficialmente considerada ameaçada em nosso território brasileiro, incluindo o bioma caatinga, essa ave perdeu significativamente sua população na Argentina, onde vem sendo promovida campanhas de reprodução e readaptação para a espécie.
Essas araras sofrem muito ameaça pelo desmatamento e pela caça furtiva. São muito valiosas no mundo todo como aves de estimação, lamentavelmente. É verdade no filme quando essas aves de espécies diferentes se juntam e convivem entre si na natureza, especialmente para se alimentar.
Myrmecophaga Tridactyla
Quem lembra de um desenho antigo da extinta Hanna Barbera, onde um tamanduá muito ingênuo era vítima frequente das artimanhas e pilhérias de uma formiga? Ok, talvez você não seja tão antigo assim mas esse desenho existiu e era inspirado nessa espécie maravilhosa. Talvez não dessa espécie exatamente mas é difícil saber porque o tamanduá do desenho não se parece com nenhum dos quatro espécies do gênero.
Além disso, outra grande diferença do personagem animado para nosso amigo real aqui está no comportamento. O do desenho era ingênuo e vítima fácil das armadilhas. Já o tamanduá bandeira pode até ser tímido e evitar contato, mas não tem nada de indefeso.
Eles tipicamente fogem do perigo galopando, mas se encurralados, irão se levantar em suas patas traseiras e atacar o atacante. O tamanduá gigante usa suas garras dianteiras extremamente grandes para abrir cupinzeiros e formigas, e suas garras frontais são formidáveis armas, capazes de matar um jaguar. Homens já foram vítimas de seu comportamento defensivo extremamente violento.
Iguana Iguana
Tá aí um tipo muito comum da nossa caatinga. Impossível passear por lá e não ver um senembu, ou senembi (bom, melhor chamar só de iguana). Embora o conheçamos muito como iguana verde, a espécie nos EUA sofreu um processo chamado marronagem e você pode encontrá-lo em outra coloração.
Isso porque, apesar de ser mais um nativo aqui da parte sul das Américas, foi introduzido na parte norte principalmente pelo desejo de possui-lo como animal de estimação. Mas esse bichinho só é dócil enquanto novo. Quando adulto pode ser bem mais arisco e nada receptivo. Muitos acabaram abandonados por lá, ou simplesmente fugiram e hoje são considerados espécies invasoras não muito apreciadas.
Leopardus Pardalis
Vou mencionar nosso amiguinho Jaguatirica aqui mais pra chamar a atenção de um problema do que pra citar alguma curiosidade, ou melhor, o curioso aqui é que ele anda um pouco sumido de nosso bioma caatinga.
apesar de não configurar mais como uma espécie ameaçada na lista oficial, a jaguatirica tem sofrido muito tanto pela caça predatória que visa sua pele, mas muito mais pela perda de habitat.
Por mais que ele seja capaz de tolerar a invasão humana em seu habitat, o homem tem passado dos limites e isso pode afetar drasticamente a população da espécie nos próximos anos. O animal necessita de densa vegetação ou ambiente florestal pra sobreviver em paz, o que está sendo dizimado em nossa caatinga.
Bradypus Variegatus
E por fim, deixei nosso curioso amiguinho por último mas não porque já estou com preguiça. Quer dizer, até que fica difícil não se espreguiçar pra escrever sobre esse figura porque haja disposição pra dormir tanto viu. Sabia que esse preguiçoso em cativeiro é capaz de dormir mais de meio dia direto? Pois é, já que cativo não precisa forragear pra comer, dorme que é uma beleza!
O folgado é tão preguiçoso, mas tão preguiçoso que até pra ir no banheiro ele enrola. Ás vezes leva mais de uma semana pra fazer suas necessidades! Dá pra acreditar? Mas que bicho preguiça! Quer saber, acho que vou dormir também! É contagioso … zzzzzzzzz