Para que se possa definir, com exatidão, o que significa um organismo Crinoidea Comatulida, basta que você entenda que estamos falando de uma ordem de indivíduos (Comatulida) que pertencem, por sua vez, à classe Crinoidea.
Espécies como os lírios-do-mar, o Comaster schlegelii, o Conocrinus cabiochi, o Conocrino cherbonier, entre vários outros, caracterizam-se por habitar grandes profundezas (com exceção dos lírios), e por isso mesmo só foram descobertos a partir de meados do séc. XIX, quando audaciosas explorações científicas descortinaram um mundo quase totalmente novo.
Esse mundo novo trazia espécies como os lírios-do-mar, um tipo com características de uma flor, que desenvolve-se a médias profundidades, e dos quais só se sabia o que alguns registros fósseis revelavam – na verdade, ao que parecia, eles não passavam disso: uma “sombra”, que supostamente existiria há milhões de anos, e cuja história só podia ser contada por meio de registros fósseis.
Mas, ao contrário, eles existem, e bem vivos, como uma das classes do exótico e singular filo dos Equinodermos; uma comunidade que abriga membros bastante conhecidos, como as estrelas, ouriços, pepinos-do-mar, entre outras espécies com características bastante semelhantes.
São características como: locomoção baseada em um sistema hidrovascular, capacidade de regeneração de partes perdidas, endoesqueleto à base de carbonato de cálcio, corpo provido de espinhos, entre outras características que os unem.
Essas espécies (a Crinoidea Comatulida) ainda apresentam uma base com formato discoide, de onde partem diversas hastes repletas de apêndices que servem como mecanismo para captura de presas.
Além disso, um conjunto de cílios, bastante vigorosos, na forma de garras, cuidam de fixar-lhes ao fundo do mar, conferindo-lhes as características típicas de uma “flor das profundezas”.
E completam algumas das suas principais características, uma abertura bucal voltada para cima (diferentemente das estrelas-do-mar, por exemplo), um sistema de alimentação por meio da filtragem da água ao seu redor, além de uma alimentação feita basicamente por plânctons e matéria orgânica simples, que eles conseguem digerir facilmente.
O que é um Crinoidea Comatulida e Quais são as Suas Principais Características?
Eles fazem parte, digamos, da “história” do planeta. Estavam lá, no alvorecer da vida, nesse nosso exuberante porém acanhado planeta.
Estamos falando de algo como 540 milhões de anos – pouco, quando comparado a espécies que viveram há mais de 3 bilhões de anos, porém, sem dúvida, o período de maior vigor e exuberância de espécies com características mais complexas.
Foi o período no qual surgiram os primeiros vertebrados, que uniam-se aos invertebrados, para logo após iniciarem a aventura na vida em ambiente exclusivamente terrestre – em um dos eventos mais importantes da história da formação do planeta.
No entanto, os Crinoidea Comatulida (uma comunidade exclusivamente marinha) continuaram ali a sua saga da luta pela sobrevivência, a povoarem as profundezas marinhas em plena Era Paleozoica, até chegarem aos nossos dias como espécies afeitas às águas superficiais, como os lírios-do-mar, talvez o seu principal representante.
São cerca de 600 espécies, habitantes típicos das chamadas zonas de “entremarés” e em profundidades de até 100 metros, onde eles distribuem-se em abundância, alimentando-se de detritos que conseguem apanhar com as suas longas hastes, que também funcionam como meio de locomoção – configurando-se como o seu órgão principal.
Diferentemente do que parece à primeira vista, as espécies de Crinoidea Comatulida não são organismos pacíficos, ao contrário, em um ritmo cadenciado, alguns podem locomover-se por uma distância considerável, geralmente em meio a recifes de corais, rochas, esponjas, e onde quer que possa servir como um local estratégico.
Deverá ser um local onde eles não recebam o açoite das ondas, em uma condição ideal para que saiam à caça de restos vegetais, plânctons e demais organismos com estrutura pouco complexa, mas que são capazes de satisfazê-los satisfatoriamente em suas necessidades nutricionais.
A Importância de Saber o que é e Qual o Papel dos Crinoidea Comatulida na Natureza
Quando falamos das espécies de Crinoidea Comatulida, como o Conocrinus cabiochi, o Conocrino cherbonier, o Florometra serratíssima, ou mesmo como os lírios-do-mar (seus membros mais ilustres), estamos falando de indivíduos que apresentam os mais variados tipos de comportamento.
Alguns permanecem como os seus antepassados, fixos no fundo mar, presos a esponjas, recifes e rochas, enquanto outros preferem algumas acanhadas incursões noturnas à caça das suas principais presas; porém o mais comum é que você os encontre fixos até o fim da suas vidas.
Essa característica é o que lhes confere o apelido de “fósseis vivos”, já que, por incrível que possa parecer, ainda apresentam as mesmas características, tanto físicas quanto biológicas, dos seus ancestrais mais distantes – aqueles que povoavam as profundezas das águas há mais de 500 milhões de anos.
Os lírios-do-mar, por exemplo, preferem mesmo é estender as suas longas hastes, a ponto de atingir a maior amplitude possível, de forma a constituir uma espécie de “tela filtradora”, por meio da qual eles conseguem filtrar a maior quantidade possível de água, e dela recolher todo o alimento necessário para a sua sobrevivência.
Em uma região conhecida como as “pínulas” existem pequenas estruturas ósseas, de onde saem pequenos túbulos, que são as ferramentas utilizadas para a captura de alimentos, geralmente plânctons e detritos, que são levados até a cavidade ambulacral, e de lá até a boca, por meio de cílios que margeiam essa abertura.
Uma Espécie a sua Inserção Ecológica
Os principais predadores dos Crinoidea Comatulida são as diversas espécies de peixes de pequeno e médio porte, além de caranguejos e lagostas, que geralmente abocanham uma ou mais hastes (ou pernas) desses seres, mas que logo regeneram-se (como típicos Equinodermos) em não mais do que 8 ou 10 meses, em um dos eventos mais singulares da natureza.
Apesar de discretos, os Crinoidea Comatulida configuram-se, como qualquer espécie animal e vegetal, como um importante fator de equilíbrio nos mais diversos tipos de ecossistemas. Eles compõem a base da dieta de inúmeros animais marinhos, como as lontras, crustáceos, leões-marinhos, entre outras espécies.
Por fim, sabemos que eles também são excelentes controladoras de diversas espécies de micro-organismos, além de algas, plânctons e zooplânctons – isso sem contar a capacidade de algumas espécies de produzir oxigênio, entre outras diversas funções que os tornam participantes ativos do equilíbrio da biosfera terrestre.
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