Está aí uma corujinha que é bem popular em quase todo o território brasileiro. Talvez não haja nenhuma espécie que seja mais comum por aqui. Vamos conhecer mais detalhes dela?
Corujinha do Mato
Essa corujinha é a mais comum e difundida dos neotrópicos. Seu comprimento total varia de vinte centímetros para o macho a vinte e cinco centímetros para a fêmea.
Esta espécie é encontrada a partir de sul da Costa Rica através de grande parte das terras baixas da América do Sul, e também está presente em Trinidad Tobago. A corujinha do mato é uma das espécies mais bem sucedidas e adaptáveis da coruja na América do Sul, mas pouco se sabe sobre sua história natural.
Esta espécie é caracterizada por seus tufos de orelha, disco facial cinza-claro delineado em preto e um padrão distinto de estrias de espinha de peixe escuras nas partes inferiores. Esta espécie, cujo nome científico é megascops choliba, tem nove subespécies reconhecidas. A maioria das corujas tropicais são de cor marrom-acinzentada; morfos castanhos e vermelhos também ocorrem, embora a morfologia vermelha seja rara. Seus olhos tem íris amarela.
As nove subespécies reconhecidas são: megascops choliba choliba (essa é mais recorrente no sul de Mato Grosso e São Paulo e também no sul a leste do Paraguai); megascops choliba luctisomus (ocorre da encosta do Pacífico, na Costa Rica ao sul até a Zona do Canal no Panamá e nas Ilhas Pérola); megascops choliba margaritae (restrito à Ilha Margarita, uma ilha da Venezuela); megascops choliba crucigerus (recorrente no leste da Colômbia, Venezuela e Trinidad até as Guianas e no sul ao leste do Peru); megascops choliba duidae (confinado às encostas arborizadas do Monte Duida e do Monte Neblina, no sul da Venezuela. Esta talvez represente uma espécie separada e é a única que possui uma faixa branca na parte de trás do pescoço);megascops choliba decussatus (recorrente no centro oeste e sul do Brasil); megascops choliba uruguaiensis (comum no sudeste e no sul do Brasil, no nordeste da Argentina e no Uruguai); megascops choliba surutus (encontrado na Bolívia); e megascops choliba wetmorei (comum no chaco do Paraguai e na Argentina).
Habitat, Dieta e Comportamento
É considerada uma espécie sedentária. As corujinhas do mato são encontradas em uma ampla variedade de habitats. Isso inclui floresta aberta, bosques à beira do rio, plantações de café, áreas suburbanas com árvores e regiões secas a úmidas de floresta aberta mais leve, às margens de floresta de terra firme e várzea, clareiras com árvores e áreas residenciais. Não ocorre no interior da floresta úmida de várzea.
A corujinha do mato ataca principalmente grandes artrópodes e pequenos vertebrados. Incluem pequenos sapos, pequenas cobras, gambás, morcegos e pequenos roedores. Os invertebrados encontrados nas dietas incluem minhocas, escorpiões, aranhas, uma grande variedade de insetos, incluindo baratas, cupins, gafanhotos, grilos, escaravelhos, traças, lagartas e formigas.
Geralmente o piado da corujinha do mato é um trinado curto e ronronante, mas há algumas variações nos tons e na modulação. Tanto a fêmea quanto o macho piam durante o namoro ou quando começa o entardecer. A sonoridade é mais estridente e longas quando estão agitadas. Emite locais agudos e duros, sendo diferentes as vozes do macho e da fêmea, que têm o hábito de serem chamados em duelo de sorte durante as horas da noite. As vozes particulares desta e de outras espécies de corujas, assim como a ignorância geral de seus hábitos, fizeram com que essas aves inofensivas fossem relacionadas a maus presságios e feitiçaria, o que é totalmente infundado. De fato, sua função dentro da natureza é muito positiva, já que por sua alimentação contribui para eliminar pragas agrícolas e vetores de doenças.
Corujinhas do mato são aves noturnas que se tornam ativas ao entardecer. Durante o dia, eles se empoleiram na densa folhagem de arbustos ou árvores e podem freqüentemente ser encontrados dentro de um arbusto espinhoso ou em densas epífitas em troncos de árvores. Quase sempre passam despercebidos graças à camuflagem fornecida por sua plumagem enigmática. Se ele é incomodado por alguma coisa, ele voa lentamente a uma curta distância para se esconder novamente. Presume-se que sejam aves solitárias, permanecendo sempre sozinhas ou em pares. São notavelmente agressivas quando no período de incubação.
Longevidade e Reprodução
O acasalamento deve ocorrer provavelmente entre agosto e setembro na maioria das espécies, com uma cantoria de ambos. A postura de ovos fica numa média em torno de 1 a 3 ovos, podendo chegar a 6. É normalmente colocada diretamente em cavidades naturais, ninhos de pássaros abandonados, caixas de ninho, buracos em árvores ou até mesmo postes de cerca apodrecidos. O filhotes permanecem no ninho por um período médio de um mês, o mesmo provável período de duração da incubação.
Muito pouco se sabe sobre a história natural da corujinha do mato, embora esta espécie seja amplamente distribuída e freqüentemente seja comum. Existem muito poucos estudos quantitativos de sua biologia ou dieta de nidificação. Não há dados sobre temas como maturidade sexual, tempo de vida e sobrevivência, dispersão, tamanho do território e densidade populacional e regulação populacional.
Não existe nenhum registro ou documento fidedignamente comprovado de quanto tempo a corujinha do mato pode viver. Embora haja uma menção de corujinha do mato sobrevivendo por mais de 20 anos em cativeiro, na natureza pode se afirmar que nunca poderiam viver tanto tempo. As taxas de mortalidade de corujas jovens e aninhadas podem ser tão altas quanto 70% e muitas perdas são devidas à predação. Predadores naturais, incluindo outras espécies de corujas, podem dizimar significativamente uma alta porcentagem de população local.
Expectativa de Extinção?
O status de conservação da corujinha do mato é avaliado como de menor importância. Esta espécie tem uma distribuição geográfica muito grande e muitas vezes é comum dentro do seu alcance. Além dos predadores naturais, a corujinha do mato pode também ser afetada pela perseguição humana local e pelo uso de pesticidas. A mortalidade no trânsito pode ser um fator de risco, uma vez que essa espécie às vezes forrageia às margens das estradas.
O desmatamento é um fator potencialmente benéfico para esta espécie, pois proporciona clareiras e crescimento secundário, que são habitats adequados.