Se você mora especialmente em algum local da região nordeste do país, pode acontecer de você se deparar com alguns ovinhos pequetitinhos acondicionados em um ninho dentro de um buraco na sua parede. Claro que você vai entender que algum pássaro os pôs aí e, portanto, a mamãe deve estar por perto. Não demora muito ela aparece e você percebe que é uma coruja bem pequena, menor que uma régua escolar padrão. Com tudo isso provavelmente você não se sentirá intimidado né? Mas não se engane! A caburé pode ser pequenininha mas, em se tratando de defender seu ninho, tamanho não é documento!
A Coruja Caburé
O Glaucidium brasilianum, ou coruja caburé, é uma pequena coruja que se reproduz no sudoeste dos EUA, América Central e América do Sul, incluindo todo o Brasil e partes da Bolívia e Argentina. Trinidad possui uma subespécie endêmica, mais exuberante do que a nossa corujinha. Caburé filhote, caburé pigmeu, caburezinho, cauré, caburé ferrugem, caburé do sol, corujinha, caburé miudinho e tantos outros são nomes populares dados a essa coruja que se confunde com outras variedades taxonômicas.
Esta espécie é uma parte do maior agrupamento de corujas conhecidas como corujas típicas, da família strigidae, que contém a maioria das espécies de coruja. Outras espécies e gêneros vem da família tytonidae. O caburé é uma coruja comum e facilmente visto em floresta aberta, nos arredores da habitação humana. Nidifica geralmente em um buraco de árvore, colocando de três a quatro ovos brancos. A incubação é de 28 dias, com 27 a 30 dias a mais para o desenvolvimento.
A coruja caburé é pequena, com uma média de quinze a vinte centímetros de comprimento e encorpada. As partes superiores são castanhas ou cinzas, fortemente pintadas de branco na coroa e nas tampas das asas. A cauda é com predominâncias brancas, listrados com marrom ou cinza. Uma superciliar branca proeminente é reconhecível acima do disco facial. Existe uma plumagem facetada na nuca imitando dois olhos. Machos e fêmeas são parecidos. O voo é rápido com longas varreduras.
Esta espécie é principalmente noturna, mas às vezes caça de dia, e pode ser facilmente localizada pelas pequenas aves que a amontoam enquanto está empoleirada em uma árvore (até 40 pássaros de 11 espécies foram registrados a assaltar uma coruja). Ele caça uma variedade de insetos e lagartos. A chamada é o assobio característico dos filmes. É altamente reprodutivo e é usado por observadores de pássaros para atrair pequenos pássaros e outras corujas.
Comportamento Social da Coruja
A coruja caburé cria seus ninhos em alturas que podem ser desde um metro acima do solo a atéseis metros na árvore. Os ninhos são construídos mais altos durante a época de postura de ovos e criação dos filhotes. A coruja caburé caminha ou pula por seu território e voa com firmeza e objetividade quando necessário. Os adultos usam a casca das árvores para limpar suas contas, e sabe-se que os casais gostam de se enfeitar na época do acasalamento.
Quando em pares, os machos da coruja caburé protege sua área numa circunferência de até seiscentos metros de área. Isso é relativo pois pode se reduzir a menos de 150 metros de circunferência em alguns casos. Essa demarcação de território é reivindicada através dos piados de chamadas.
A coruja caburé é reconhecido como monogâmico, embora não há nada que ateste isso com certeza. O acasalamento é feito com ofertas de presas e piados característicos do macho. Quando aceito, a fêmea também tem seu piado característico e retribui com copulações repetidas que podem durar horas. E parece que a coruja caburé gosta muito porque já se observou cópulas acontecendo mesmo depois da incubação. O comportamento entre casais é carinhoso diante dos comportamentos de se enfeitarem enquanto juntos e de coçarem um ao outro.
Parece que o relacionamento social da coruja caburé se resume ao acasalamento mesmo. Não se vê coruja caburé em bandos. Se não estiver em pares, são solitários. Os filhotes tendem a se dispersar cerca de oito semanas após a eclosão dos ovos. A coexistência com outras espécies de coruja até já foram observadas, inclusive com piados de resposta comunicativa entre espécies distintas. Já se observou até situações de outros tipos de aves assediando sexualmente a coruja caburé. O pequeno deve ter seu charme!
Predadores Naturais
Guaxinins foram observados tomando ovos e comendo filhotes. As cobras foram observadas comendo filhotes e, com base na análise dos restos dos ninhos, também comeram ovos.
Filhotes e adultos da coruja caburé são ameaçados também por outras aves de rapina como o jacurutu ou corujão orelhudo e o falcão do tanoeiro. Quando abordado por ameaças potenciais,a coruja caburé assume uma posição ereta e, muitas vezes, move suas caudas vigorosamente. Também costumam estufar o peito para erguer suas penas e exibir pequenos tufos de orelha. Quando aos pares, costumam atacar juntos, mergulhando em predadores e enfiando suas garras. A coruja caburé é um pouco condescendente quando se trata de defender seus ovos mas a defesa de filhotes é comum e aumenta violentamente com o avanço do estágio de desenvolvimento dos pequeninos.
De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, o estado de conservação da coruja caburé é de menor preocupação. A espécie tem um intervalo muito grande para ser considerado vulnerável sob o critério de tamanho de alcance e um tamanho de população das espécies. Embora os números gerais estejam encolhendo, principalmente na América do Norte, o órgão regulador acredita que a taxa é muito lenta para ser classificada como vulnerável.
O Caburé e os Humanos
Os efeitos da atividade humana na coruja caburé é mais conhecido mesmo nas regiões norte americanas, onde a perda de habitat, a conversão de terras, a urbanização e a cerca da fronteira EUA-México apresentam obstáculos à sobrevivência e ao fluxo gênico. Na primeira metade do século XX, a terra era convertida nessas regiões para pastagem, corte de lenha e assentamento, especialmente em áreas ribeirinhas. Os numerosos projetos de represamento no Rio Salt, no Arizona, durante a década de 1930, foram particularmente perturbadores para a ecologia circundante e foram severamente reestruturados, uma vez que eram os principais habitats dessa espécie de coruja. Embora os dados sejam insuficientes nos níveis históricos e atuais da população, é amplamente reconhecido que a coruja caburé tornaram-se muito mais escassos nessas áreas, provavelmente a partir da década de 1920.
Em um estudo americano feito há alguns anos atrás usando corujas caburés jovens e adultas, verificou-se que a altura média de voo da espécie atinge em média uma altura máxima de 4 metros. E visto que a cerca da fronteira no Arizona é muito mais alta, impede o fluxo da espécie através da fronteira, fragmentando a população e limitando o fluxo gênico. Além disso, interrompe o habitat e leva a efeitos colaterais.
A coruja caburé é um tanto tolerantes às atividades humanas; existem populações consideráveis nas proximidades de aldeias e cidades. Aqui no Brasil, o problema do desmatamento de mata atlântica no nordeste brasileiro tem sido um problema extremo para uma variação da espécie glaucidium.