As corujas são animais muito conhecidos. Entretanto, o fato de que existem muitas variações de corujas pode não ser tão conhecido assim. O termo coruja é apenas a designação comum das aves estrigiformes (ordem de aves que inclui aves de rapina noturnas), que pertencem às famílias dos titonídeos e dos estrigídeos. Sendo assim, há diversos animais chamados de coruja e as suas características variam de espécie para espécie, mesmo que todas tenham a mesma designação: coruja.
Neste artigo, iremos conhecer a coruja-buraqueira, e teremos como foco a sua reprodução. Entretanto, apesar disso, conheceremos algumas outras características importantes sobre esta espécie!
A Coruja-Buraqueira
A coruja-buraqueira (de nome científico Athene cunicularia, anteriormente Speotyto cunicularia) é também conhecida por caburé-do-campo, coruja-do-campo, coruja-mineira, corujinha-buraqueira, corujinha-do-buraco, guedé, urucuera, urucureia e urucuriá. Já o nome de “buraqueira” vem do fato de que ela vive em buracos que são cavados no solo.
A Reprodução da Coruja-Buraqueira
Esta coruja não reproduz em qualquer época do ano, a sua estação de reprodução começa em março ou em abril. As corujas-buraqueiras são, normalmente, monógamas, mas não é impossível que um macho da espécie tenha duas companheiras.
Quando chega a primavera, a coruja macho escolhe um buraco disponível ou escava o seu, geralmente em regiões de capim baixo, onde prenda com facilidade insetos e pequenos roedores no solo. A seguir, o casal se reveza para alargar o buraco, cavar uma galeria horizontal usando os pés e o bico e, enfim, forrar a cavidade do ninho com capim seco. Apesar de trabalharem em duplas, e do fato de que essas covas são uma espécie de refúgio para ser ocupado por um casal, as corujas-buraqueiras já foram observadas em colônias; ou seja, havia uma área muito pequena de um buraco para outro. Os estudiosos acreditam que esses agrupamentos podem ser uma resposta a uma abundância de buracos e alimento, ou ainda uma adaptação para a defesa mútua. Ou seja, os membros da colônia podem alertar aos outros sobre a aproximação de predadores, para que assim possam se juntar e abandonar o local.
O Ninho da Coruja-Buraqueira
A coruja-buraqueira geralmente escolhe para estabelecer seu ninho lugares que estão em locais relativamente arenosos, e com a vegetação baixa. E elas também são capazes de procriar em gramado aberto ou em pradaria. Além disso, elas podem até mesmo, por vezes, adaptar-se a outras áreas abertas como aeroportos, campos de golfe, campos agrícolas, entre outros locais que são produtos da ação humana. As covas, ou buracos, onde estas corujas se aninham são subterrâneas e longas; e podem também ter sido criadas por outros animais. Apenas se as covas não estão disponíveis e a terra não é dura ou rochosa, que as corujas escavam o próprio buraco. Estas covas têm entre 1,5 metro e 3 metros de profundidade, e entre 30 cm e 90 cm de largura sob a terra. O fundo do túnel é forrado com capim seco. A coruja põe seus ovos neste local, e geralmente são de 5 a 11 ovos, sendo o número mais comum entre 7 e 9 ovos brancos e redondos. Já a incubação dura acontece entre 28 e 30 dias, e é executada somente pela fêmea da espécie. Enquanto isso, o macho fica encarregado de providenciar a alimentação e a proteção para os seus futuros filhotes. Além disso, essa espécie também se aninha em estruturas rasas, subterrâneas e também artificiais, que possuem fácil acesso para a superfície.
Outro aspecto importante sobre a sua reprodução é que, quando a fêmea recém choca os seus ovos, os pais ficam muito agressivos. Isso acontece porque eles visam proteger as suas futuras crias. Quando se aproxima de seu ninho um animal, seja um cachorro, um gato, ou um homem, a coruja fica agressiva.
Retomando o revestimento da toca das corujas, temos um fato interessante para expor: o material mais comum para o revestimento de seu ninho é o estrume. Não se preocupe se achou estranho, a seguir iremos explicar o motivo.
O estrume é posto dentro da câmara do ninho, e em volta da entrada. Antigamente, os estudiosos acreditavam que a coruja fazia isso para mascaram o cheiro dos seus ovos e das suas crias, com o objetivo de protegê-los dos predadores. Entretanto, atualmente foi descoberta uma utilização muito mais nutritiva e, também, criativa. O estrume nas tocas proporciona uma fonte fácil de alimentação para as fêmeas incubadoras e, consequentemente, também para os machos, que passam grande parte do seu tempo protegendo os buracos dos ninhos e não têm tanta oportunidade para praticar a caça. Isso acontece porque as tocas que contêm estrume possuem dez vezes mais besouro-do-estrume do que naquelas das corujas que não utilizam estrume! Esse esterco também serve para ajudar a controlar o microclima dentro da cova; ou seja, não o deixa quente demais.
Os Cuidados com a Cria da Coruja-Buraqueira
Como já mencionamos, antes mesmo do nascimento as crias já são protegidas pelos seus pais, e depois que elas nascem nada muda. Os cuidados do filhote enquanto ele ainda está no ninho são responsabilidade do macho da espécie; e os filhotes saem do ninho com cerca de 44 dias, e já começam a caçar insetos quando têm entre 49 e 56 dias. Basicamente, depois da eclosão (momento em que as crias estão desenvolvidas o suficiente para começar a se libertar do ovo, estando prontos para nascer, como crias), o macho cuida dos filhotes por dois meses, que é o período aproximado que as crias levam até aprender a se defender.
Quando surge qualquer sinal de perigo, a coruja buraqueira emite um som muito alto, forte e estridente. Quando as crias da coruja-buraqueira escutam o alerta, elas entram para o ninho. Enquanto isso, os adultos voam para pousos onde são expostos, e atacam qualquer fonte de perigo para os seus filhos. Estes animais se defendem normalmente voando em direção a um possível predador, e desviando dele no último momento. Os invasores, sendo eles até mesmo humanos, são muito registrados sendo espantados pelas corujas. É importante ressaltar que não são somente as corujas-buraqueiras adultas que emitem sons, os filhotes também os emitem: quando perturbados, eles produzem um som que espanta os possíveis predadores, pois se assemelha ao som emitido pela cobra cascavel.