Como Criar Abelha Uruçu Nordestina

A criação de abelhas é uma atividade que pode ser feita por qualquer pessoa, bastando ter o mínimo de equipamento possível para essa tarefa, além de disposição, claro. Por isso, algumas espécies de abelhas podem ser criadas de maneira muito mais simples do que se imagina.

Uma das espécies mais criadas em cativeiro no Brasil é a abelha uruçu nordestina. Mas, você sabe como criá-la da forma mais adequada?

Nas próximas linhas, explicaremos como fazer isso, além, é claro, de dar mais informações a respeito dessa espécie de abelha, que pode trazer muitos frutos pra você.

Aspectos Principais

A abelha uruçu nordestina (de nome científico Melipona scutellaris) é também chamada de uruçu verdadeira, e é uma das espécies sem ferrão mais comuns no Brasil. Tanto é que é uma das que mais as pessoas gostam de criar no Norte e Nordeste do país. O nome “uruçu” vem da língua tupi (“eiru su”), e significa, literalmente, “grande abelha”.

O mel que ela fabrica é de ótima qualidade e muito gostoso, além do material que ela usa para fazer o seu ninho ter se mostrado uma fonte muito boa de agentes antibiofilme, além de apresentar avanços contra células cancerígenas em baixas concentrações. Claro, tudo isso ainda sendo devidamente estudado, mas, mostra muito bem como a natureza pode nos ajudar em diversos aspectos.

Com cerca de 12 mm de comprimento, essas abelhas foram uma das primeiras espécies a serem domesticadas por povos indígenas, bem como, depois, foram os colonizadores portugueses a aprenderem técnicas de criação, e passarem a cultivar colônias dessas abelhas no Nordeste brasileiro.

Essas colônias, por sinal, podem chegar a ter aproximadamente 6000 abelhas, e estando em condições favoráveis (ou seja, em ambientes com boa floração para a polinização do néctar), a produção de mel pode alcançar 10 litros por ano. E, é justamente por isso que a espécie se mostra tão atraente para quem deseja produzir mel de ótima qualidade, e em larga escala.

Habitats Naturais

A Melipona scutellaris constrói as suas colônias em cavidades nos troncos das árvores usando cerumem, que é uma mistura de cera, resinas e florais. Esse material é usado pelas abelhas em diferentes proporções, seja para confeccionar potes de armazenamento na colmeia, seja para a construção das células das crias, ou seja simplesmente para as aberturas das entradas dos ninhos.

É quando várias células na colmeia ficam justapostas que surgem os favos, que podem ser horizontais ou helicoidais (este último, mais raro). Quando finalmente a abelha nasce, a célula de cria é automaticamente desmanchada, e o cerume é reaproveitado para outras construções importantes dentro da colônia.

Devido ao desmatamento da Mata Atlântica, essa espécie, hoje em dia, é ameaçada de extinção. Pra piorar, a abelha uruçu nordestina tem uma preferência floral mais seletiva do que as abelhas europeias, por exemplo, o que facilita ainda mais a sua extinção a longo prazo.

No entanto, muitas colônias estão sendo mantidas através de criadores por aí. E, você? Sabe como criar abelha uruçu nordestina?

Tendo as suas Próprias Abelhas Uruçus Nordestinas

Parece que é muito complicado criar abelhas de quaisquer espécies, mas, não é. Em especial, esta aqui. Pelo fato da abelha urucu nordestina ser robusta e resistente, basta que o criador tenha cuidados com manejo mínimos, e que as revisões da colônia sejam feitas de maneira periódica.

Por sinal, é muito importante que se tenha armadilhas para forídeos, que são pequenas moscas que simplesmente destroem as colônias da maioria das espécies de abelhas em ferrão. Pode ter certeza: elas são verdadeiras pragas para as abelhas urucus nordestinas.

As revisões periódicas precisam ser feitas de 15 em 15 dias mais ou menos, em especial, verificando a quantidade de abelhas presentes na colônia, a quantidade de alimento estocado e a limpeza da caixa onde fica o próprio enxame.

Caso a colônia que você crie seja pequena, com poucas abelhas, o ideal é alimentá-las com comida energética. Por exemplo: a cada três dias, coloque 50 ml desse tipo de alimentação dentro dela, que será mais do que suficiente.

Em relação à caixa, muitos usam o modelo Nordestino, mais conhecida como caixote. Porém, o melhor modelo para a criação dessa espécie de abelha são as caixas INPA, aperfeiçoadas pelo pesquisador Fernando Oliveira quando trabalhou no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Em geral, as medidas são de 20 cm x 20 cm internos, já que os discos de crias chegam a medir cerca de 16 cm de diâmetro.

Já em relação à espessura da caixa, isso vai depender muito do clima em que você esteja. Se for no Sul, onde faz bastante frio, o ideal é que a espessura seja algo em torno de 5 cm.

Divisão de Enxames

A divisão dos enxames é bastante simples, até porque não é preciso uma realeira para desenvolver uma rainha. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados pontuais, como não dividir uma colônia fraca. Como essas abelhas são bem suscetíveis ao aparecimento de forídeos, é importante que a colônia esteja repleta de campeiras.

Já, se o enxame for forte, retire de dois a três discos de cria maduros. Depois, coloque-os em uma nova caixa, apoiados por bolinhas de cera. É bom salientar que não é indicado deixar os discos de cria em contato direto com a madeira da caixa.

Dica? Dê algumas batidas na caixa antiga, e deixe que todas as campeiras saiam. Logo após, coloque a nova caixa no luar da matriz, afastando-a, pelo menos, a uns 10 metros de distância. Também facilite o trabalho de suas abelhas fornecendo cera alveolada na divisão. Assim, o tempo de trabalho delas é reduzido.

Nos discos de cria, irão nascer princesas virgens, com a colônia escolhendo uma apenas para ser a sua rainha. Entre 15 e 30 dias, você já pode observar a postura da nova rainha. No entanto, caso passe 30 ou 40 dias, e não tiver postura no enxame, é recomendável introduzir mais um ou dois discos de cria maduros, visto que a colônia continua sem rainha, e isso pode fazer a xolônia deixar de existir.

Gostou das dicas? Esperamos que sim, e que a sua criação de abelhas uruçus nordestinas cresça, e dê, principalmente, muito mel.