Algumas espécies de abelhas são fáceis de encontrar, outras, não. A abelha jataí, por exemplo, não é tão fácil de encontrar assim, ao mesmo tempo em que muitas pessoas gostam de fazer criação dela, visto que se trata de uma espécie dócil.
Quer saber como achar uma abelha jataí, além de conhecer mais sobre ela? Acompanhe a leitura.
Perfil da Abelha Jataí
De nome científico Tetragonisca angustula, essa abelha também é chamada popularmente de jataí-amarela, abelha-ouro, jati, abelha-mirim, mosquitinha-verdadeira, sete-portas, três-portas e abelha de botas. Trata-se de um inseto social, com ampla distribuição pelo Brasil.
Em se tratando de aparência física, essa abelha possui cabeça e tórax pretos, abdômen escuro e pernas pardacentas. Já o seu comprimento é mínimo, medindo cerca de 4 milímetros apenas. Com relação à sua morada, ela constrói ninhos com cera em espaços ocos na natureza que encontrar, como, por exemplo, em buracos nas árvores.
O seu ninho tem formato que parece um dedo de luva, sendo, em geral, ramificado, e com uma entrada onde a abelha pode simplesmente fechar a qualquer sinal de perigo. Inclusive, essa tática de defesa é usada por outros insetos, a exemplo da abelha iratim e de certas espécies de formigas.
Um dos hábitos mais curiosos que essa espécie de abelha tem é o de morder a roupa das pessoas, ou até mesmo se enroscar nos cabelos delas caso seja provocada. Porém, não tem o que temer: a abelha jataí é das espécies que não tem ferrão, e é considerada muito dócil. Tanto é que se trata de uma das preferidas dos apicultores para o manejo.
Trata-se também da uma das muitas espécies que produzem mel. O da abelha jataí possui um aroma suave e muito valorizado, no entanto, é bastante escasso.
Habitat Natural
A abelha jataí é amplamente distribuída tanto na América Central, quanto na América do Sul. É uma espécie que já foi encontrada desde o norte do México até o sul da Argentina. Não é à toa que esse bichinho foi rotulado como sendo uma das espécies de abelhas mais difundidas nos neotrópicos.
Existe, por sinal, uma subespécie (a T. angustula fiebrigi), que é encontrada mais ao hemisfério sul, principalmente em algumas partes da Argentina, do Brasil e do Paraguai. Outra subespécie (a T. angustula angustula) é bem mais presente em nosso país, sendo também encontrada mais ao hemisfério norte, ocupando Panamá, Venezuela, Costa Rica, Nicarágua, entre outros países.
No entanto, na Mata Atlântica, devido ao desmatamento em decorrência das plantações de cana-de-açúcar, a abelha jataí passou a ser uma raridade nessa área, bem como outra espécie de abelha sem ferrão, a Melipona scutellaris.
Já, os ninhos da jataí podem ser encontrados em diversas configurações possíveis, sendo encontrados também em florestas estruturadas, em florestas esgotadas e em ambientes urbanos. Assim como outras espécies sem ferrão, a abelha jataí procura por cavidades pré-existentes, sejam furos em troncos de árvores, seja em buracos nas paredes, ou até mesmo em ninhos abandonados de cupins e formigas.
Ciclo da Colônia da Abelha Jataí
A colônia dessa abelha só se reproduz uma vez por ano, ao contrário de outras espécies que podem se reproduzir até 4 vezes ao ano. O maior ciclo da colônia acontece no verão, e a maioria das incubações ocorre entre os meses de dezembro e março. São épocas do ano onde se tem as melhores condições de forrageamento, assegurando assim alimento suficiente para todos da colônia, principalmente, para as larvas.
As colônias são formadas por enxameamento, quando uma jovem rainha e um grupo de operárias deixam o ninho da mãe para encontrarem um novo local que será o seu ninho. Antes de enxamear, de fato, as abelhas exploram as cavidades existentes na área para ver em que condições estão. Essa exploração dura de dois dias a duas semanas. Em geral, os novos locais dos ninhos estão a poucos metros do ninho original da mãe.
Os recursos são transferidos de um ninho para o outro, incluindo aí produtos como o mel, o pólen e a cera. No entanto, o novo ninho vai ter pequenos estoques em comparação ao original, da mãe. A cera, por sinal, serve para vedação de rachaduras e furos na nova morada.
Local do novo ninho encontrado, a cavidade passa a ser limpa, e depois que estiver pronta para ser habitada, as operárias constroem vários favos de cria horizontais no centro dele. A câmara de cria vai, então, ser cercada por uma câmara de cera (um invólucro), o que auxilia no controle da temperatura no local de incubação.
Assim como outras abelhas sem ferrão, a jataí adiciona um tubo de entrada em seus ninhos. Feito de cera, esse tubo tem como finalidade a proteção a predadores. Medindo cerca de 2 cm de comprimento por 0,6 cm de diâmetro, em geral, é fechado durante a noite, como se fosse uma “porta”. As abelhas “soldado”, inclusive, podem ser vistas guardando essa entrada 24 horas.
Interação Com Humanos
As abelhas jataí têm muita habilidade para conviver conosco em espaços urbanos. Podem construir os seus ninhos em uma variedade de lugares, até mesmo em furos provenientes de alvenaria. Na maior parte das vezes, nós nem estamos cientes da presença dessa abelha em certos ambientes. Essa “discrição”, digamos assim, unido ao fato delas não terem ferrão, faz com que as abelhas jataí sejam ótimas para serem criadas por apicultores.
O mel produzido por essa espécie é conhecido em alguns lugares como “mel de anjo”. Além do sabor característico, esse produto possui propriedades medicinais, e ainda tem sido estudado nos últimos anos para combater determinados tipos de infecções. Esse mel, na verdade, é composto por açúcares simples, água e cinzas. Uma combinação que pode ser afetada devido à estação ou ao clima da região.
E, claro, como acontece com diversas espécies de abelhas, a jataí está se tornando cada vez mais rara, o que é bastante prejudicial para o nosso meio ambiente, já que a polinização que elas fazem é de suma importância, inclusive, para a produção de alimento na agricultura. O que faz com que fiquemos atentos para evitar que um grande desequilíbrio natural aconteça.