Você já ouviu falar da tática de guerra japonesa chamada de “kamikaze”? É provável que sim, já que essa tática ganhou muita fama após a Segunda Guerra Mundial.
Isso porque, já no fim da guerra, quando não tinha mais tantos homens ou tantas armas para encarar os Estados Unidos, o Japão passou e enfrentar os estadunidenses de uma forma muito peculiar: em último caso, eles simplesmente atiravam os aviões em direção a embarcações ou outras aeronaves americanas e, mesmo morrendo, os soldados asiáticos também levavam consigo algumas mortes de soldados americanos para o túmulo.
É uma história muito anormal e completamente diferente de tudo, não é? Porém, e se dissermos que isso acontece com alguma frequência no reino animal?
Conheça a Formiga Colobopsis Explodens
Pois é exatamente assim que se defende a formiga denominada cientificamente de Colobopsis explodens. Não entendeu nada? Isso porque a explicação ainda não foi dada. O que acontece com as formigas dessa espécie é que, para defender a si próprias ou para defender a colônia, elas são capazes de se explodir e, assim, liberar uma secreção gosmenta sobre os inimigos.
Essa secreção é capaz de retardar em muito o avanço dos inimigos, sendo tão forte ao ponto de até mesmo matar alguns inimigos que tentam invadir a colônia. Por mais que a ação possa parecer um tanto quanto sem nexo para os seres-humanos, tudo começa a fazer mais sentido quando se tem noção de que as formigas vivem por e para a sua sociedade, fazendo tudo e tomando todas as suas decisões em prol dessa sociedade.
Portanto, é bastante comum que as formigas em geral pensem mais nos ganhos coletivos do que nos problemas individuais. Dessa forma, se é possível retardar o avanço de um ataque inimigo de alguma maneira, nem que seja morrendo para isso, as formigas o farão com prazer.
Pois, assim como os japoneses na Segunda Guerra Mundial, as formigas acreditam estar lutando por algo muito maior que elas próprias.
A Coletividade das Formigas
Esse senso de coletividade das formigas em geral pode ser visto em um estudo científico realizado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 2004. Apesar de as formigas usadas para o estudo terem sido as formigas-de-ferrão e não as Colobopsis explodens, é possível observar muito bem como o coletivo está acima do individual para as formigas e como estar em grupo e pensar como uma colônia social faz das formigas seres mais fortes.
O estudo realizado foi feito da seguinte forma, como descrito abaixo.
Três grupos de formigas-de-ferrão foram separados, sendo um com poucos membros, outro com mais alguns e um último grupo formado por muitas formigas. Todas foram analisadas dia-a-dia em um local adequado para tal, em um ambiente controlado pelos pesquisadores.
As condições do ambiente foram iguais para os três grupos, mas os resultados observados na prática foram muito diferentes para esses grupos. Assim, como resultado final da pesquisa, foi possível constatar que, quanto mais as formigas-de-ferrão permanecem em grupo e quanto maior for o grupo, mais chances elas têm de sobreviver e de aumentar a sua qualidade de vida.
Em sentido contrário, quanto mais as formigas se mantém sozinhas, mais chances têm de morrer.
Onde Vivem as Formigas Colobopsis Explodens e o Nome Científico
As formigas do tipo Colobopsis explodens são chamadas no Brasil pelo seu próprio nome científico, não existindo uma outra denominação para esse tipo de formiga. Portanto, Colobopsis explodens já é o nome científico das formigas “kamikaze”.
Já o local originário dessas formigas é muito distante do Brasil e, muito por isso, tais formigas não são populares no país. O que acontece é que as formigas Colobopsis explodens vivem em ilhas da Ásia, mais precisamente e em maiores grupos nas florestas do Bornéu.
Bornéu é uma ilha bastante grande e florestada que se localiza na Ásia, sendo dividiada entre a Malásia, a Indonésia e Brunei. Assim, em um local de temperaturas atas e muita umidade no ar, as chuvas são um tanto quanto frequentes e as formigas Colobopsis explodens necessitaram se adaptar a isso ao longo do tempo.
Outro ponto muito interessante é que, como as formigas encontram muitos inimigos naturais no lugar, já que vivem em ambientes de florestas que possuem diversos outros seres, foi preciso desenvolver ao longo dos anos e dos séculos uma técnica capaz de realmente afastar os predadores das suas colônias.
Isso serve para proteger o estoque de comida feito pelas formigas, além de proteger a rainha e também evitar que o local de abrigo desses artrópodes seja destruído.
Para realizar tudo isso, a evolução biológica das formigas Colobopsis explodens fez com que elas fossem capazes de “se explodir” contra inimigos para conseguir proteger umas às outras e, acima de tudo, proteger o lugar onde a colônia foi formada.
Como Acontece a “Explosão” da Formiga Colobopsis Explodens
A formiga Colobopsis explodens não faz exatamente uma explosão para afastar os seus inimigos, sendo tudo muito bem explicado por fatores biológicos. O que acontece, na prática, é que as formigas dessa espécie possuem a capacidade de flexionar a sua parte traseira de forma tão forte que o abdômen se rompe os órgãos são atirados para todos os lados.
Em meio a isso, um líquido interno dessas formigas também é atirado para todos os lados e atinge em cheio os inimigos que tentam invadir a colônia. Esse líquido é uma secreção amarelada e com tom de gosma, que possui cheiro semelhante ao curry americano.
Essas formigas foram descobertas e catalogadas há pouco tempo pelos cientistas, que usaram a espécie como modelo para futuras descobertas de outras espécies de formigas semelhantes. Desde 2018, quando foi descoberta, diversos conteúdos já foram publicados a respeito das formigas Colobopsis explodens, embora as informações sobre o atrópode ainda sejam muito escassas no Brasil.
Essas formigas já haviam sido mencionadas na literatura biológica em 1916, há um século, mas faltavam evidências para afirmar que elas realmente existiam e para precisar o seu comportamento e o estilo de vida desses animais. Contudo, com o passar dos anos, cada vez mais informações levavam a crer que as formigas realmente existiam.
Até que, em 2018, elas foram finalmente catalogadas.