A Família Colubridae
Os hábitos alimentares da cobra dormideira estão necessariamente ligados à constituição biológica das espécies pertencentes à família Colubridae. Estas geralmente caracterizam-se por não serem venenosas, e muitas delas até inofensivas, como é o caso da Sibynomorphus mikanii (nome científico da “cobra dormideira”).
Por esse motivo, a sua preferência é para animais que não ofereçam-lhes muita resistência, como as lesmas, moluscos, minhocas e demais espécies semelhantes.
Ao todo são cerca de 2 mil espécies de colubridae, que repesentam mais 70% de um total de mais de 2.900 variedades de serpentes registradas até o momento.
São espécies como as falsas-corais ( a Oxyrhopus guibei), a boipeva (Waglerophis merremii), a muçurana (Clelia clelia), a surucucu-do-brejo (Hydrodynastes gigas), as cobras-cipós (Philodryas nattereri), as cobras-d’água (Liophis miliaris), além da parelheira, boiupu, caninana, entre outras variedades.
De um modo geral, essas espécies são, na sua maioria, dóceis, inofensivas e facilmente adaptáveis ao convívio humano — por isso mesmo são as mais apreciadas como animais de estimação.
Algumas das suas características, como por exemplo, o pequeno comprimento, dentição áglifa (presas incapazes de expelir veneno), pouca agressividade, entre outras particularidades, as tornam bem mais estudadas, descritas e analisadas.
E essas análises geralmente são feitas do ponto de vista da sua reprodução, hábitos alimentares, comportamento na natureza, dimorfismo sexual (diferença de comprimento entre machos e fêmeas), etc.
Mas apesar de tanta doçura, é necessário não esquecer de que se trata de animais selvagens e, como tal, dispostos a lutarem, bravamente, pela sua sobrevivência e território. Como é o caso das muçuranas, philodryas, corais-falsas, entre outras, que podem ser bem agressivas em determinadas circunstâncias.
É uma preocupação que não se tem com as cobras dormideiras, por exemplo, cuja alimentação restringe-se, basicamente, às espécies mais inferiores na escala da evolução.
A Cobra Dormideira
Uma curiosidade sobre a cobra dormideira é que ela é uma parente próxima da temida Bothrops jararacussu. Mas esse parentesco limita-se apenas a algumas questões biológicas pois, diferentemente destas, a dormideira não oferece qualquer risco a quem deseje manipulá-la.
Isso porque ela não é venenosa, e nem mesmo possuem aquelas famosas presas com canalículos especialmente projetados para inocular veneno.
O seu habitat preferido são os resquícios ainda existentes de Mata Atlântica no Brasil, além de trechos do pantanal Mato-grossense, do cerrado da região sudeste, da vegetação típica dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, além de ecossistemas de países como Paraguai, Uruguai, Argentina, entre outras nações da América do Sul.
Por ser uma espécie malacófaga (carnívoro que só se alimenta de carnes leves), a cobra dormideira alimenta-se basicamente de moluscos, os quais devora tendo o cuidado de preservar as suas conchas— as quais não aproveita.
Algo não tão incomum assim é deparar-se, de repente, com uma dessas curiosas espécies bem dentro da sua casa, especialmente nos vasos de platas e jardins. Muitas vezes acontece de os seus ovos serem transportados para esses locais, e lá encontrarem as condições necessárias, inclusive alimentares, para se desenvolverem de forma adequada.
Não são poucos os relatos, surpreendentes, da presença desse animal dentro de residências. Como o caso da experiência de uma dona de casa catarinense que, ao abrir a geladeira, levou um susto: Lá estava ela, confortavelmente enrolada entre as folhas de alface. Provavelmente transportada da lavoura para o supermercado, e de lá até à sua residência.
Quando estão adultas, as dormideiras costumam medir entre 20 e 40 cm, são dóceis e inofensivas— e por isso mesmo costumam ser as primeiras espécies com quais as crianças mantêm um contato mais próximo, como uma forma de, digamos, familiarizá-las com esse misterioso e, de certa forma, arrepiante universo dos ofídios.
Como as Cobras Dormideiras se Alimentam?
Como vimos, a alimentação das cobras dormideiras consiste, basicamente, de moluscos, como: lesmas, caramujos, minhocas, caracóis, entre outras espécies sem conchas e fáceis de serem capturadas.
Na verdade, dentro desse misterioso ecossistema baseado na luta pela sobrevivência, ela é mais uma vítima em potencial do que propriamente uma predadora, como a sua condição de ofídio pode levar a crer.
Hortas, lavouras, pastagens, jardins e bosques são os seus ambiente preferidos, e onde elas costumam realizar, graças a essa sua preferência, um importante controle das mais diversas pragas que assolam essas vegetações.
São espécies que não ultrapassam os 40cm de comprimento, possuem uma coloração marrom (com detalhes brancos, castanhos ou pretos) e são ovíparas (reproduzem-se por meio da postura de ovos).
Para que não haja dúvidas sobre essas suas preferências, basta lembrar que elas possuem o curioso apelido de “come-lesmas”, uma clara referência aos seu hábito de caçar, especialmente em incursões noturnas, essas espécies em jardins, troncos de árvores, arbustos, vasos de plantas, vegetais em decomposição, entre outros locais que lhes ofereçam essas saborosas iguarias.
Enfim, uma cobra que, apesar de ser uma parente próxima da temida jararacuçu, é totalmente inofensiva, não-peçonhenta, dá preferência a moluscos e demais espécies inferiores, e vive, basicamente, em jardins, hortas, pastagens, vasos de plantas, entre entre outros locais semelhantes.
A Subjugação das Suas Presas
Como foi dito acima, a maioria das colubridae caracterizam-se por não inocularem veneno, e nem mesmo utilizarem-se da constrição para imobilizar as suas vítimas. Isso por conta de uma estrutura frágil, inexistência (ou existência limitada) de peçonha, baixo potencial de agressividade, boa adaptação ao ambiente urbano (que limita os seus instintos), entre outras características biológicas.
Logo, a saída para espécies como as dormideiras, por exemplo, é contentarem-se com espécies mais frágeis, com estruturas musculoesqueléticas simples, pouca capacidade de locomoção e facilmente digeríveis.
Especies como as lesmas, minhocas, caramujos e caracóis, portanto, acumulam todas essas características, e, por isso mesmo, são praticamente varridos dos locais onde vivem espécies como as dormideiras.
A técnica utilizada por elas para a captura desse tipo de presa é a mais simples possível. Elas simplesmente as atacam (preferencialmente quando estão a uma distância não superior a 20 cm), utilizando-se apenas da ajuda de uma substância ácida presente em suas salivas, que lhes permite engoli-las, ainda vivas, ou mesmo após paralisá-las por alguns segundos.
E é dessa forma que alimentam-se as cobras dormideiras. Ela dá preferência a moluscos, lesmas, pequenos ovos, minhocas, rãs, entre entre outras espécies semelhantes, que não exigem um esforço excessivo, e nem mesmo uma habilidade especial para a caça.
É dessa forma que alimentam-se as dormideiras diante dessa agressiva luta pela sobrevivência. Mas fique à vontade para acrescentar algo mais a esse artigo. E não deixem de compartilhar as nossas publicações.