A cobra caninana, na verdade é uma serpente, uma serpente com listras amarelas e pretas, que, sem dúvida, pode ser considerada um dos animais mais injustiçados da natureza.
Diferentemente do que a sua fama pode nos leva a crer, ela não é peçonhenta, e muito menos traiçoeira, pois o mais comum é que ela fuja sempre que percebe a presença do homem.
Mas talvez — e essa é a explicação mais plausível — essa fama deva-se à sua curiosa agressividade, que muitas vezes pode ser comparada a uma verdadeira representação teatral.
Ao ser ameaçada, ela, de imediato, dilata toda a região em volta do pescoço, emite ruídos estranhos, movimenta-se de forma ameaçadora; mas, ao final, caso não seja mais importunada, o espetáculo fica só nisso mesmo, e prefere fugir, e correr atrás de uma boa presa, em lugar de um cansativo e desgastante confronto com seres humanos.
O seu nome científico é Spilotes pullatus, mas também pode ser conhecida, em algumas regiões do Brasil, como jacaninã, cobra-tigre, araboia, caninana, entre outras denominações.
Essa espécie pode atingir até 2,40 m, e é famosa pela sua agilidade (é considerada uma das mais velozes do planeta), além de ser uma das mais fáceis de serem encontradas nos topos das árvores — apesar de apresentarem a mesma desenvoltura no solo.
Ela pode ter como habitat as regiões mais variadas (especialmente nas Américas), desde a América Central até a América do Sul, em países como México, Uruguai, Argentina, Brasil, Paraguai, Costa Rica, El Salvador, Trinidad e Tobago, entre outros países de ambos os continentes.
O fato de ser uma cobra preta com listras amarelas (ou seria amarela com listras pretas!?), lhe traz um ar de exotismo e singularidade, que acaba conflitando com a fama de ser uma verdadeira “caninana”.
Como a Caninana se Alimenta?
A cobra caninana, com suas inconfundíveis listras amarelas, é um animal com hábitos diurnos, bastante afeita ao conforto das copas das árvores e com a mesma desenvoltura na terra e na água— o que a faz ser uma das serpentes mais adaptáveis da natureza.
A sua preferência é para pequenos mamíferos, roedores, ovos, aves de pequeno porte, mas em situações de extrema necessidades elas podem tornar-se bastante agressivas e atacar animais com até 10 vezes a sua estrutura física.
Não é por outro motivo que, no Brasil, ela pode ser considerada, sem dúvida, uma das que mais impõem respeito, mesmo não sendo capaz de inocular veneno em suas vítimas.
Essa perfeita representante do gênero colubridae, diferentemente de outras espécies, não se contenta apenas em esperar pela sua presa, calma e serenamente escondida entre as ramagens.
Ela é bastante ousada!, e as caça onde quer que elas estejam— por isso mesmo, é o grande pavor das aves, que se veem com extrema dificuldades de livrar os seus filhotinhos de uma presença tão ameaçadora.
A sua técnica de captura é semelhante às das demais serpentes com dentição áglifa, ou seja, maciças e sem canais para emissão de veneno. Ela prefere esmagar as sus vítimas por constrição, e logo após engolí-las, calmamente, e, muitas vezes, quando ainda estão vivas.
O que se diz é que a caninana, logo que avista a sua presa, corre incansavelmente até alcançá-la, para atingí-la com uma das suas especialidades: um bote rápido, objetivo e que dificilmente erra durante um ataque .
Reprodução da Caninana
A caninana, como foi dito acima, é um animal com hábitos diurnos, e que dá preferência por regiões próximas a lagos, rios, lagoas, bosques, árvores, arbustos; e é geralmente essa a região escolhida por ela para por seus ovos — como é típico de uma animal ovíparo do gênero colubridae.
Após a gestação, a fêmea escolhe regiões úmidas, próximas de rios, em um ambiente arbóreo, para pôr seus ovos — entre 15 e 20 por ninhada.
É possível encontrar ninhos de caninanas em regiões do Brasil com climas mais leves, como nos cerrados e onde ainda houver resquícios de Mata Atlântica, como por exemplo, na zona costeira da região Nordeste, nos cerrados de Minas Gerais, ou mesmo nas regiões distantes da Amazônia.
Nas regiões de climas temperados a reprodução das caninanas ocorre apenas uma vez por ano. E as espécies terrestres parecem ser as que apresentam maiores taxas de natalidade.
Após um período de 70 dias de incubação (geralmente no verão) os ovos eclodem, dando origem a cerca de 20 filhotes.
Uma Cobra com Listras Amarelas e Bastante Exótica
A rotina da caninana, à parte o charme inconfundível de ser uma cobra com exóticas listras amarelas, também é cercada de lendas e mistérios.
Muitos indivíduos são capazes de jurar que já presenciaram uma dessas espécies em pleno vôo numa tarde quente de uma floresta brasileira. No entanto, de acordo com o especialistas, isso não passa de uma lenda.
Na verdade o que ocorre é que, tal é a velocidade com que ela se desloca entre os galhos e ramos das árvores, que a impressão que se tem é a de que ela realmente está voando.
Outra característica que também chama bastante a atenção é a sua capacidade de distender o músculo do pescoço quando sente-se ameaçada.
Nesse caso, o que ocorre é que, em situações de estresse, uma grande quantidade de ar sai dos seus pulmões e encontra a glote bloqueada. Dessa forma, graças à grande elasticidade dos tecidos que compõem a região do pescoço, o ar preso acaba distendendo essa membrana.
A caninana ainda utiliza-se de outro expediente, também bastante curioso, quando sente-se ameaçada. Ela costuma dar chicotadas com a sua cauda, enquanto açoita o solo com a mesma. De acordo com os nativos, esse é o sinal de que ela realmente não acordou com o “pé direito”, e o melhor mesmo é não cruzar o seu caminho.
A Spilotes pullatus fascina herpetólogos e indivíduos comuns, graças à sua elegância, porte imponente (cerca de 2,5 m de comprimento), a singularidade de ser uma cobra onde contrastam admiravelmente as cores amarelas e pretas, além da capacidade de possuir a mesma desenvoltura, tanto em ambientes terrestres como aquáticos, e até mesmo no topo de imensas árvores.
Por isso mesmo, a caninana costuma estar entre as serpentes mais adquiridas por colecionadores ou indivíduos que enxergam nas cobras também uma espécie de animal de estimação.
Mas o problema é que todo esse comércio é feito de forma ilegal. E ao transportar esse tipo de animal entre países, um indivíduo poderá incorrer em crime, de acordo com a legislação brasileira.
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