Os pepinos-do-mar são os principais representantes da comunidade conhecida como Holothuroidea. Essa é uma comunidade pertencente ao exótico e extravagante filo dos Equinodermos (ou Echinodermata), e como tal, eles possuem um ciclo-de-vida bastante característico, assim como também são bastante características as condições que determinam o seu tempo de vida.
Basta saber, por exemplo, que um dos principais fatores para a perpetuação dessa espécie de seres vivos é a sua abundância no fundo dos mares e oceanos. Logo, a exploração desenfreada de que eles vêm sendo vítimas nas últimas décadas configura-se como um dos principais riscos à sua sobrevivência para as gerações futuras.
Os pepinos-do-mar são animais sexuados, que necessitam de outro parceiro para a procriação. Quando chega o período reprodutivo, os gametas de ambos são lançados na correnteza para uma fecundação externa, que resulta numa espécie de larva auriculária, que torna-se um indivíduo com simetria radial quando adultos.
Dessa forma, podemos perceber que o ciclo de vida de um pepino-do-mar é um processo razoavelmente complexo, e que o seu tempo de vida irá depender da variedade a qual estamos nos referindo; sendo, porém, o mais comum que eles vivam entre 4 e 16 anos, a partir de uma larva com estrutura simples, capaz de atingir a fase adulta aos 2 ou 3 anos de idade.
Mas o curioso é que esses animais também podem reproduzir-se de forma assexuada! E isso costuma ocorrer quando por algum motivo eles desprendem-se de uma parte dos seus corpos (geralmente os órgãos internos para despistar predadores); uma parte que, se tudo ocorrer bem, em alguns poucos meses será regenerada quase que magicamente.
Pepino-do-Mar: Ciclo de Vida e Quanto Tempo eles Vivem na Natureza
Como vimos até aqui, os processos reprodutivos dos pepinos-do-mar ocorrem de forma curiosíssima. Óvulos e espermatozoides são simplesmente lançados ao mar; e lá eles incumbem-se de se encontrarem para a fecundação, que resulta numa larva com desenvolvimento indireto, ou seja, a partir de uma larva com características próprias.
O resultado é a constituição de um novo ser que se somará a outras mais de 1.700 espécies, membros da classe das Holotúrias, que caracterizam-se por apresentarem um corpo alongado e fino, viverem entre os 4 e 16 anos, além de serem afeitos a uma dieta à base de detritos, restos vegetais e plânctons que eles abocanham nas regiões mais profundas dos mares e oceanos.
Os pepinos-do-mar, como o seu nome logo nos leva a supor, possuem o formato de um pepino, só que com um tom mais para o castanho, repleto de pés ambulacrais no ventre, boca e ânus nas partes anteriores e posteriores (respectivamente), além de vários tentáculos em volta da boca, que lhes ajudam a introduzir os alimentos.
Esses animais também possuem o hábito (bastante comum nos ouriços) de enterrarem-se no substrato do fundo das águas, de onde geralmente retiram o seu alimento, enquanto protegem-se da ação dos seus principais predadores em meio às rochas e corais, nos quais eles conseguem camuflar-se, graças à sua conformação bastante característica.
O curioso é que para algumas culturas, os pepinos-do-mar são iguarias apreciadíssimas, especialmente no continente asiático, onde os seus altos níveis de “gorduras boas” (o HDL), associados a altos níveis de proteínas vegetais, os fazem estrelas de diversas receitas à base de frutos do mar.
Variedades como H. polii, a Holothuria mammata, Eostichopus regalis, H. Tubulosa e a H. arguinensis estão entre as mais consumidas, inclusive na Europa (e mais recentemente no continente americano); o que prova que quando o assunto é criatividade na culinária pouco ou quase nada sabemos das possibilidades que natureza nos oferece.
Além das Características e Tempo de Vida dos Pepinos-do-Mar, o que Mais Chama a Atenção Nessa Comunidade?
Os pepinos-do-mar deixam transcorrer os seus dias como uma espécie de verme ou lesma, a se moverem calma e pacientemente nas profundezas dos mares, alimentando-se de restos e de detritos, lutando contra o assédios dos seus principais predadores (peixes, caranguejos, lontras, entre outros), usando, para isso, a tática de desprender-se de alguns dos seus órgãos para distraí-los.
Eles são parentes relativamente próximos dos ouriços e estrelas-do-mar, e com estes comungam da curiosa habilidade de regenerarem uma parte dos seus corpos, seja como uma forma assexuada de reprodução, para despistarem um intruso, ou mesmo como uma ferramenta a mais na luta para manterem-se sempre jovens e esbeltos.
Os pepinos-do-mar são espécies que dificilmente alcançam um comprimento acima dos 30 ou 40 cm, salvo algumas exceções, como as espécies encontradas em regiões do Sudeste Asiático, que são capazes de alcançar os inacreditáveis 1,8 m de comprimento, enquanto outras, facilmente encontradas no Mar do Caribe, não ultrapassem os 4 cm.
É importante saber, também, que os pepinos-do-mar nenhum mal podem causar aos seres humanos, apesar da aparência um tanto quanto assustadora que eles adquirem nas profundezas das águas, como uma espécie de bastão coberto de tubérculos e tentáculos em volta da abertura bucal que, combinados com uma coloração escura ou meio amarronzada, os tornam espécies no mínimo extravagantes no meio ambiente.
Como a Máfia Japonesa Acabou se Rendendo aos “Encantos” dos Pepinos-do-Mar
A notícia pode até parecer meio sem propósito, mas temos que admitir que essa não deixa de ser, digamos, uma das inúmeras curiosidades sobre essa comunidade de equinodermos, que em algumas regiões do continente asiático é disputada como uma iguaria apreciadíssima; capaz, inclusive, de bater de frente com as mais cultuadas espécies de frutos do mar que conhecemos.
E agora foi a vez da Yamaguchi-gumi, uma espécie de “braço” da organização criminosa japonesa Yakuza, envolver-se no “arriscado” negócio dos pepinos-do-mar.
A informação é a de que em 2017 um dos chefes da organização foi detido com um carregamento de nada mais nada menos do que 60 toneladas dessa espécie, o que resultou numa multa de quase US$ 1 milhão de dólares – uma bagatela, se considerados os números astronômicos com os quais o grupo trabalha.
Suspeita-se que a Europa seja uma espécie de paraíso para a interceptação da mercadoria, que pode ser vendida a mais de 350 euros o quilo – o que configura-se como um negócio altamente lucrativo, principalmente quando realizado de forma ilegal.
O problema é que a reprodução, ciclo de vida e mesmo o tempo em que os pepinos-do-mar vivem nos oceanos dependem, necessariamente, de que exista uma população relativamente grande de indivíduos, o que já vem sendo difícil de alcançar, graças à exploração excessiva, que até já à os torna espécies raras em algumas regiões.
E o problema ainda vai além, pois quando se leva em conta que os pepinos-do-mar realizam um excelente trabalho de limpeza das águas, devido ao seu apetite voraz pelos mais diversos tipos de detritos, chegamos à conclusão de que, mais uma vez, quando o homem não trabalha diretamente pela destruição da natureza, ele logo encontra formas indiretas de tornarem-se verdadeiros inimigos do meio ambiente.
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