Ao assistir filmes e séries ambientadas em florestas, com a presença de caçadores, é muito certo, em algum momento da história, apareça algum cervo (ou veado, como também é conhecido), protagonista, inclusive, do famoso desenho “Bambi”. São animais bem interessantes, e que merecem ser melhor conhecidos.
Características Básicas dos Cervos
De nome científico Cervidae, os cervos fazem parte de uma família de animais cujas características mais marcantes são terem cascos e serem ruminantes. É nessa família que temos, por exemplo, o alce e o caribu como representantes. Geograficamente, os cervos são animais muito bem distribuídos ao redor do planeta, com exceção da Austrália e da Antártida.
Porém, a grande distinção em relação a outros ruminantes, é que o cervo possui galhadas bem proeminentes em sua cabeça, ao invés dos tradicionais cornos (ou chifres). Essas galhadas, por sinal, são estruturas ósseas que se desenvolvem todos os anos (assim como o nosso cabelo e as nossas unhas, por exemplo). Em geral, elas pertencem exclusivamente aos machos.
Além disso, os cervos também possuem grandes orelhas, rabos muito pequenos, e pernas finas e longas. Em cada um de seus pés, possuem dois cascos pequenos e dois grandes. Já em se tratando da pelagem, ela é, em geral, marrom e lisa, com algumas áreas brancas no peito e na garganta. Nas estações mais frias do ano, contudo, alguns tipos de cervos possuem uma pelagem mais espessa.
Quanto ao tamanho, de acordo com as espécies, pode variar bastante. O pudu, por exemplo, que vive na Cordilheira dos Andes, é o menor cervo que existe, com cerca de 30 cm de altura, apenas. Já o alce é o maior desses animais, podendo chegar a 2,1 m na altura dos ombros. Comumente, as fêmeas são menores do que os machos (outra diferenciação além das galhadas).
Por sinal, essas galhadas tão características dos machos servem como armas em brigas por fêmeas na época do acasalamento. E, como já dito anteriormente, eles perdem essas estruturas, que são renovadas anualmente.
Comportamento Típico dos Cervos
Em se tratando de alimentação, os cervos comem essencialmente plantas, como liquens, ramos e cascas de árvores. Como todo qualquer ruminante que se preze, eles mastigam a comida, engolem-na e depois a trazem do volta do próprio estômago em forma de massa, com o objetivo de mastigar tudo de novo. Aí, sim, eles engolem a comida em definitivo.
Com relação ao comportamento social, os cervos costumam ficar em pequenos grupos familiares. No entanto, alguns machos costumam ficar solitários durante algum tempo. Em lugares onde o clima é muito quente, os cervos acasalam em qualquer época do ano. Já em regiões frias, o acasalamento ocorre essencialmente no outono ou no inverno.
Em geral, as fêmeas costumam ter um ou dois filhotes de cada vez, e os pequenos cervos só se tornam adultos, de fato, com uns três anos de vida.
A Relação dos Cervos com os Seres Humanos
A caça aos cervos é um costume que vem desde a Antiguidade, devido à sua carne, seu couro e sua galhada (todos, elementos aproveitados pelo homem). Com o passar do tempo, no entanto, caçar cervos virou um “esporte” no EUA, e em muitos outros lugares. Também é bom deixar claro que, em alguns lugares, a caça se deve ao controle populacional desses animais. No Brasil, atualmente, essa é uma prática proibida para todo e qualquer animal silvestre.
E, claro, em algumas regiões ao redor do mundo, os cervos estão ameaçados de extinção, devido, justamente, à caça e ao desmatamento.
O Cervo Brazuca
Sim, pra quem não sabe, nós temos o nosso próprio cervo, que é o do Pantanal, cujo nome científico é Blastocerus dichotomus. O seu habitat se estendia, antigamente, por entre várzeas e margens de rios na América do Sul, indo do sul do rio Amazonas ao norte da Argentina. Porém, atualmente, essa espécie só pode ser encontrada no Pantanal, mais precisamente na bacia do rio Guaporé, na ilha do Bananal e em Esteros del Iberá (uma mistura de ecossistemas presentes na Argentina).
É o maior cervo sul-americano, chagando a ter 1,30 m de altura, e a pesar cerca de 125 kg. Seus hábitos são, geralmente, diurnos e solitários, possuindo como predadores naturais a onça pintada e a onça parda. Só que em locais aonde vem ocorrendo uma maciça interferência do homem, o cervo do pantanal está passando a ter hábitos noturnos, como pode-se verificar na bacia do rio Paraná. Já a sua alimentação se constitui, basicamente, de plantas aquáticas.
A população dessa espécie diminuiu muito no século XX, o que fez com que organizações ligadas à proteção dos animais colocassem o cervo do pantanal como um membro da lista de seres ameaçados de extinção. A sua caça foi proibida mais precisamente no ano de 1967.
O “Mistério” da Regeneração das Galhadas dos Cervos
Essas ramificações ósseas externas chamadas de galhadas nos cervos intrigavam alguns cientistas, que não entendiam como essas formações quebravam numa determinada estação do ano, para “brotarem” numa estação posterior. Só que, recentemente, alguns cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiram desvendar um pouco dessa questão.
Segundo os estudiosos, o crescimento das galhadas dos cervos se deve à ação de dois genes, o uhrf1 (que é o que possibilita a rápida proliferação das células ósseas), e o s100a10 (que é o que possibilita uma rápida mineralização, ou seja, endurecimento ósseo). E, é justamente a ação conjunta desses genes que faz com que as galhadas dos cervos crescem tão rápido, e de maneira tão eficiente. De acordo com essa descoberta, a essas estrutura óssea específica desses animais pode crescer até 2 cm por dia no verão.
Agora, com base nessa descoberta, os cientistas querem fazer uso terapêutico desses genes em seres humanos, mais especificamente, no tratamento de problemas ósseos, como é o caso da osteoporose. É um estudo bem interessante, e que não visa perturbar o animal em seu habitat, como acontece com a caça, e a destruição do seu ecossistema.
No futuro, quem sabe se ações assim possam ser bem mais recorrentes, e possamos ter animais fascinantes como os cervos vivendo em paz na natureza.