Um estudo de 2018 mostrou que já não existem mais cavalos selvagens no mundo, sendo que os últimos já foram domesticados ou, então, mortos pelas pessoas. Dessa maneira, a relação entre homem e cavalo pode ser muito bem exemplificada a partir desse fato, considerando que os cavalos quase sempre serviram às pessoas e, em geral, costumam aceitar bem esse serviço.
Como recompensa, os cavalos têm comida à vontade, água liberada e, ademais, podem passar boa parte do dia dormindo e sem preocupações em relação a predadores.
Contudo, nem sempre as coisas aconteceram assim, já que no passado o cavalo era apenas mais um animal selvagem que, aparentemente, jamais seria domesticado pelo homem. Quando os espanhóis conquistaram o continente latino-americano, por exemplo, usaram de cavalos e trouxeram diversos exemplares para o Novo Mundo.
O fato era totalmente novo para os nativos, que sequer sabiam do que se tratava os animais em muitos casos ou, então, não faziam ideia de que era possível domesticar os cavalos.
Conheça o Tarpã
Assim, com o tempo o número de animais selvagens foi diminuindo, mas sobretudo o número de cavalos selvagens foi desaparecendo. Até o ponto em que, atualmente, simplesmente já não existem mais cavalos selvagens, que vivem livres na natureza.
Contudo, um dos cavalos selvagens mais conhecidos de toda a humanidade é o cavalo selvagem euroasiático, que pode ser chamado de tarpã e costuma ser comumente conhecido assim. Dessa maneira, o tarpã é uma subespécie já extinta de cavalo selvagem, até mesmo pelo fato de que já não existe esse tipo de cavalo na natureza.
Assim, há ainda dois tipos de tarpã, aquele típico das estepes e aquele típico das áreas de bosque. Ao longo dos anos, quando o tarpã era tido como um cavalo forte e resistente, havia bastante discussão sobre qual modelo de tarpã era o melhor.
O Tarpã das Estepes
O tarpã das estepes tem origem na Rússia, em planícies adaptadas ao seu modo de vida ou, então, em florestas abertas que facilitavam a sua locomoção. Assim, o tarpã das estepes foi extinto entre 1850 e 1866, quando os 20 últimos exemplares de tarpã foram mortos.
Isso porque, àquela época na Ucrânia, os tarpã das estepes eram animais selvagens que tratavam muito mal as lavouras dos agricultores, comendo boa parte da plantação e, ademais, pisoteando a outra metade das terras agrícolas.
Portanto, era bastante natural montar equipes e sair em busca de grupos de tarpã ou outros cavalos selvagens, assassinando-os sempre que possível. Houve, em 1879, o aparecimento de uma égua que pode ter sido semelhante a um exemplar de tarpã. A égua era bastante selvagem, muito forte e, além disso, bastante rápida.
Porém, nesse mesmo ano a égua foi perseguida e morta pelos cidadãos locais.
O Tarpã dos Bosques
O tarpã dos bosques era aquele que habitava as florestas da Europa central, entre a Polônia e a atual Alemanha. Os últimos relatos comprovados da presença do tarpã dos bosques se deram entre 1810 e 1815, sendo apenas boatos não confirmados as notícias posteriores de que poderia haver ainda mais exemplares de tarpã livres na natureza.
Assim, entre 1918 e 1919 há relatos de pessoas que afirmam ter visto o tarpã dos bosques na Alemanha, em sua parte mais rural. Entretanto, até mesmo pela Primeira Guerra Mundial que havia acontecido na Europa anos antes, era simplesmente impossível que um cavalo dessa raça não fosse usado para guerrear e, assim, morresse em batalha.
De qualquer forma, há muitas lendas na Polônia e na Alemanha em relação ao cavalo tarpã, que até os dias atuais ainda é conhecido pelos habitantes locais.
Busca Pela Recriação do Tarpã
Quando uma raça é extinta, é natural que as pessoas se lamentem e busquem a recriação dessa raça ou espécie. Mesmo que o tarpã tenha sido extinto pela mão das pessoas, isso também aconteceu com essa raça de cavalo, que sofreu tentativas consecutivas de recriação sem o mínimo sucesso.
O tarpã, assim, sofreu tentativa de recriação em 1930 através da criação seletiva, mas os resultados sempre foram muito ruins e jamais sequer se aproximaram dos relatos dos tarpãs mais antigos e originais.
Assim, as tentativas foram finalizadas sem sucesso. Há, atualmente, algumas raças que são erradamente chamadas de tarpã, mas a nomenclatura é incorreta, visto que o tarpã verdadeiro já está extinto.
Por Que os Cavalos Selvagens Foram Extintos?
Os cavalos selvagens foram extintos pelo fato de que, quando domesticados e obrigados a cruzar com outras raças, novas espécies são criadas e, dessa forma, aquela espécie primária de cavalo selvagem deixa de existir. Assim, é natural que exista até hoje traços do tarpã, por exemplo, em cavalos vivos, embora esses traços genéticos já sejam mínimos em relação ao todo.
Assim, os cavalos selvagens não deixaram simplesmente de existir, mas foram levados a isso por cruzamentos controlados pelas pessoas e, ademais, pela morte daqueles cavalos que não conseguiram se adaptar aos desejos dos homens.
Portanto, a partir desse momento as diferentes raças de cavalos selvagens foram sendo cada vez mais empurradas para longe de civilização, até o momento em que já não havia mais para onde ir sem causar problemas para as pessoas e os cavalos selvagens foram mortos ou domesticados.
Além disso, em 2018 os estudos científicos com DNA mostraram que já não há cavalos selvagens livres na natureza, como havia há centenas de anos.
Entenda Como Eram as Características do Tarpã
O tarpã era um cavalo de cerca de 1,3 metro de altura, um padrão tido como pequeno atualmente. O cavalo tinha riscos e traços muito bem definidos em suas extremidades, o que dava uma aparência bastante forte ao animal.
Os olhos, além disso, eram muito pequenos e as orelhas compridas. O pescoço do tarpã era curto, com uma crina bastante vasta em comparação a outros animais.
Fora esses detalhes, o tarpã ainda era muito resistente, sendo capaz de suportar temperaturas baixíssimas e vier muito bem em locais como a Ucrânia, a Rússia, a Polônia e a Alemanha, por exemplo.
O tarpã ainda era conhecido por comer muito e pastar por longos períodos ao longo de um dia, algo tido como ruim pelos agricultores.