Especialmente no Nordeste do Brasil, comer frutos do mar é algo muito comum e faz parte do dia a dia das pessoas. Isso se dá pela proximidade do mar e mangues, além de ter sido toda uma cultura econômica criada voltada para esse tipo de alimentação. Um dos animais mais criados para esse destino é o caranguejo. O processo todo de comer caranguejo é algo similar ao de acender e segurar o cigarro nos dedos: bem simbólico. Há até o jogo de utensílios vendidos para comer caranguejo, que contém o martelo e a tábua.
Existem diversas espécies de caranguejos por aí, e muitíssimas delas encontradas aqui no Brasil. Uma delas, que é extremamente conhecida, é a do caranguejo Aratu, também chamado de caranguejo marinheiro. E é sobre ele que iremos falar no post de hoje. Mostraremos um pouco mais sobre suas características, classificação, nicho e habitat, tudo isso com fotos! Continue lendo para aprender mais.
Características Físicas do Aratu
Aratu é utilizado para designar alguns caranguejos que fazem parte da família Sesarmidae. Entretanto, é mais comum ao utilizar esse nome popularmente, estarmos falando do Aratus pisonii. Dependendo do local, ele também pode ser chamado de aratupeba, carapinha e até aratu marinheiro, ou só marinheiro.
Seu nome provém do tupi, que significa barulho da queda ou o tombo de cima. A espécie pisonii é conhecida por ser capaz de subir com facilidade nas árvores de mangues, e é lá que ficam para se alimentar e acasalar.
Ele faz parte da ordem dos decapodas, ou seja, que possuem dez pés. Há uma menor quantidade de fêmeas, e elas são menores na questão de tamanho em relação aos machos. Seu corpo é achatado e considerado de porte médio. A carapaça dura feita de quitina é quadrada, com suas patas distribuídas pela lateral.
Seus olhos ficam nas bordas em estilo antenas, e não exatamente na cabeça. A coloração varia, alguns possuem carapaça vermelha, e esse é o mais conhecido. Mas também podem ter cor roxa ou marrom escuro. Suas patas possuem cerdas e pelos de proteção. As fêmeas possuem o abdômen largo, pois é lá que incubam os ovos. Já no caso dos machos, o abdômen é estreito.
Habitat e Nicho Ecológico do Aratu
O habitat natural do aratu, ou seja, o local em que ele vive, é bem variado. Você pode encontra-lo no Brasil, desde o Piauí até o Paraná. Mas também é possível vê-lo em países como México, Peru, Estados Unidos, as Guianas, Nicarágua e vários outros. Eles vivem nos conhecidos manguezais, que são áreas estuarias, ligando o ambiente terrestre e o marinho.
Permanece boa parte do tempo emerso, e ocupam habitats com grau de salinidade bem diferentes. Apesar de preferirem os mais salinos, com valor entre 22 e 35% de salinidade. Ficam tanto nas bordas, quanto no meio do mangue, se adaptando em qualquer micro-habitat. Ele é chamado de animal arborícola, pois é encontrado em ramos e troncos de árvores nos manguezais. Apesar de viverem lá, não constroem suas próprias tocas. Costumam invadir a habitação de outros caranguejos no solo.
Quanto ao nicho ecológico desse animal, podemos dizer que se caracteriza por tudo que ele realiza durante o dia a dia por toda sua vida. Começando pela sua alimentação, ele apresenta uma dieta variada. Come folhas, além de pequenos insetos e restos de animais mortos. São chamados de onívoros, e costumam comer caranguejos menores, como o Uca. Quem for criar um desses em casa, é interessante não o colocar junto com outros caranguejos, pois também é bastante briguento.
Eles ingerem propágulos de diversas espécies de árvores do mangue, influenciando sua distribuição. Porém, de acordo com a análise de conteúdos estomacais dessa espécie, houve uma descoberta de que há uma grande quantidade de sedimento foi encontrado no estômago, indicando que, em termos de volume, detritos representam o componente principal da sua dieta. Entretanto, mostrou também uma variedade muito maior de alimentos do que outros caranguejos de manguezais, confirmando seu caráter oportunista e generalista.
Quando são criados em cativeiro, necessitam de um balanço adequado entre Fósforo e Cálcio, principalmente em relação ao último. É importante também evitar um excesso de proteínas na dieta, mantendo uma dieta básica de vegetais.
Eles são ativos durante o dia e noite, dependendo do local em que vivem, vai mudando um pouco mais sua “rotina”. A reprodução do Aratu é bem semelhante a todos os outros caranguejos e até siris. Quando chega a estação de reprodução, que varia muito de local para local, mas sempre evitando os meses mais frios, os caranguejos começam o acasalamento. Após isso, a fêmea incuba os ovos, fator pelo qual ela é menor que os machos.
E então os caranguejos lançam milhares de larvas na água, que são carregadas até o mar pela correnteza e a maré cheia. De lá, eles começam a se desenvolver e em mais ou menos um mês, completam seu desenvolvimento e saem do mar, retornando ao estuário.
Os ovos são bem pequenos, medindo cerca de 0,3 mm. Para conseguir uma boa quantidade de filhos, lançam mais de 170 mil ovos em uma única desova. Algo muito importante em relação aos aratus, é que eles servem como indicativo de equilíbrio no ecossistema. Quando existe algum impacto na vegetação ou na água por perto, sua população começa a cair de forma brusca, podendo chegar até a desaparecer. É uma ótima maneira dos cientistas saberem o que está acontecendo com a fauna e flora do estuário.
A captura desse caranguejo é feita por um artefato artesanal formado por vara, linha e isca. Os tipos de isca utilizados são normalmente tripa de galinha ou carne de charque. Durante a pesca, as catadoras lançam a isca para a superfície do substrato. Em seguida, o Aratu utiliza o quelípodo para recolher a isca, de modo que fica preso ao anzol, e é logo jogado para dentro de um saco.
Esperamos que o post tenha te ajudado a entender e aprender um pouco mais sobre o caranguejo Aratu e suas características. Não esqueça de deixar seu comentário nos contando o que achou e também deixar suas dúvidas. Ficaremos felizes em responde-las. Você pode ler mais sobre caranguejos e outros assuntos de biologia aqui no site!