O Ambiente Aquático e a Vida na Terra
O nosso planeta se chama Terra, em alusão as partes secas ondem vivem os seres vivos terrestres, incluindo assim a nossa própria espécie mamífera primata Homo sapiens.
Entretanto, se quiséssemos mudar o nome do planeta para Água, não seria assim tão absurdo, já que mais de 70% da superfície está submersa pelos oceanos e mares (o que corresponde quase a totalidade da água no planeta, a do tipo salgada) assim também por rios e bacias hidrográficas (a chamada água doce, muito mais escassa, a qual nós dependemos para viver).
A vida no planeta, e grande parte de sua evolução através das eras, deu-se dentro da água, já que tanto a Terra primitiva apresentava outra configuração continental, quanto, para o surgimento da vida como conhecemos e toda a troca de matéria e energia envolvida no processo, é necessário um solvente onde ocorresse tais dinâmicas bioquímicas.
Mesmo quando a vida saiu da água e dominou o ambiente terrestre, muitas formas fizeram o caminho inverso e voltaram a viver no ambiente aquático, como os exemplos clássicos dos cetáceos (baleias, golfinhos, botos), os mamíferos aquáticos.
Inclusive, existem pesquisadores que defendem uma teoria de que nós, humanos, fomos moldados aquaticamente, ou seja: só conseguimos ficar com a coluna ereta e andar usando os dois membros inferiores devido ancestrais que viveram em habitats aquáticos.
Chamada de Teoria do Macaco Aquático (Aquatic Ape Theory), ela proclama que ancestrais dos humanos, por viverem muitos próximos à rios e lagos em busca de alimentos, foram moldados a partir desta pressão ambiental, selecionando indivíduos sem de pelos (já que somos muito menos peludos que nossos primos macacos), assim como o empuxo da água nos deu o suporte para nos locomovermos apenas com os dois pés.
Apesar de ainda ser defendida, e fazer até sentido para explicar diferentes lacunas que existem na evolução humana, tal teoria é duramente refutada pela academia e a comunidade científica especializada, devido à falta de evidências necessárias para confirma-la (material antropológico, fósseis e outros indícios do tipo).
Entretanto a Teoria do Macaco Aquático não ser cientificamente aceita, isso ainda não impediria a ideia de batizarmos o planeta de Água, pois – além da vida ter iniciado na água como dito anteriormente – consideremos ainda que o nosso corpo é composto por mais de 70% do líquido, e que ela está envolvida em todos as funções biológicas que os seres vivos necessitam para sobreviver, deste à fotossíntese passando pela respiração e a fermentação.
Os Seres Aquáticos e Sua Diversidade
Como dito, a vida iniciou na água, foi para o ambiente terrestre e se espalhou nele e, apesar de muitas espécies ainda continuaram na água, outras tantos que na terra se desenvolveram voltaram para o ambiente aquático.
Por assim, existem representantes de vida aquática em todos os reinos biológicos, incluindo ainda aquelas entidades orgânicas que não estão localizadas em nenhum dos cinco reinos, como os vírus (os parasitas obrigatórios).
Lembrando quais são os cinco reinos que compõem a vida aqui na Terra: Monera (bactérias), Protozoa (os protozoários), Fungi (os fungos) Plantae (os vegetais) e Metazoa (os animais).
Bactérias estão em todos os ambientes do nosso planeta, e a região aquática não é exceção: consideramos ainda que o verdadeiro pulmão do mundo pertence ao reino Monera, estas injetam oxigênio continuamente na nossa atmosfera a partir do consumo do gás carbono (as cianobactérias, bactérias presentes no plâncton dos mares, chamadas assim de fitoplâncton, que por apresentarem clorofila em suas células possuem a capacidade de realizar fotossíntese).
Os protozoários, também como as bactérias, são seres unicelulares e vivem na superfície aquática, entretanto os seus representantes não possuem clorofila, por assim não realizam fotossíntese: também estão presentes em grande quantidade na superfície planctônica dos mares, tendo importante participação nas cadeias alimentares e ecologias desses ambientes.
Fungos aquáticos são bastante comuns, com muitas espécies sendo importantes decompositores destes habitats, assumindo o papel de reciclador da matéria orgânica.
Plantas aquáticas são bastantes comum, pois sabemos que as duas primeiras divisões – na escala evolutiva – deste reino são estritamente dependentes da água, seja total no caso das algas, seja parcial nos casos das briófitas, tendo ainda espécies de pteridófitas, gimnospermas e angiospermas aquáticas.
Por fim, os animais, cujo representantes aquáticos estão espalhados por todos os táxons e subdivisões, seja nos invertebrados (poríferos, cnidários, equinodermos, moluscos, crustáceos) e nos vertebrados (peixes e anfíbios, e em menores proporções os répteis, aves e mamíferos).
Peixes: Os Vertebrados Exclusivamente Aquáticos
Peixes são usualmente referidos ao grupo dos cordados, os primeiros vertebrados, desconsiderando grupos mais primitivos como os anfioxos e os tunicados (o elo evolutivo dos vertebrados com os invertebrados).
Necessariamente aquático, ao contrário dos anfíbios que possuem apenas a fase larval dentro da água, peixes são divididos em três grupos de acordo com sua morfologia e estrutura corporal: o grupo dos mandibulados, que correspondem aos peixes ósseos (Osteichthyes) e os cartilaginosos (Chondrichthyes), e os peixes sem mandíbulas (Agnatha).
Dentro dos mandibulados, é famosa a divisão dos peixes ósseos e cartilaginosos, em especial nas aulas de biologia, quando os exemplos clássicos são utilizados para os alunos absorverem melhor a informação: tubarão e arraias são peixes cartilaginosos enquanto os peixes de menores são os ósseos.
Apesar de a composição da estrutura do esqueleto ser a principal divisão entre ambos os grupos, outras características podem ser identificadas para diferencia-los, por exemplo: a disposição das brânquias no corpo (seus aparelhos respiratórios), pois enquanto os peixes cartilaginosos não possuem proteção em suas brânquias, os ósseos apresentam uma membrana protetora, não a deixando exposta diretamente ao ambiente externo; as escamas também são um dos caracteres utilizados para separa-los, pois os peixes ósseos possuem escamas que tem a sua origem na derme, enquanto nos cartilaginosos a origem das escamas é na derme e na epiderme.
Quanto a ecologia, os cartilaginosos são em sua maioria marinhos (entretanto existir espécies em água doce), enquanto os ósseos estão bem distribuídos em ambos ambientes aquáticos, tendo uma maior adaptabilidade e valência ecológica para conquistar o ambiente aquático.
A Arraia: Peixe Cartilaginoso Encontrado na Água Doce e na Salgada
Arraias (também chamadas apenas de raias) são representantes dos peixes cartilaginosos, entretanto não se assimilar fisionomicamente com seus parentes tubarões: enquanto estes têm aspectos morfológicos similares aos peixes ósseos, conforme a divisão corporal e as barbatanas e fendas branquiais dispostas lateralmente no corpo deles, a arraia apresentando fendas brânquias na parte inferior (ventral), tendo seu corpo mais achatado com suas barbatanas se confundindo como a expansão lateral, assumindo assim a conhecida forma de disco.
A região terminal também difere dos tubarões, já que na arraia o formato é de uma cauda alongada, podendo ainda algumas espécies apresentarem um ferrão peçonhento nessa região, sendo um possível perigo aos seres humanos expostos.
Também ao contrário dos tubarões, as arraias possuem representantes exclusivamente em água doce, podendo citar os biomas amazônico e o Pantanal como exemplo de localização destes peixes cartilaginosos.
Seu formato de disco pode assustar aqueles que nunca viram uma arraia por perto, principalmente devido essa assimetria quando comparada com os outros peixes, já que sua boca e suas fendas branquiais ficam localizadas na parte inferior do corpo (ventral).
Por esta disposição ventral da boca que muitas espécies possuem um comportamento de arrasto em fundo arenosos, para isso forrageando possíveis peixes e invertebrados para a sua dieta.
Também importante lembrar, há espécies marítimas de arrais que causam choques elétricos: com a fisiologia semelhante à das enguias e outros peixes-elétricos (estes presentes tanto em água doce como na salgada), tais animais possuem tecidos celulares (eletrócitos) que conseguem gerar um elevado potencial elétrico, fazendo assim o uso deste mecanismo para defesa contra possíveis predadores.