Todos gostamos de um bom petisco quando vamos aproveitar de um tempo na praia. Um dos principais alimentos para se comer nesse ambiente é o camarão. Esse animal possui diversas espécies, mas dentre elas, existe uma com características um tanto peculiares: o Camarão Pitu. Mas, quais são as suas características? Como é sua reprodução? E como criar essa espécie em cativeiro? É o que você descobrirá agora no seguinte artigo.
Características Gerais do Camarão Pitu
Taxonomia
O Camarão Pitu faz parte do filo dos Artrópodes, que são o grupo de animais invertebrados que como proteção, apresentam uma espécie de armadura em seu exterior, chamada exoesqueleto. Ainda dentro dos artrópodes, os Camarões Pitu fazem parte do subfilo dos Crustáceos, sendo em sua maioria, representados por animais marinhos como lagostas, caranguejos e siris.
Sua classe é a Malacostraca, sua ordem é a Decapoda (que apresentam 10 patas) e sua família Palaemonidae. Esta família abrange o total de 950 espécies de vida marinha, em sua maioria. Dela se subdividem dois gêneros, sendo o do Camarão Pitu o Macrobrachium, portanto, essa espécie é conhecida cientificamente por Macrobrachium carcinus: do nome grego makros (grande ou longo) + bakhion (que significa braço). Já Pitu, é uma palavra da língua indígena tupi, que significa “casca escura”. Ele também é conhecido por: Lagosta-de-São-Fidélis, Camarão-Canela, Lagosta-de-água-doce ou Calambau.
Outras espécies do gênero Macrobrachium são:
- Camarão-da-Amazônia (Macrobrachium amazonicum)
- Camarão-da-Malásia (Macrobrachium rosenbergii)
- Camarão-do-Rio (Macrobrachium borellii)
Morfologia
Os Camarões Pitu têm dimorfismo sexual, ou seja, o macho se diferencia da fêmea em suas características morfológicas. A fêmea é evidentemente menor em relação ao macho, atingindo 18 cm de comprimento; possui o tórax mais largo, para a câmara de incubação dos ovos. Já os machos têm quase o dobro do tamanho: com suas garras proeminentes, alcançam a faixa dos 30 cm. Ambos pesam cerca de 300 gramas e são considerados a maior espécie de camarão nativa de água doce.
Além das grandes garras, têm uma textura lisa em seu exoesqueleto. Quando pequenos, têm a coloração transparente; mas a medida que crescem, vão se tornando escuros – em um preto-azulado ou marrons -, e como característica padrão, duas faixas ao longo de suas laterais com a cor clara: que pode ser amarelo ou laranja.
Camarões dessa família possuem o rostro (uma espécie de cabeça) pequeno com pequenos dentes (no total de 11 a 14); sua mandíbula apresenta palpos (articulações dos invertebrados): télson, dáctilo e pereiópode.
Habitat, Alimentação e Comportamento do Camarão Pitu
O Camarão Pitu pode ser encontrado tanto em águas-doces, quanto em águas salobras; por isso, não costumam estar muito longe de regiões litorâneas ou em porções longínquas às deságuas de afluentes. São originários de uma pequena parte do Oceano Atlântico e rios afluentes (que vão desde a Flórida, nos EUA; até o Rio Grande do Sul, no Brasil). Gostam de viver em meio a correnteza, com fundos rochosos.
É um animal de hábitos onívoros, logo se alimenta de vegetais como algas e outras plantas aquáticas; pequenos peixes, animais mortos e ração apropriada. Por seu comportamento agressivo, podem ter hábitos canibais, se alimentando de outros camarões, como espécies menores; adultos (pós-muda) e filhotes de sua própria espécie.
Os camarões utilizam suas duas antenas (que se assemelham a chicotes) para que se orientem ao buscar alimento. A grossa parte inferior de cada antena projeta-se para fora, para que a parte mais fina e flexível – que é o dobro do tamanho do camarão -, siga a pista pelo lado de trás. Das sete variedades de pelos de cada antena do camarão, apenas duas são sensíveis ao olfato, as outras cuidam do tato. Esses pelos da parte inferior da antena podem detectar odores de até 20 metros de distância.
Têm hábitos noturnos, sem para caçar à noite e ficam escondidos em qualquer abrigo durante o dia. Caso sintam falta de alimentos à base de proteína animal, se tornam cada vez mais agressivos.
Reprodução do Camarão Pitu
A reprodução do Camarão Pitu ocorre em condições naturais, ou seja, em meio ao habitat do animal. Por isso, para que as larvas nascidas de seus ovos sobrevivam, é preciso que a água seja salobra (com a quantidade adequada de sal).
O coito ocorre entre junho e julho (do Brasil), período em que a fêmea está fértil. Após o macho fecundar a fêmea, esta produz os ovos fecundados e os armazena em seu tórax, no local de incubação, onde estarão por cerca de três a cinco semanas. Após eclodirem, as larvas se encaminham para os estuários (divisa entre rio e o mar) que têm condições de salinidade propícias para que se desenvolvam.
O Pitu percorre cerca de doze fases larvais, começando pela zoea (com 2 mm de comprimento) e chegando a fase carnívora, já no estágio final de seu desenvolvimento para a fase adulta.
Como Criar o Camarão Pitu?
Essa espécie de Camarão requer cuidados específicos para sua criação em aquários. Antes de mais nada, é importante lembrar que o Camarão Pitu, por ser muito agressivo, não deve conviver com outras espécies de animais, pois seu instinto predatório e canibalístico impede uma convivência pacifica.
É desejável que esta espécie seja criada sozinha em um grande aquário, porém, é possível criá-la com peixes maiores (desde que o aquário comporte todos os animais). O grande recipiente deve atingir, no mínimo, cerca de 80 L; sendo que a água tenha a acidez entre 6 a 8 de pH, a temperatura de 20 a 30 °C e com o estado salobroso.
É necessário que o criador tenha o cuidado de oferecer uma dieta próxima ao estado primitivo da espécie, com algas, animais (como pequenos peixes e resíduos vegetais) e outros camarões.
Preservação do Camarão Pitu
Atualmente esse animal se encontra em situação de provável perigo de extinção, de acordo com a lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Sua condição vulnerável é causada por diversos fatores, dentre eles:
- a pesca excessiva e ilegal;
- criação de represas e barragens em seu habitat;
- destruição de seu habitat, com o aumento de zonas urbanas
Mesmo com a criação da lei que impede a pesca do Camarão Pitu (Instrução Normativa MMA n.º 04/2005), a atividade é uma das fontes de renda mais lucrativas do Brasil, fazendo do animal um item de peso na economia de populações ribeirinhas do Nordeste e Norte do país. Com seu sabor e texturas de exímia qualidade (em comparação a outras espécies de camarão), é alimento de alto requinte na culinária tradicional dessas regiões.