Conhecido também como Bugio-do-pantanal, Guariba-preto e Barbado, o Bugio-preto (Alouatta caraya) é uma espécie de primata quase ameaçada. Embora as pesquisas somem mais de 10 mil indivíduos maduros da espécie, a redução populacional deverá aproximar-se de 30% em três gerações, devido à fragmentação, desconexão e perda de habitat, epidemias, incêndios, pecuária, agricultura, caça, vulnerabilidade e tráfico de animais.
Segundo o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, a espécie não é considerada em risco de extinção no Brasil, mas está inclusa como “vulnerável” em duas listas regionais (São Paulo e Rio Grande do Sul) e “em perigo” no Paraná.
Os bugios são sensíveis ao vírus da febre amarela, por esse motivo são considerados indicadores da presença do vírus. Eles não transmitem o vírus, mas alertam para a presença do vírus no local onde estão.
A espécie ocorre em muitos estados brasileiros, dentre eles Goiás (incluindo o Distrito Federal), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Piauí Maranhão, Pará, Roraima, Tocantins e São Paulo.
O fato de variar o regime alimentar de folhas para ovos, faz com que a espécie tenha perspectiva maior de vida. Assim como as demais espécies do gênero Alouatta, o Bugio-preto emite vocalizações para marcar seu território. É o macho alpha que apresenta vocalizações e inicia buscas quando há suspeita de invasão de território por grupos estranhos.
Curiosidades sobe o Bugio
- O bugio tem visão de três cores, diferente da maioria dos macacos do Novo Mundo.
- Normalmente movimentam-se sobre quatro patas, mas o rabo dá uma grande ajuda em muitas situações, pois aguenta o peso de seu corpo.
Características do Bugio-Preto
- O macho adulto é preto.
- Fêmeas e filhotes são castanho-amarelados.
- São animais maciços e pesados em relação a outros primatas.
- Machos pesam cerca de 6,7 quilos.
- Fêmeas pesam 4,5 quilos.
- Machos juvenis passam a ser pretos quando atingem 5 quilos de peso.
- Possuem dieta folívora (à base de folhas, mas podem variar para dieta onívora.
- É um dos raros primatas que ingerem folhas frescas, difícil para sua digestão.
- Animais da espécie passam muito tempo descansando por consumir muita energia no consumo de folhas.
- Além de limitar os movimentos, para ganhar um pouco mais de energia, precisam consumir muitos quilos de folhas, cerca de um terço do peso.
- Possuem uma das vocalizações mais potentes do reino animal.
- Emite vocalizações potentes por terem um osso hioide, desenvolvido para esta finalidade.
- Tanto o macho quanto a fêmea emitem uivos de advertência para os grupos rivais.
- Geralmente uivam à tarde, mas também durante a noite, especialmente em noites de lua cheia.
- Geralmente vivem em grupos pequenos de cerca de cinco animais, machos e fêmeas. Mas podem reunir-se em grupos de até 20 indivíduos.
- Vivem aproximadamente 20 anos.
- Possuem hábitos diurnos.
- Maturidade do Macho – 6 anos.
- Maturidade da Fêmea – 4 a 5 anos.
- Possuem narinas bem separadas e nariz achatado.
- Apresentam pelagem espessa.
- Têm rabo preênsil que se agarram a qualquer coisa.
Habitat
Ocorrem em savanas e florestas tropicais do sudoeste e centro do Brasil, leste da Bolívia e do Paraguai, extremo noroeste do Uruguai e nordeste da Argentina. Essa espécie é típica dos biomas do Cerrado e Pantanal, encontrada também nos pampas gaúchos e floresta estacional semidecidual, ocupando maior área de distribuição geográfica no gênero.
Reprodução
- Gestação – de quatro a cinco meses.
- Época reprodutiva – todos os meses do ano.
- Número de Filhotes – Um.
- Peso filhote 120 a 130 gramas.
- Alimentação na natureza – folhas e frutas.
- Alimentação em cativeiro – iogurte, verduras e frutas.
Origem
Os bugios são da subfamília monotípica Aluattinae, do gênero Alouatta, composto por macacos do Novo Mundo, conhecidos como macaco-uivador, barbado, guariba ou bugio. As espécies e subespécies são descritas por Hill (1962), Rylands (2000), Groves (1001/2005 e Gregorin 2006.
Espécies de Bugios
Existem 14 espécies de bugios. Destas, dez são encontradas no Brasil, ao longo de cadeias montanhosas que separam os grupos e nas proximidades dos grandes rios, com Negro, Paraná, Madeira, Tapajós e Amazonas.
Primatas Brasileiros em Extinção
Cerca de 65% de primatas do mundo todo habitam países tropicais como República Democrática do Congo, Madagascar, Indonésia e Brasil. São 286 espécies, sendo 60% delas ameaçadas de extinção. A caça comercial de carne silvestre no Congo é a responsável pela ameaça a 36 espécies lá existentes. Já as 102 espécies de primatas existentes no Brasil, assim como 48 da Indonésia e 100 de Madagascar são ameaçadas de extinção pela perda e fragmentação de habitats.
O declínio populacional também está ligado, em todos os casos acima, a doenças infecciosas repassadas por humanos e animais domésticos, ao comércio ilegal, à proliferação de espécies invasoras, à mineração e extração de combustíveis fósseis, à expansão agrícola e urbana.
Na África
As principais responsáveis pela extinção de primatas no país africano são as mineradoras, que atraídas pelas reservas de tântalo (metal muito usado em eletrônicos) destruíram comunidades de chimpanzés orientais e gorilas-de-grauer (Gorilla beringei graueri). Também o lêmue-de-cauda-anelada (Lemur catta) teve sua sobrevivência afetada em Madagascar pela mineração ilegal de pedras preciosas, cobalto e níquel em florestas e áreas protegidas.
Na Indonésia
O perigo para as espécies da Indonésia vem da mineração do ouro, atingindo principalmente as espécies gibão-cinza (Hylobates muelleri) e macaco-narigudo (Nasalis larvatus). Já as espécies Lóris-lentos (Nycticebus spp) e orangotangos (Pongo spp), que são primatas arbóreos, estão ameaçados pela derrubada das árvores, devido às concessões de áreas florestais às mineradoras e madeireiras, especialmente nas ilhas de Bornéu e Sumatra.
No Brasil
A situação no Brasil é preocupante. Entre 1005 e 2015 a mineração ocasionou 9% de perda florestal, colocando e perigo diversas espécies que dependem do bioma, dentre elas o cuxiú-preto (Chiropotes satanás) e o saium-de-coleira (Saguinus bicolor).
Para combater a extinção dos primatas um grupo de pesquisadores considera vital a manutenção da biodiversidade e propõe as seguintes alternativas: restaurar florestas nativas, por meio de corredores ecológicos promover conexão entre os habitats, expandir áreas protegidas, exigir dos países e organizações consumidoras a compensação aos danos ambientais com a criação de um fundo ambiental e providências de espaço a práticas de sustentabilidade e energias limpas.
Classificação Científica
- Reino – Animalia
- Filo – Chordata
- Classe – Mammalia
- Ordem – Primates
- Família – Atelidae
- Gênero – Alouatta
- Espécie – A. caraya
- Nome Binomial – Alouatta caraya