A bolacha-do-mar talvez seja um desses exemplos de equinodermos que não se regeneram. Diretamente do filo Echinodermata e da classe Echinoidea, as bolachas-do-mar, ou bolachas-da-praia, surgem como um típico animal exótico que caracteriza-se por ser encontrado com o corpo todo ele enterrado na areia.
Especialmente nos períodos de maré baixa, eles preferem manter-se convenientemente escondidos, alimentado-se de restos vegetais e animais, e demais substratos que conseguem recolher por meio das suas “podias” ou espinhos que ficam entorno da sua abertura bucal.
Calcula-se que as bolachas-do-mar estejam entre nos há pelo menos 66 milhões de anos, desde que disputavam com os seus parentes mais próximos, os pepinos, estrelas e ouriços-do-mar, a sobrevivência em pleno ambiente rico e hostil de praticamente todos os oceanos do planeta.
Não precisa nem dizer que o seu apelido, “bolachas-da-praia”, é uma evidente alusão ao seu formato discoide; e o curioso é que esse formato, para a cultura de diversos povos, seriam moedas pertencentes às sereias, ou a lendários povos aquáticos de origem mítica, e que supostamente poderiam permitir um contato com esse seres a quem as possuísse.
A estrutura das bolachas-da-praia é formada por um endoesqueleto composto por carbonato de cálcio, que se esconde por baixo de uma cobertura cartilaginosa ou aveludada, coberta de espinhos, e que ainda pode apresentar-se de diversas cores: verde, azul, púrpura, laranja, violeta, castanho, entre outras.
Quais as Evidências De Que as Bolachas-Do-Mar Não Se Regeneram?
Diferentemente do que ocorre com estrelas e pepinos-do-mar, que possuem um mecanismo de regeneração de partes perdidas, como uma ferramenta de defesa, fuga e até mesmo como uma técnica de reprodução, as bolachas-do-mar não apresentam tais características.
O mais próximo que descobrimos disso, é o seu curioso processo de “clonagem”, por meio do qual elas se reproduzem e defendem-se de predadores no meio aquático.
O curioso é notar que até mesmo as larvas dessas bolachas-da-praia podem sofrer esse tipo de clonagem, mecanismo extremamente eficiente para evitar o assédio dos seus principais predadores, e até mesmo para a ingestão de quantidades maiores de alimento – o que nos mostra que, quando o assunto é a natureza selvagem, nada é capaz de nos surpreender!
Dentro da comunidade dos Equinodermos, as bolachas-do-mar são o exemplo clássico da evolução das espécies, pois o que se sabe é que esses indivíduos que hoje conhecemos em nada (ou em quase anda) se assemelham às espécies que viviam nas profundezas dos mares e oceanos há milhares de anos.
Esses seres podiam ser facilmente classificados como pertencentes à categoria dos animais bentônicos, que viviam nos fundos dos oceanos, juntamente com larvas, vermes e crustáceos, devidamente adaptados ao meio aquático, até que, após um longo processo de evolução, tornaram-se animais escavadores.
Eles habituaram-se à vida quase que exclusivamente sob a areia, alimentando-se de restos, como a consequência de um processo de seleção em que apenas os que possuíam essa característica (de se enterrarem) conseguiram sobreviver e perpetuar a sua espécie.
Uma Espécie Bastante Original
A dieta das bolachas-do-mar, como dissemos, limita-se, basicamente, a restos vegetais e animais, além de larvas, vermes, algas, detritos, diatomáceas, ou simplesmente o lodo onde costuma afundar-se como abrigo. Este ambiente consegue fornecer-lhes as quantidades necessárias de nutrientes para a sua sobrevivência nas melhores condições.
O habitat preferido das bolachas-da-praia são as regiões de entremarés, as zonas de substratos, regiões que ficam expostas somente em períodos de maré baixa, e que caracterizam-se por apresentarem grande quantidade de substratos – matéria orgânica nutritiva – , em meio aos quais eles fazem a festa.
Também é possível encontrar as bolachas-do-mar em regiões mais profundas (até no máximo 100m), onde podem ser avistadas em grupos (mais raramente), com uma expectativa de vida de no máximo 3 anos, de acordo com determinadas condições ambientais.
Completam as características básicas dessa espécie, um conjunto de “pés ambulacrais”, os quais, por meio de um complexo esquema hidrovascular, permite-lhes a locomoção em meio ao lodo. E ainda cabe destacar o seu conjunto de espinhos que, entre outra coisas, impedem o acúmulo de sedimentos em seu corpo.
Por fim, a reprodução das bolachas-do-mar. Esta ocorre por meio de sexos separados. Durante a fase reprodutiva, os gametas são expelidos por meio de poros que se abrem nas suas estruturas.
Estes gametas deverão ser lançados ao mar, para a fecundação externa, até que, desse processo, surjam novas espécies, inicialmente na forma de larvas nectônicas, que assumirão a sua condição bentônica, entre outras etapas até a sua fase adulta.
Curiosidades Sobre O Mundo Dos Equinodermos
Eles são, verdadeiramente, espécies únicas no ambiente não menos único e original dos mares e oceanos do planeta. Supostamente entre nós desde o distante período conhecido como Cambriano, eles chegam aos dias atuais com não mais do que 6.000 a 8.000 espécies.
O curioso é que essa é apenas a metade do número de espécies totais descritas cientificamente, já que calcula-se que entre 5.000 e 7.000 tenha sido extintas ao longo de várias eras – o que demonstra o quão pouco sabemos sobre a vida selvagem do planeta.
Apesar de não estimularem, de forma alguma, o paladar à primeira vista, há quem diga que um “bisque de estrelas do mar” é um deleite! Ouriços, pepinos e bolachas-do-mar, para algumas comunidades primitivas, podiam, sim, ser aproveitadas como um típico fruto do mar, especialmente em períodos de escassez.
Reza a lenda, também, que as bolachas-do-mar, diferentemente do que se imagina, não são apenas uma das incontáveis espécies marinhas que desenvolvem-se, abundantemente, nos mais variados ecossistemas do planeta. Nada disso!
Na verdade elas seriam as moedas com as quais as sereias, antigos habitantes da lendária ilha de Atlântida, entre outras comunidades míticas, realizavam os seus negócios – como uma espécie de moeda local que, não se sabe por qual motivo, resistiu até os nossos dias.
Mas, independentemente da lenda ou mistério que envolvam essa família de animais marinhos, o certo é que elas ajudam a compor algumas das comunidades mais exóticas e incomuns da natureza selvagem.
E ainda com um importante papel no equilíbrio dos ecossistemas marinhos, que também precisam ser preservados para as gerações futuras, com vistas a também preservar a vida humana, direta ou indiretamente dependente da sobrevivência das espécies que nos cercam.
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