Quando estamos de frente a vitrines com roupas de seda, percebemos que são roupas que imprimem ao usuário, um ar de sofisticação e elegância; sem contar a textura macia e suave do tecido. Em compensação, são vestimentas consideradas caras pela forma de produção da seda: através de casulos confeccionados pela lagarta do tipo Bicho-da-Seda. Mas afinal, será que este animal se torna uma Borboleta quando sai do casulo? É o que você descobrirá agora no seguinte artigo.
Características Gerais do Bicho-da-Seda
Taxonomia
Se você pensou que o bicho-da-seda se torna uma borboleta após sair do casulo, você está enganado. Essa espécie nada mais é do que a larva da Mariposa, conhecida cientificamente por Bombyx mori. Apesar disso, são parentes próximas das borboletas, ambas as espécies fazem parte da ordem Lepdoptera, que se divide em duas sub-ordens sendo que uma delas compreende as mariposas, a Heterocera. As mariposas estão divididas em 33 superfamílias, sendo algumas delas:
- Tineoidea
- Noctuoidea
- Bombycoidea
- Yponomeutoidea
- Urodoidea
- Lasiocampoidea
- Hepialoidea
- Geometroidea
- Hyblaeoidea
- Gracillarioidea
- Cossoidea
- Micropterigoidea
- Nepticuloidea
A mariposa do bicho-da-seda faz parte da família Bombycidae (que integra a superfamília Bombycoidea). Nesta família fazem parte 48 gêneros de mariposa, sendo o gênero desta espécie, o Bombyx. Seu nome em latim significa “Bombyx” (seda) e “mori” (amoreira); por isso, além de traça ou bruxa, esses insetos podem ser chamados de Bicho-da-seda da Amoreira.
Morfologia
Como todo inseto artrópode tem o corpo em três pedaços (chamados tagmata): a cabeça, tórax e o abdômen. A mariposa dessa espécie apresenta o corpo comprido e grosso, coberto de pelos e com a coloração branca.
Têm dimorfismo sexual, logo há diferenças entre os sexos. O macho tem antenas pretas e maiores, porém, seu corpo tem o tamanho reduzido. Já as fêmeas têm antenas menores, porém seu corpo é maior que do macho (chegando a 30 mm) e apresentam o abdômen mais largo para carregar seus ovos. Em ambos os sexos, utilizam da antena para locomoção, apesar de terem olhos compostos
Como suas parentes, apresentam dois pares de asas, porém a coloração é escura com as pontas encurvadas, como um gancho. Por serem da ordem dos Lepdoptera, suas asas contêm escamas que lhes protegem, podendo chegar aos 50 mm. Diferente das borboletas, que fecham as asas em repouso, as mariposas as deixam abertas todo o tempo.
Ciclo de Vida do Bicho-da-Seda
Como suas parentes borboletas, o ciclo de vida do Bicho da Seda é dividido em quatro etapas, porém com algumas pequenas diferenças – além é claro, de fabricar a seda. A fêmea, após acasalar, deposita seus ovos em uma folha (tanto macho quanto fêmea, morrem pouco tempo depois).
Passados 15 dias após a oviposição, os Bichos da Seda (ou lagartas) nascem bem pequenos e frágeis, sendo que sua única função neste estágio larvar é comer para crescer e acumular energia. Como o próprio nome já diz, são insetos que gostam de comer folha de amoreiras ou qualquer espécie do gênero Morus (ao qual as amoreiras fazem parte).
No estágio larval, passam por 5 modificações no corpo, saindo da aparência de pequeninos lagartos pretos, para ficarem maiores com a pele clara. Ao chegarem nesse estágio, começam a produzir seu casulo para hibernar na fase de pupa. Este casulo é feito com fios da secreção de seda, produzido por suas glândulas salivares.
Ao estarem desenvolvidos e já na forma adulta, liberam uma substância destrutiva para a seda e saem do casulo já prontos. Diferente das borboletas que nascem prontas para voar, as mariposas não conseguem manter voo devido ao peso de seu corpo.
Comportamento do Bicho-da-Seda
As mariposas do bicho-da-seda, como toda espécie de mariposa, tem hábitos noturnos. Apesar de pesadas, conseguem voar até 40 km por hora, devido à estatura longa de suas asas.
Como forma de defesa, algumas espécies de mariposas – além de terem cores e formas desenhadas em suas asas-, podem ser venenosas (principalmente quando larvas). Isso acontece, pois, ao se alimentarem de folhas tóxicas, as larvas de mariposas absorvem suas toxinas prejudicando seus predadores ao tentarem se alimentar delas. Esse efeito perdura até o final de sua vida, já em forma de mariposa.
Caso tenha contato com alguns desses insetos, é recomendado larvar a região afetada com água fria em abundância o mais rápido possível.
Cultivo da Seda
Origem
A produção da seda é originária da China e foi descoberta por volta do ano de 2700 antes de Cristo. Reza a lenda que Hsi-Ling-Shi (a então imperatriz da China ) percebeu que o casulo do bicho-de-seda se desfazia em fios, após um deles cair em sua xícara de chá. Desde então, a prática do cultivo da seda perdura a cerca de três milênios. Sua fabricação foi propagada ao redor do mundo, quando um dos imperadores romanos viajou a China para descobrir como era feita a seda: ele roubou alguns ovos de bicho-da-seda.
Já no Brasil, tanto o inseto quanto mudas de amora, chegaram nos tempos do império, por volta de 1600 a 1700. Hoje, o país ocupa o quinto lugar na produção mundial de seda, perdendo é claro para a China, a pioneira e campeã na fabricação.
Como Cultivar
Para o cultivo do tecido, é preciso que o próprio bicho-da-seda faça a maior parte do trabalho. Normalmente as indústrias fazem a sericultura dos bichos-da-seda: induzindo a cópula destes insetos, cuidando do desenvolvimento dos ovos em câmaras e ofertando folhas de amoreira às lagartas mais novas para que cheguem ao estágio final da construção do casulo.
Após a lagarta decidir qual local é o apropriado para tecer o casulo; começa a produzir o fio da seda através de suas glândulas salivares, em movimentos horizontais de forma que o entrelace dos fios seja firme e denso. Cada fio de seda produzido pelo inseto pode chegar a impressionantes 1,5 km de comprimento.
Quando o casulo estiver totalmente montado, para que a seda seja industrializada, é preciso matar a pupa antes que se desenvolvam, aquecendo os casulos para que a lagarta morra desidratada. Após isso, é feito o processo da triagem dos casulos: sendo os predominantemente brancos selecionados para sedas de melhor qualidade (por isso, com o valor maior) e o resto, para sedas mais baratas.
Para que os fios da seda de desenrolem, os casulos são cozidos, para que formem uma espécie de novelo chamado meada. Essas meadas são vendidas aos comerciantes nacionais e internacionais da área de tecelagem. As indústrias também reaproveitam dos insetos abatidos, para a venda destes à empresas de ração de peixe.