Ave típica do Brasil e de alguns países da América Latina, o mutum de penacho é uma ave da ordem dos Galliformes, ou seja, uma ordem de aves que engloba diferentes espécies ao redor do mundo, seja a nossa velha e conhecida galinha, sejam aves mais exóticas, como o faisão.
Sendo também conhecido como mutum-pinima (termo usado nos estados do Pará e do Maranhão), e que significa “mutum cheio de pintas”, este interessante espécime mede em torno de 83 cm de comprimento e pesa aproximadamente 3 kg.
Habitat Natural da Ave Mutum de Penacho
Os locais mais frequentes onde a ave mutum de penacho pode ser avistada são o sul do Rio Amazonas, a região central do Brasil e a parte oeste de estados como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Ele também pode ser encontrado na Bolívia, no Paraguai e na Argentina.
Em termos de locais específicos, a ocorrência dedo mutum de penacho se dá, basicamente, em florestas densas, que estejam muito próximas a rios, matas ciliares e orla de matas em geral.
Inclusive é bom frisar que as populações dessa ave que se encontram na Amazônia, e que são da subespécie Crax fasciolata pinima, estão ameaçadas de extinção, muito em decorrência da caça predatória e do desmatamento.
Características Físicas da Ave Mutum de Penacho
Como o próprio nome já dá a entender, essa espécie de mutum possui uma espécie de penacho com as pontas das penas recurvadas para cima. Já, a região das narinas é amarela. Sendo o mais conhecido dos mutuns, o de penacho pode viver até os 40 anos de idade.
São aves que possuem o que chamamos de dimorfismo sexual. Em suma: as características físicas de machos e fêmeas são bastante proeminentes, nítidas, o que torna a identificação a olho nu muito fácil.
Os machos são da coloração negra, com a barriga branca. O tom amarelado das narinas é maior do que o das fêmeas, e a ponta das penas da causa é da coloração branca. Sem contar que a base do seu bico é amarela, com uma ponta negra.
As fêmeas, por sua vez, são da cor marrom-café, com algumas rajadas de branco. Elas ainda possuem uma espécie de “topete”, com algumas listras brancas, além de peito mais claro e barriga branca. Possui bico cinzento.
Hábitos de Casais e Filhotes
Os casais da ave mutum de penacho são categoricamente monogâmicos, e constroem os seus nichos com materiais disponíveis na mata, como gravetos, por exemplo. Os nichos ficam muito bem protegidos, acima das árvores (um senso de cuidado bem característico da espécie).
As fêmeas colocam em torno de 2, ou até mesmo 5 ovos, que são ásperos e de coloração branca. Enquanto faz a incubação dos ovos, a fêmea é alimentada pelo macho, que permanece sempre por perto, protegendo sua família.
Depois de aproximadamente 33 dias, os ovos eclodem, e os filhotes que nascem são nidífugos (ou precociais), ou seja, são emplumados, de olhos abertos, podendo até mesmo andar e se alimentar após o nascimento. Mesmo assim, dorme sob a proteção das asas da mãe, chegando a acompanharem os pais na coleta de seu próprio alimento.
O casal de mutuns ainda cuida com bastante esmero dos seus filhotes por mais cerca de 4 meses, até o momento em que podem aprender a se defenderem sozinhos. Ou seja, esta ave possui um sentido muito forte de união familiar, com os filhotes sendo bastante protegidos. Tanto é que a tendência é viverem sempre em pares ou em pequenos grupos familiares.
Alimentação Frequente
Basicamente, a ave mutum de penacho se alimenta de frutos, folhas e brotos de plantas. Além disso, ainda pode caçar caramujos, gafanhotos, pererecas, lagartixas e outros pequenos animais que estejam na mira de sua fome.
Quando está próxima a fazendas, esse tipo de ave não tem problemas em ciscar perto de galinhas, por exemplo, mas, ao menor sinal de pessoas, é animal arisco, que não hesita em voltar rapidamente para o seu habitat natural.
Inclusive, quando se sente ameaçado ou irritado de alguma forma, o mutum de penacho tem uma particularidade bem interessante: ele abre bem as suas penas da cauda em forma de leque e eriça o topete.
Subespécies Existentes
Atualmente podemos dizer que existem três subespécies de mutum de penacho, encontradas basicamente em quase toda a América Latina. São elas:
• Crax fasciolata fasciolata (Spix, catalogada em 1825)
Essa daqui se encontra no Brasil, mais precisamente nas regiões central e sudeste, no Paraguai e no norte da Argentina. Ainda pode ser vista nas províncias de Formosa, Chaco, Corrientes e Misiones também.
• Crax fasciolata grayi (Ogilvie-Grant, catalogada em 1893)
Já essa subespécie aqui é vista no leste da Bolívia, além dos departamentos de Beni e de Santa Cruz.
• Crax fasciolata pinima (Pelzeln, catalogada em 1870)
Essa daqui ocorre bastante no nordeste da Amazônia brasileira, mais precisamente, a leste do rio Tocantins, e ainda abrange o nordeste do Pará, bem como a Amazônia Maranhense. Bom destacar o fato de que muitos especialistas em aves consideram esta subespécie como sendo uma espécie plena de Crax pinima.
Ela foi registrada pela última vez na década de 70, e, depois disso, somente em dezembro de 2017, 40 anos após, quando foi registrado um casal dessa ave na região do mosaico do Gurupi, no interior do Maranhão.
Degradação Ambiental
A ave mutum de penacho é muito sensível a toda e qualquer degradação das florestas onde habitam, e por isso, são considerados “bioindicadores de habitats”. São animais que necessitam, portanto, de grandes áreas que estejam em bom estado de conservação, preferencialmente, onde existam árvores frutíferas de grande porte, servindo de alimento e de abrigo.
Sem contar que essas aves ainda fazem parte do grupo do qual chamamos de cinegéticas, servido, assim, como fonte de alimento para inúmeras comunidades tradicionais e indígenas tropicais.
Sem dúvida, está no rol de aves ameaçadas de extinção, e, por isso, é importante combater a caça indiscriminada e o desmatamento de seus habitats naturais para evitar que venham a desaparecer um dia (assim como muitas outras espécies já não estão mais entre nós devido à ação do homem).