As araras, em geral, fazem parte de uma fauna muito bonita que integra as nossas florestas tropicais e planícies em geral. Não é à toa que elas e tornaram uma espécie de “símbolo” desses lugares (é só se lembrar da ótima animação “Rio”, por exemplo, do mesmo diretor de “A Era do Gelo”).
E uma das espécies mais lindas que podemos citar é a arara-de-garganta-azul, protagonista do texto a seguir.
Aspectos Gerais da Arara-de-Garganta-Azul
De nome científico Ara glaucogularis, essa espécie de arara é bem parecida com a arara-canindé, cuja única diferença visível é a mancha azul turquesa que fica na garganta da primeira. Por sinal, o colorido dessa ave é fascinante. Ela possui brilhantes penas azuis turquesas cobrindo não só na garganta (característica que lhe dá nome), mas, também na coroa da cabeça, em boa parte das asas e na cauda. Penugens de coloração amarelo ouro crescem numa parte da cabeça e no restante do corpo.
Ainda como característica física, podemos citar que no rosto dela há penugens horizontais de cores azuis, e que identificam facilmente as araras adultas dessa espécie. Inclusive, a arara-de-garganta-azul mostra muito pouco dimorfismo sexual, com os machos sendo apenas levemente maiores do que as fêmeas.
Os filhotes dessa espécie de arara, por sua vez, possuem uma pele completamente rosa e sem penas. Uma cor mais acinzentada na parte inferior do seu corpo vai ficando mais nítida à medida que essas aves vão envelhecendo. Essa parte cinza, então, vai dando lugar, ao poucos, à penugens de coloração característica que conhecemos da arara-de-garganta-azul.
Interessante notar também que a íris dos olhos dessa ave também vai mudando de cor com o passar de sua idade. Inicialmente preta, essa parte do olho dela vai ficando marrom no decorrer do tempo. Depois de uns três anos de idade, mais ou menos, a íris desse animal fica totalmente branca. Quando chega na velhice, essa cor muda para um amarelo dourado.
Onde a Arara-de-Garganta-Azul Vive?
O habitat natural desses animais é localizado na savana do Departamento de Beni, localizado no centro-norte da Bolívia, mais precisamente no assentamento de “Islas” (que significa “Ilhas”), onde essa ave também é conhecida como “Los Llanos de Moxos” (“As Planícies de Moxos”). Essa espécie, inclusive, virou patrimônio cultural boliviano.
A arara-de-garganta-azul, em seu habitat natural, gosta de ficar em palmeiras localizadas nas planícies do local. E, ao contrário de outras espécies de araras, esta aqui não habita em florestas tropicais fechadas.
Recentemente, foi feito um levantamento no local, e a estimativa é que ainda existam cerca de 300 a 400 espécimes dessa ave vivendo em estado selvagem na Bolívia, um número que era praticamente a metade há alguns anos trás.
No entanto, além dessa área na Bolívia, existem outros dois locais habitados por duas sub-populações da arara-de-garganta-azul: uma é a noroeste de Trinidad (a capital de Beni), e a outra é ao sul de Trinidad. São paisagens complexas, constituídas por pradarias, pântanos, ilhas florestais e corredores de florestas ao longo de cursos de água.
Comportamento Padrão
Caso você encontre um dia araras-de-garganta-azul soltas pela natureza, muito provavelmente será em pares monogâmicos. No entanto, já foram observados pequenos grupos de até 9 indivíduos, e até um grande grupo de cerca de 90 aves. Ainda não há registros, no entanto, como um dos pares reage diante da morte do outro; se procura outro parceiro/a, ou se vive o resto da vida sozinho.
Como meio de locomoção, o seu principal artifício é voar, obviamente, mas essa ave também pode escalar árvores com muita facilidade, além de ser muito hábil em manobrar por entre os galhos e até andar pelo chão.
As suas atividades se dão mais de dia, deixando a noite para o descanso. Já a comunicação entre elas se dá através de um som bem característico. Quando sentem que algum perigo se aproxima, soltam uma espécie de “grito” bem alto, que serve como alarme para as demais araras.
Alimentação Saudável
Como ocorre com outras espécies desses pássaros, a arara-de-garganta-azul possui uma alimentação bem balanceada. No entanto, ela, por exemplo, não come sementes e nozes na mesma proporção que as outras, alimentando, principalmente, de frutos de grandes palmeiras.
A palmeira Attalea phalerata é a mais predominante da região, e a principal fonte de alimento dessa ave, mas essa espécie de arara também pode se alimentar dos frutos das palmeiras Acrocomia aculeata e Mauritia fleuxosa.
Reprodução e Cuidado Com os Filhotes
A reprodução dessas aves se dá uma vez por ano, porém se, por acaso, perdem seus ovos ou filhotes por qualquer motivo que seja, a fêmea pode colocar uma nova leva de ovos, contanto que ainda esteja na estação de reprodução da espécie. Por vez, a fêmea coloca de um a três ovos, que são incubados por um período de até 26 dias.
Os ninhos são feitos nas cavidades das palmeiras, sendo o local preferido delas, árvores que já estejam mortas. Os pares de araras-de-garganta-azul, em geral, não ficam no mesmo ninho da reprodução anterior. Todo ano procuram por locais diferentes para fazer seus ninhos e cuidarem de seus próximos bebês. Inclusive, com muita frequência, essas aves disputam ninhos que outros animais, como araras vermelhas, pica-paus, tucanos, corujas, morcegos e até mesmo abelhas.
Os filhotes nascem com aproximadamente 18 g apenas, e por um bom tempo as araras jovens ficarão dependentes dos pais (outra característica bem marcante em várias espécies de araras). Somente depois que voam e se alimentam sozinhas que elas se desligam da proteção dos pais, isso após mais ou menos um ano de vida.
Ameaça de extinção
A arara-de-garganta-azul é uma espécie ameaçada de extinção desde 2013. Inclusive, a captura desse espécime é ilegal de acordo com as leis ambientais da Bolívia e pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES).
Nos últimos anos, diversos programas de preservação dessa espécie têm sido implementados, o que garantiu um aumento relativo de sua população, mas não o suficiente para ela deixa de continuar ameaçada de desaparecer.
É torcer para que esses programas deem resultado, visto que a arara-de-garganta-azul é uma das espécies mais bonitas das Américas, e perdê-la seria muito ruim.