Animais Típicos da Caatinga

rafael 12 de janeiro de 2019 Animais Deixe um comentário 3,866 Visualizações

A Caatinga é um dos seis biomas encontrados no Brasil, assim como a Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.

Biomas são conjuntos de ecossistemas (animal e vegetal) que possuem uma diversidade biológica específica e característica. No caso da Caatinga, há uma grande diversidade de vida animal e vegetação adaptada ao clima árido e de baixa umidade relativa do ar.

A palavra Caatinga vem do tupi-guarani e significa “mata branca”, fazendo alusão à frequente perda de folhas durante as estações de seca, estratégia adotada pelas árvores de modo a diminuir a transpiração e a perda hídrica. Essas folhas voltam a brotar durante o período de chuvas frequentes.

O bioma da Caatinga equivale a 11% do território brasileiro, percentual que equivale a uma área de aproximadamente 844 mil Km², posicionada dentro do Nordeste, mais precisamente nos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Embora não esteja no Nordeste, uma parte do estado de Minas Gerais também recebe esse bioma.

Mesmo com a grande importância biológica, boa parte deste bioma já foi descaracterizado e quase 40 mil Km² já foram transformados completamente em deserto. Este é fator preocupante e diretamente ligado ao desmatamento para obtenção de lenha, e às técnicas de manejo do solo aplicadas de forma inadequada. Grandes queimadas também têm contribuído para a fragmentação do bioma de muitas espécies animais, contribuindo para a consequente condição de vulnerabilidade e risco de extinção.

Neste artigo, você conhecerá um pouco mais sobre a fauna deste bioma. Afinal, quais são os animais típicos da Caatinga.

Venha conosco e descubra.

Boa leitura.

Vegetação Típica da Caatinga

Nas áreas mais secas desse bioma, podem ser encontradas plantas do tipo cactáceas, tais como o mandacaru (nome científico Cereus jamaracu); o xique-xique (nome científico Pilosocereus gounellei), espécie cujo corpo é formado por muitos “braços” ou ramificações; o facheiro ou mandacaru-de-facho (nome científico Pilosocereus pachycladus), planta com espinhos, ramificações em tom verde escuro e porte que pode atingir até 10 metros de altura; e as bromeliáceas, família de plantas epífitas (Bromeliaceae) com 3.172 espécies registradas.

A palavra “mandacaru” também deriva do tupi e significa “espinhos agrupados danosos”. É uma planta de formato colunar, que pode atingir até 6 metros de altura. A semente é facilmente espalhada pelas aves ou por ação dos ventos. As raízes são profundas e captam água diretamente do lençol freático.

Entre os pedregulhos, também é possível observar alguns arbustos rasteiros, ou ainda plantas de caule tortuoso, tais como a aroeira-mansa (nome científico Schinus terebinthifolius), espécie que pode atingir extensão de 5 a 9 metros; o angico (sub-família taxonômica Mimosoideae) e o juazeiro (nome científico Ziziphus joazeiro).

O juazeiro possui grandes propriedades medicinais devido à presença de Vitamina C, cafeína, pó de juá, ácido betulínico e substâncias chamadas saponinas, que, caso sejam ingeridas em grandes quantidades, poderão ser consideradas tóxicas. O extrato de juazeiro é muito utilizado na confecção de cosméticos como xampus e cremes.

As folhas transformadas em espinhos encontradas nas plantas cactáceas, na verdade são mecanismos de defesa contra animais herbívoros que também auxiliam na diminuição da área de transpiração dos vegetais. Outras espécies que não dispõem desta estratégia podem recorrer a mecanismos fisiológicos alternativos tais como o xeromorfismo, ou seja, produção de material seroso que reveste as folhas, reduzindo a perda hídrica, tal como ocorre com a Carnaúba (nome científico Copernicia prunifera).

Animais Típicos da Caatinga: Características Gerais da Fauna

Entre as várias espécies de animais encontrados na Caatinga, há estudos que indicam que 327 delas são consideradas endêmicas, ou seja, são exclusivas deste bioma. Das quais, 13 são mamíferos, 23 são lagartos, 20 são peixes e 15 são aves. Considerando as espécies que também podem ser encontradas em outros biomas, a quantidade de animais de cada categoria sobe ainda mais. Neste caso, são 178 espécies de mamíferos, 177 espécies de répteis, 241 espécies de peixes, 591 espécies de aves e 221 espécies de abelhas.

Apesar da grande biodiversidade, pesquisas conduzidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, durante o ano de 2016, apontaram para 136 espécies (endêmicas ou não) ameaçadas de extinção. Acredita-se que a Caatinga seja o bioma brasileiro que mais sofra com o tráfico de animais

Animais Típicos da Caatinga

Além de famosas araras, outras aves encontradas na Caatinga incluem o beija-flor (gênero taxonômico Trochilidae spp.) , o urubu-rei (nome científico Sarcoramphus pampa), a pomba asa-branca, o pássaro azulão (nome científico Cyanocompsa brissonii), o carcará (nome científico Caracara plancus), o corrupião (nome científico Icterus jamacaii), a gralha-cancã (nome científico Cyanocorax cyanopogon), o periquito-da-caatinga (nome científico gênero taxonômico Eupsittulacatorum spp.), o rapazinho dos velhos (nome científico Nystalus maculatus).

A asa-branca, também conhecida como pombão, é uma ave migratória de tamanho médio que se alimenta de sementes e frutos. O azulão pode ser encontrado tanto no Brasil quanto em países vizinhos, tais como a Argentina, Bolívia e Paraguai. O carcará é uma das aves de rapina mais populares do Brasil e constantemente é confundido com os urubus, diferenciando-se pelas manchas de cor clara presente na ponta das asas. A gralha-cancã é conhecida pelo seu canto alto e marcante e costuma alertar outras aves quando há sinais de perigo. O rapazinho-dos-velhos é conhecido pela sua cabeça grande e larga, com tamanho desproporcional ao restante do corpo.

Anfíbios famosos incluem o sapo-cururu (nome científico Rhinella marina), a perereca-de-capacete (nome científico Corythomantis greeningi) e a perereca-verde-pequena. Entre os mamíferos, há o cachorro-do-mato (nome científico Cerdocyon thous); a cutia (nome científico Dasyprocta aguti), o gambá-de-orelha-branca (nome científico Didelphis albiventris); o macaco-prego (nome científico Sapajus libidinosus); o mão-pelada, também conhecido vulgarmente como guaxinim (nome científico Procyon cancrivorus); o sagui-de-tufos-brancos (nome científico Callithrix jacchus); o veado-catingueiro (nome científico Mazama gouazoubira).

Alguns répteis encontrados nesse ecossistema são o calango-de-cauda-verde (nome científico Ameivula venetacaudus), a jibóia-constritora (nome científico Boa constrictor), e a preguiça-de-chifres (gênero taxonômico Stenocercus sp.).

Animais Típicos da Caatinga: Espécies Ameaçadas de Extinção

Espécies em situação de ameaça ou vulnerabilidade incluem a arara-azul-de-lear (nome científico Anodorhynchus leari), espécie exclusiva da Caatinga; a arara-de-maracanã (nome científico Primolius maracana); o soldadinho do Araripe (nome científico Antilophia bokermanni); o jaó-do-sul (nome científico Crypturellus noctivagus); o tatu-bola (nome científico Tolypeutes tricinctus); o bicho preguiça (gênero taxonômico Folivora spp.); o guigó da Caatinga (nome científico Callicebus barbarabrownae); a onça parda (nome científico Puma concolor); o gato maracajá (nome científico Leopardus wiedii); a águia chilena (nome científico Geranoeatus melanoleucus); e o gato-do-mato (nome científico Leopardus tigrinus).

Dentre as espécies ameaçadas, talvez a mais famosa seja a Ararinha-azul (nome científico Cyanopsitta spixii), espécie de arara vista pela última vez no ano 2000. Embora ela tenha sido considerada extinta da natureza, até Junho de 2018 ainda existiam 158 indivíduos criados em cativeiro.