As ciências biológicas são determinantes em seus pragmatismos e postulados, como um dos mais clássicos, que diz que a vida se formou na água: mais especificamente no mar, já que a configuração continental da Terra de um bilhão de anos – data estimada do surgimento da vida – era bastante diferente daquilo que vemos hoje em dia, na Terra de 4,5 bilhões de anos.
O Início da Vida na Terra
Para começar, temos que designar o que é vida, já que o termo passeia em diferentes áreas de compreensão, desde puramente o fenômeno biológico como o conhecemos, até filosófico, religioso e moral, tendo mais recentemente abordagens tecnológicas e digitais (como a discussão sobre vírus de computadores, e suas capacidades de replicação e de conquistar novos territórios em “hospedeiros susceptíveis”, ou seja: discos rígidos de máquinas sem antivírus).
Deixando o assunto restrito aos seres orgânicos, há ainda uma vertente científica muito forte em caracterizar os vírus e os príons como seres não vivos (estes últimos agentes infecciosos semelhantes aos vírus, entretanto estruturalmente menos complexos, pois não apresentam ácido nucléico – DNA ou RNA – apenas a molécula de proteína replicadora), devido à necessidade destes em serem parasitas obrigatórios, exigindo assim o uso da maquinaria celular da célula hospedeira, não conseguindo se manterem “vivos” fora de um organismo parasitado.
Partindo disto, podemos então entender que os seres vivos são formados por seres orgânicos de diferentes complexidades estruturais, abrangendo desde os seres unicelulares sem presença de núcleo (como as bactérias), passando pelos unicelulares nucleados com presença de organelas celulares (como os protozoários), e alcançando os pluricelulares como os fungos, os animais e os vegetais (considere ainda os seres que vivem em interação mútua, ou mutualismo, como o clássico exemplo dos líquens: uma simbiose entre fungos e bactérias).
Mas Como Deduziram que a Vida se Formou na Água?
Partindo de uma série de evidências, desde paleontológicas e evolutivas até fisiológicas, genéticas e moleculares, o grande quebra cabeça foi se montando, principalmente com o avanço científico do século XX: o raciocínio foi que, para ocorrer as reações bioquímicas necessárias para as funções básicas assumidas pelos organismos vivos (obtenção e transferência de energia, equilíbrio homeostáticos, replicação), era necessário um solvente que possibilitasse toda esta dinâmica, principalmente se considerarmos que os primeiros seres vivos eram ainda mais simples estruturalmente do que as bactérias: também conhecido pelo domínio biológico Archaea, é formado pelas ancestrais das atuais bactérias (o domínio Bacteria), assim como dos restantes dos seres vivos (Eukarya).
O Desenvolvimento da Vida e a Água
A água tem um papel tão importante na formação e no desenvolvimento da vida que, mesmo quando saíram do ambiente aquático e passaram a dominar o terrestre, um dos maiores desafios necessários a serem vencidos pelos organismos foi a desidratação.
Por exemplo, quando pegamos os grupos dos vegetais e dos animais, vemos um mesmo padrão fisiológico-evolutivo, com espécies mais antigas na escala evolutiva com maior dependência da água para sua sobrevivência, enquanto que as espécies mais recentes apresentam estratégias para evitar a perda hídrica: nos vegetais, é sabido que as briófitas possuem uma dependência de água muito maior do que as pteridófitas e do que as fanerógamas (as gimnospermas e angiospermas); assim como nos animais invertebrados, os filos molusca e platelminto não possuem o exoesqueleto de quitina presente no filo arthrópodo, que possibilitou os representantes deste último a se desenvolverem em biomas de condições mais extremas (como os desertos); e os animais vertebrados, onde os peixes possuem uma necessidade absoluta do ambiente aquático para sobreviver, enquanto os anfíbios dependem mais durante a fase larvária, e finalmente os repteis, aves e mamíferos que conseguiram se adaptar em ambientes completamente terrestres (desde que tenha água para ser consumida).
Mesmo quando a vida saiu da água e dominou o ambiente terrestre, muitas formas fizeram o caminho inverso e voltaram a viver no ambiente aquático, como os exemplos sempre lembrado dos cetáceos (baleias, golfinhos, botos), os mamíferos aquáticos.
Se pensarmos que ainda uma grande quantidade de espécies de animais, e em especial de micro-organismos, ainda não foram descobertos ou descritos pelos taxonomistas e sistematas, e que o oceano ainda é uma fronteira a ser explorada – principalmente os seus fundos onde existem grandes abismos e fendas inacessíveis – podemos especular que muitos representantes da comunidade destes locais ainda não são plenamente conhecidos pelas ciências biológicas.
Os Oceanos na Dinâmica da Terra
O mais interessante de verificarmos a importância do ambiente aquático marítimo para o ecossistema é que a sua importância muitas vezes é confundida, ou ainda negligenciada, o que pode até por em risco o equilíbrio da vida na Terra caso fenômenos que ocorrem nos oceanos forem – de alguma maneira – alterados.
De início, devemos lembrar que a nossa atmosfera foi abarrotada de oxigênio graças as bactérias fotossintetizantes presentes na superfície dos oceanos (também chamada de cianobactérias, as antigas algas azuis, presentes na camada superficial da água que compõem o fitoplâncton), elas sim sendo o verdadeiro “pulmão do planeta”, quando antes se acreditava que tal fenômeno fosse de responsabilidade das florestas tropicais (sempre dando esse destaque para a Amazônia).
Além disso, todo o regime de chuvas e o balanço hídrico que ocorre nos continentes são governados pelos oceanos, conforme as características do calor específico da água e o do solo.
Os oceanos também são importantes indicadores de poluentes e bioacumuladores artificiais que se deslocam nas cadeias alimentares, como o caso de estudos dos anos 80 onde constataram resíduos de diferentes agrotóxicos (em especial o infame DDT) alcançando áreas bastante longínquas do local que foram utilizados (como o Alasca e o Polo Norte), tendo o oceano papel fundamente nesse transporte.
Claro, ele também é fonte de diversos alimentos ofertados para nós humanos, como os frutos do mar, peixes e mamíferos aquáticos (os quais muitas espécies estão em risco de extinção, já que a pesca predatória ocorre em uma quantidade muito maior do que as populações destes animais conseguem se repor, em especial grandes cetáceos que possuem maior tempo de gestação, como as baleias).
Alguns Exemplos de Animais Marinhos
Sabendo de toda essa biodiversidade presente nos mares, e não somente vivendo dentro da água – já que existem espécies de aves que são marinhas – vamos ver alguns destes animais de grande importância nesses ambientes.
Comecemos com o golfinho: primo das baleias e dos botos (estes últimos exclusivos de água doce), golfinhos são mamíferos aquáticos, ou seja, seus ancestrais em algum momento fizeram o caminho inverso da escala evolutiva: saíram do ambiente terrestre e conquistaram o aquático, tanto que esses animais necessitam alcançar a superfície para trocas gasosas, já que o sistema respiratório deles é pulmonar (diferentemente dos peixes e tubarões, que é branquial).
Infelizmente são benquistos por pescas predatórias, principalmente nos mares orientais, já que a sua carne e os óleos derivados possuem elevado valor mercadológico.
Outro famoso animal marinho é a gaivota: simbolizando estuários e praias, essas aves possuem estratégias para obtenção de alimento que envolve penetrarem na superfície do mar, quando percebem algum peixe de pequeno porte nadando despercebido, todavia elas também se alimentarem de crustáceos e outros invertebrados marinhos.
Dentre os peixes, pode-se citar algumas espécies bastante procuradas por pescadores, como o galhudo, a guarajuba, a gorete e a garoupa: esses peixes possuem considerável valor nutritivo, e são bastante apreciados em pescas esportivas e não-predatórias (quando se usa apenas uma varinha ao invés de grandes redes de arrasto), tendo assim até uma importância turísticas, em áreas onde estas espécies encontram-se em quantidade considerável para serem pescadas.