Algumas coisas, de tão fantasiosas, parecem ficção científica. E, de tão ficção científica, esbarram em questões éticas, como, por exemplo, a clonagem de pessoas. Outro experimento recente que também está inserido nessa questão são os chamados híbridos de animais com seres humanos. Já ouviu falar?
Então, vamos descobrir mais a respeito disso, com as suas implicações éticas e tudo.
Humanzé: Misto de Humano Com Chimpanzé
O não era 1967, e dois cientistas chineses da cidade de Shenyang resolveram que fariam um animal que fosse híbrido de um ser humano com um chimpanzé. De acordo com os próprios, eles conseguiram fecundar uma fêmea primata com esperma humano, onde o objeto era criar um “chimpanzé que tivesse a capacidade de falar”.
A ideia, além de bizarra, não era nem um pouco bem intencionada, visto que eles planejavam ter esse híbrido como uma espécie de escravo deles. Contudo, um grupo de pessoas descobriu o experimento macabro e destruíram o laboratório onde o experimento estava em andamento, e, segundo dizem, a fêmea chimpanzé já estava grávida de 3 meses.
Cabras e Vacas Produzindo Leite Humano
Cientistas bielo-russos, em 2009, conseguiram modificar geneticamente algumas cabras, cujo o intuito era fazer com que produzissem leite humano. Ok, o experimento não foi um sucesso absoluto, e o leite conseguido não era 100% humano, mas, pelo menos, 60% de sua composição era, sim, do nosso leite materno.
O objetivo desse experimento era comercializar esse produto da mesma forma que acontece hoje com o leite das vacas e das cabras.
Um Autêntico Homem-Coelho
I primeiro registro de sucesso de um híbrido entre animais e humanos data de 2003, e foi realizado em um laboratório de Xangai, na China. Nesse experimento, células humanas foram fundidas em óvulos de coelhos, o que resultou em um embrião de uma nova criatura.
No entanto, nunca chegamos a conhecer o resultado dessa experiência, e o que se sabe, até hoje, é que a maior parte do DNA que crescia nos óvulos dos coelhos era de um ser humano. Essas criaturas se desenvolveram por um espaço curto de tempo, mas, após as células-tronco serem coletadas, tudo o experimento foi destruído.
Porcos e Ovelhas + Órgãos Humanos
Você conhece o dr. Hiromitsu Nakauchi? Pois bem, recentemente, este simpático senhor deixou o seu país natal (o Japão) em direção aos EUA, cujo intuito era participar da criação de uma espécie de “fazenda” para a coleta de órgãos humanos. Na ocasião, o exército norte-americano concedeu um financiamento de nada menos do que 1,4 milhão de dólares para os estudos do dr. Nakauchi. Com isso, há cerca de 2 anos atrás, 186 embriões híbridos de porcos-humanos foram desenvolvidos.
Hoje em dia, ele e a sua equipe trabalham na criação de híbridos entre carneiros e humanos. No entanto, até agora, a criatura mais humana criada por esses experimentos tinha apenas 0,01% de DNA nosso.
Uma Orelha em um Rato
Em 1997, um experimento, no mínimo, “estranho” foi feito por uma equipe de cientistas de Harvard e do MIT (o Instituto de Tecnologia de Massachusetts): um rato que tinha uma orelha humana em suas costas. Bem, na verdade, era um molde feito com material biodegradável, no que esse molde acabou sendo absorvido pelo corpo do bichinho, formando, assim, uma orelha biológica com cartilagem e carne.
Em tese, essa orelha poderia muito bem ter sido removida do roedor e ter sido implantada em um ser humano. No entanto, esse projeto acabou ficando sem financiamento antes mesmo de novos experimentos começarem.
Rato com Cérebros (meio) Humanos
Em 2008, foi feito um experimento cujo objetivo era dar milhões de células cerebrais humanas em camundongos. E, deu certo. No processo, as células cerebrais dos roedores foram retiradas, deixando os neurônios originais dos ratos intactos, fazendo a substituição por células humanas. Com as células enxertadas, elas passaram a dominar os cérebros dos roedores.
Pra se ter uma ideia, aproximadamente 12 milhões de células humanas estavam em operação nos seus cérebros. Depois, foram feitos testes, onde se constatou que as memórias dos ratos modificados eram quatro vezes mais fortes do que as de um rato comum.
Uma Ovelha e um Ser Humano
Ano passado, pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiram introduzir células humanas em um embrião de ovelha com sucesso. Detalhe: após 28 dias de desenvolvimento, ele foi destruído. Com essa técnica, elas planejam “cultivas” órgãos que tenham características humanas, o que facilitaria a oferta de transplantes.
99% das características da criatura eram de uma ovelha, e uma pequena parte das informações, apenas, era de seres humanos.
Porcos Meio Humanos… Meio Porcos, Mesmo!
Em Minnesota, no EUA, uma clínica fez uma experiência injetando células-tronco humanas em embriões de suínos. Assim, criaram com sucesso o primeiro porco que se tem notícia com sangue meio humano. O estudo tinha como objetivo ver como as nossas células reagiriam em contato com as dos suínos. A conclusão foi de que algumas permaneceram separadas, o que fazia a criatura ter células genuinamente humanas.
Contudo, algumas se fundiram, criando, assim, um DNA, até então, desconhecido. O resultado: um porco normal por fora, e meio porco e meio humano por dentro. De fato, foi algo inédito na ciência.
O Avanço da Ciência e as Implicações Éticas Nisso Tudo
A possibilidade de criar híbridos entre animais e seres humanos só está sendo possível, atualmente, graças ao mapeamento do genoma, que permite “encaixar” DNA nosso com o de outras espécies e até gêneros de animais. Isso está possibilitando também a criação de embriões de animais com características bem específicas. Por exemplo: cientistas já conseguiram manipular embriões de porcos e ovelhas, fazendo com que estes não desenvolvessem o pâncreas.
A intenção é bem clara: introduzir células humanas nesses embriões, e influenciar o desenvolvimento de órgão para servirem a nós em caso de transplantes. Só que existe, além do risco da rejeição a esses tipos de órgãos, questões éticas a serem estudadas, afinal, fica o questionamento: seria correto fazer de certos animais hospedeiros de órgãos para que pudéssemos pegar sempre que necessário?
Obviamente, trata-se de um assunto que está longe (muito longe) de ter um ponto final, e que precisa ser seriamente debatido ao longo desses próprios anos.