A Região Sul do Brasil inclui os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e abrange 576.409,6 quilômetros quadrados, sendo a menor porção do país. Toda a sua área é menor que a do estado de Minas Gerais, por exemplo. A região é altamente urbanizada, com mais de 80% da região ocupada de algum modo pelo desenvolvimento humano.
A partir daí já se compreende qual pelo menos é uma das causas de ameaças a fauna da região, a perda de habitat. As principais e modestas regiões ainda selvagens, habitats teoricamente preservados para a fauna do sul da região incluem a Serra do Mar, a Mata Atlântica do Alto Paraná (incluindo as conhecidas florestas de araucária) e a savana brasileira uruguaia.
Fauna Ameaçada na Savana
A savana brasileiro-uruguaia, é uma ecorregião de savanas subtropicais que inclui todo o Uruguai, algumas áreas do nordeste da Argentina e do sul do Brasil. A ecorregião é formada principalmente por pradarias de altura média, com áreas de savana de palmeiras, florestas de galeria ao longo de rios e enclaves de floresta submontana.
O veado campeiro era um dos animais abundantes nessa região. Atualmente, embora não seja classificado como em potencial ameaça de extinção, tem sido vítima preocupante dentro dessa ecorregião.
O veado catingueiro, também conhecido como virote, é outra espécie que, embora não seja considerado em nenhum dado oficial como animal ameaçado de extinção, nessa região do sul do estado tem tido sua população extinta.
O zorrilho é semelhante ao gambá comum, com glândulas de cheiro usadas para borrifar um líquido odorífero para ofender potenciais predadores. Embora também não seja considerado ameaçado em nenhuma lista oficial de extinção, o zorrilho tem sofrido declínios alarmantes de sua população principalmente pela perda de habitat nessa região do Brasil.
O sorro, ou guaxaim do campo, pode ser encontrada no norte e centro da Argentina, no Uruguai, no leste da Bolívia, no Paraguai e no sul do Brasil, nessa região dos pampas. Na região dos pampas sua população sofreu um declínio significativo na última década.
A ema, apesar de ser considerada a maior ave a andar em terras brasileiras, não tem tido boa vizinhança por aqui. A ema está na lista de animais ameaçados, tendo o declínio de sua população principalmente nessa região em declínio devido ao aumento da caça à conversão de pastagens e territórios agrícolas.
A suçuarana, ou onça parda é outra espécie que parece ter sido expulsa da fauna dessa região do país. Pelo menos é assim segundo a lista oficial mais recente do Instituto Chico Mendes. Ao que tudo indica, essa região está conseguindo fazer com essa espécie o mesmo que já fizeram com o jaguar, também conhecida como onça pintada, que já foi extinta completamente do local.
Fauna da Serra do Mar
A Serra Geral é uma cadeia montanhosa no sul do Brasil, constituindo a parte sul do sistema da Serra do Mar que corre ao longo da costa sudeste do Brasil. A criação de gado, a prática do uso de fogo para “renovar” as pastagens, o estabelecimento de plantações de banana com o uso associado de pesticidas e a presença de animais domésticos, todos contribuem para a degradação ambiental, e ameaçam a fauna. Outras ameaças são impostas pela flora invasora das áreas ao redor do parque e pela caça furtiva.
O junqueiro de bico reto é um pássaro comumente encontrado no Uruguai, no nordeste da Argentina e no sul do Brasil, especialmente nessa região da Serra do Mar. Mas está se tornando raro devido à perda de habitat. Ameaças significativas são a poluição e a drenagem de zonas úmidas, particularmente para a construção na periferia das cidades maiores.
Elachistocleis erythrogaster é uma espécie de anfíbio da família microhylidae. É um sapo endêmico no Brasil, especificamente dessa região da Serra Geral pelo Rio Grande do Sul. Está ameaçado pela perda de habitat.
Outra espécie de sapo ameaçado pela perda de habitat e endêmico dessa região no Rio Grande do Sul é o melanophryniscus cambaraensis, da família bufonidae. Vive principalmente nas regiões de florestas de Cambará do Sul.
O thoropa saxatilis é mais um sapo endêmico do sul do Brasil, da família cycloramphidae. É uma espécie raramente coletada, e parece ter desaparecido de algumas localidades. Ele pode ser ameaçado pela perda e modificação do habitat (alteração das causas da água, sedimentação, perda da floresta), mas também desapareceu de algumas áreas de habitat aparentemente adequado. A quitridiomicose é uma possível ameaça. A espécie está presente nos Parques Nacionais da Serra Geral e Aparados da Serra.
Um pássaro chamado de noivinha do rabo preto também é comumente visto na região da Serra do Mar pelos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, embora sobrevoou também na Argentina, no Uruguai e possivelmente no Paraguai. Mas também encontra-se ameaçado pela perda de habitat.
Outro pássaro com os mesmos hábitos de sobrevôo do anterior é o chamado veste amarela. Localizado pelas mesmas regiões do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o veste amarela encontra-se na lista dos ameaçados como vulnerável à extinção por perda de habitat.
O macuquinho da várzea, apesar das populações recentemente descobertas em Minas Gerais, era habitante assíduo dessa região da Serra do Mar também. É classificada como uma espécie em extinção devido à sua população pequena e em declínio e destruição do seu habitat. Ameaças incluem drenagem, extração de areia, queima de pastagens e inundação de terra devido à construção de barragens.
O papagaio da serra ou papagaio charão é outro listado como vulnerável à extinção por perda de habitat. Além dessa região da Serra do Mar no sul, sobrevoa também Argentina e Paraguai.
Personagem icônico na lista dos ameaçados do Brasil é o lobo guará. É considerado vulnerável à extinção mas talvez devido a popularidade na mídia, tem recebido alguma atenção de conservação e alertado autoridades no intuito de preservá-lo.
A lontra neotropical, também conhecida como nutria, é outra que existe em partes dessa região mas sofre ameaças de extinção. A caça ilegal, a destruição do habitat através da mineração e pecuária e a poluição da água ainda afetam a população da lontra neotropical. Embora tenha havido tentativas de reprodução em cativeiro, eles são amplamente mal sucedidos.
O gato da mato, uma espécie muito parecida com a jaguatirica, é outro que anda desaparecendo dessa região. O gato do mato é um dos quatro felinos de pequeno porte mais caçados por causa de sua pele, e a expansão humana também é outro fator que o torna classificado como vulnerável à extinção.
Outro que anda desaparecido dessa região (já não é visto pelo Rio Grande do Sul) é o gato maracajá. Além da caça furtiva, a perda de habitat para a expansão agrícola ameaçam significativamente a espécie.
O papagaio caboclo, ou papagaio de peito roxo se tornou raro nessa região também. Ela habita várias áreas dentro da Argentina, Brasil e Paraguai. Mas está classificado como ameaçado pela caça predatória e perda de habitat.
Outras Regiões
Embora a região sul ocupe menos de 10% do território brasileiro suas áreas de mata abrigam, ou abrigaram, muitas espécies de animais, incluindo uma grande diversidade que era endêmica da região. É um território muito conhecido por áreas verdes de grande importância como a floresta de araucárias, Banhados do Delta, Bom Jesus no Paraná, Canela Preta em Santa Catarina, Ibirapuitã e Lami José Lutzenberger no Rio Grande do Sul.
Ainda no Rio Grande do Sul temos São Donato e a Mata Paludosa, também as Perobas no Paraná e a Marinha do Arvoredo em Santa Catarina. Pode-se destacar também o Parque Nacional do Iguaçu no Paraná que, aliás, compõe o território rico brasileiro conhecido como Mata Atlântica que também é integrado pelo sul do país até o norte do Rio Grande do Sul.
E Outras Espécies
Em todo esse cenário ainda se poderia destacar muitas outras espécies que encontram-se ameaçadas invariavelmente pelas mesmas razões: a cacça predatória ou a perda de habitat. O desenvolvimento humano, algoz e resoluto em se considerar mais no direito a terra que os animais tem provocado a significativa diminuição de espécies mesmo as que só poderiam ser encontradas nessa região (endêmicas). Lamentavelmente, alguns já podem ter desaparecido sem sequer terem sido catalogados. E essa deficiência de dados nos impede até de incluí-los na lista.
Mas dentre os que ainda existem e possuem alguma chance de serem salvos podemos citar o melanophryniscus macrogranulosus (sapo endêmico no Rio Grande do Sul), a já quase extinta arara azul, o gavião de penacho (que já quase não é visto na região da mata atlântica, especialmente nessa parte sul do país), a águia pescadora (cuja subespécie que sobrevoava o sul do Brasil já tem se tornado rara) e a garça branca pequena, ou garceta, que viu sua espécie ser reduzida perigosamente pela caça predatória visando suas penas, mas cuja população tem se recuperado nos últimos anos.
Isso citando apenas, alguns dos muitos e diversificados espécimes que surgiram nesse planeta até bem antes dos humanos mas que perdem direito de sobreviverem em paz por culpa desse ser egoísta e mesquinho chamado raça humana.