No Brasil existem cerca de 116 mil espécies de animais. Dessas, 627 estão ameaçadas de extinção, e pelo menos metade encontra-se em estado crítico – além de alguns anfíbios que já encontram-se extintos.
Esses são dados dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável divulgados pelo IBGE em 2015.
São dados que casam perfeitamente com o número de espécies descritas no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que faz uma lista com todas as espécies brasileiras – desde répteis, mamíferos, aves, peixes, anfíbios, entre outras variedades – que podem simplesmente desaparecer em pouquíssimos anos.
Mas, apesar da riqueza de detalhes dessa iniciativa, é praticamente impossível fazer uma lista bastante específica com todos os anfíbios que já foram extintos no Brasil, pois, de acordo com as ciências biológicas, a quantidade de espécies que vemos ao nosso redor não passam de 10% do que já existiu um dia.
E a razão disso é que cerca de 90% das espécies de animais que um dia já povoou a terra foram extintas há muitos e muitos milhões de anos – certamente no final do último período da Era Paleozoica, devido às alterações climáticas que tornaram impossível a vida na terra para determinadas espécies.
As causas que levam à extinção de determinados animais são as mais variadas possíveis. Eles podem ser vítimas de graves alterações climáticas, tragédias naturais, da seleção natural, da falta de alimentos, entre outros inúmeros fatores.
Aves, Mamíferos e Anfíbios: O Risco de Extinção no Brasil
Sem dúvida, o avanço do progresso é uma das principais causas da extinção de anfíbios e demais espécies de animais no Brasil.
O avanço do desmatamento para introdução de novas culturas; o aterramento de brejos e pântanos, para a construção de casas; a caça predatória; a diminuição de número de presas dessas espécies, entre outros fatores, estão entre as principais causas desse fenômeno.
Espécies como a ranzinha-do-folhiço e a Bokermannohyla vulcaniae, por exemplo, já têm os seus habitats totalmente devastados, enquanto as singulares Melanophryniscus cambaraensis e a Proceratoprhys moratoi sobrevivem graças a algumas reservas ambientais que a tempo vieram socorrê-las.
Estima-se que, só na comunidade de rãs, sapos e pererecas, cerca de 1/3 dos anfíbios que a compõem estejam ameaçados de extinção no Brasil, e que entre 30 e 36 espécies já estejam totalmente extintas – o que configura-se como uma perda irreparável, já que a maioria possui substâncias utilizadas da indústria de medicamentos, e que não podem ser encontradas em outras espécies.
Isso sem contar o grave desequilíbrio nas relações ecológicas dos mais diversos ecossistemas, que têm nos anfíbios excelentes ferramentas de controle de pragas, graças ao seu apetite insaciável pelos mais diversos tipos de moscas, pernilongos, besouros, grilos, gafanhotos, entre outras espécies que causam verdadeiras calamidades em lavouras de todo o Brasil.
No caso dos anfíbios, uma constituição física simples, estrutura epidérmica frágil, um processo reprodutivo que geralmente ocorre na água, entre outras características, fazem com que os altos níveis de poluição, as atuais alterações climáticas, introdução de outras espécies (hostis a elas), a agressão por meio dos raios ultravioletas, entre outros fatores, sejam situações ainda mais devastadoras.
Algumas Espécies de Anfíbios Extintas no Brasil
Apesar dos riscos de extinção de algumas espécies de anfíbios brasileiros, o Brasil ainda gaba-se de possuir a maior diversidade de anuros do planeta.
São cerca de 850 (quase 500 endêmicas) das 5.600 existentes no mundo, que espalham-se pelos quatro cantos do país – desde a imponente Floresta Amazônica, passando pelo que ainda resta de Mata Atlântica, até às florestas de várzea, matas ciliares, brejos, pântanos, entre outros ecossistemas onde os anfíbios são praticamente insubstituíveis.
O que se sabe é que muitas dessas espécies encontram-se em grave risco de extinção, mas que também existem aquelas que foram simplesmente dizimadas através dos tempos. E dentre essas espécies de anfíbios extintas no Brasil, estão.
1.Phrynomedusa Fimbriata (Perereca-de-Santo-André)
Entre as espécies de anfíbios brasileiros que já foram extintas, está a diminuta Perereca-de-Santo-André – uma variedade endêmica do Brasil e pertencente à família Hylidae.
O seu nome, como podemos supor, é uma homenagem à cidade de Santo André (SP), região do Grande ABC, que era considerada o seu habitat natural.
Acredita-se que poderiam ter existido outros exemplares no Rio de Janeiro, Paraná, Serra do Mar e Santa Catarina, no entanto, no que diz respeito à Santo André, a expansão alucinada do estado de São Paulo foi o que contribuiu para a sua extinção na cidade, que teve o seu último exemplar avistado nos longínquos anos 20.
2.Timonya Annae
O Museu Nacional de História Natural de Londres foi responsável por anunciar que a Timonya annae (encontrada junto aos restos de outros répteis no Maranhão e no Piauí), extinta há cerca de 278 milhões de anos, foi um anfíbio que viveu no atual território brasileiro.
A Timonya annae era uma espécie extremamente frágil e delicada, que media não mais do que 40 cm; e ao que tudo indica era uma espécie resultante do cruzamento de uma enguia com uma salamandra mexicana.
O achado foi o resultado de esforços empreendidos por equipes de pesquisadores do Brasil, Argentina e Londres, e que hoje está publicado na conceituada revista Nature Communications.
3.Procuhy Nazariensis
A Procuhy nazariensis é uma das espécies de anfíbios extintas no Brasil. Ela foi encontrada juntamente com a Tymonia annae em uma investigação realizada nos estados do Maranhão e Piauí por uma equipe de pesquisadores do Brasil, Londres e Argentina.
De acordo com os cientistas, o achado irá contribuir enormemente para ajudá-los a decifrar alguns enigmas a respeito da evolução das espécies; além de explicar como se deu o processo de adaptação dos anfíbios que chegaram até os nossos dias.
Ainda não se sabe as causas da extinção dessa espécie de anfíbios brasileiros, no entanto, sabe-se que eles viveram há cerca de 278 milhões de anos (final da Era Paleozoica) – um período decisivo para a vida animal na terra, já que foi nessa fase que cerca de 90% de todas as espécies marinhas foram dizimadas do planeta.
O fóssil desse anfíbio encontra-se, atualmente, na Universidade Federal do Piauí, em Teresina (capital); e junta-se a vários outros para ajudar a ciência a unir alguns elos que faltam para contar a história da vida anfíbia no Brasil.
Fique à vontade para deixar a sua opinião sobre esse artigo. E continue compartilhando, questionando, contribuindo, refletindo e divulgando as nossas publicações.