As abelhas são insetos muito importantes para a natureza, e, mesmo que algumas espécies estejam ameaçadas de extinção, felizmente, no mundo ainda temos cerca de 25 mil espécies delas (só no Brasil, são, aproximadamente 250).
E, em nosso país, uma das curiosas que temos na natureza é a Scaptotrigona Bipunctata, ou, de nome mais popular, a abelha tubuna. Já ouviu falar dela? Então, vem conosco conhecer esse inseto muito peculiar.
Caraterísticas Gerais
A abelha tubuna pertence ao grupo das Trigonas, que são justamente as abelhas que não possuem ferrão, e automaticamente são algumas das que produzem um mel de melhor qualidade. No entanto, não pense que por não ter ferrão essa abelha não saiba se defender, nem que seja agressiva. Na verdade, ao ser ameaçada, ela solta uma substância que parece uma espécie de grude, além de “mordiscar” as suas vítimas com as suas mandíbulas. Portanto, não pense que ficará “impune” caso venha a importunar uma colmeia dessas abelhas, ok?
Outra característica muito interessante dessa espécie de abelha é que ela é uma viajante nata, podendo percorrer distâncias de até 1 km só em busca de uma morada. Essa morada pode ser tanto um caixote velho de madeira, quanto as partes ocas de uma árvore, ou até mesmo em muros de residências, prédios, e por aí vai.
Essa abelha é um inseto que tem preferência em fazer as suas atividades de dia (mais especificamente pela manhã), evitando os momentos mais quentes do dia. A entrada do seu ninho tem o curioso formato de um tubo, um funil ou mesmo de uma trombeta.
E, quanto as suas características físicas? Trata-se de uma espécie de coloração negra e muito brilhante, com asas igualmente negras (ou “fumadas”), cujo abdômen possui 1 ou 2 linhas prateadas.
A abelha tubuna é encontrada, comumente, nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Preparando o Ninho
Com uma entrada em formato de funil, o ninho dessa abelha é constituído com cerume escuro, onde existe uma peculiaridade nele: ao contrário das outras abelhas meliponas, esta aqui não fecha a entrada durante à noite.
Já os favos de cria são constituídos helicoidalmente, porém eles também podem ser feitos de maneira totalmente horizontal, havendo também a construção de células reais nesse ninho. O invólucro de cerume que envolve o favo de cria é bem pouco desenvolvido em relação à outras espécies de abelhas que não possuem ferrão.
Em termos de tamanho, os potes de alimento , mel e pólen atingem de 2,5 a 3 cm de altura, circundando todo o favo de cria. No total, uma colônia de abelhas tubunas pode atingir de 2 mil a 50 mil insetos, a depender do espaço disponível, evidentemente.
Organização da Colônia
Basicamente, as abelhas tubuna não são tão diferentes assim de outras tantas abelhas, possuindo uma sociedade muito bem organizada, e dividida em três grupos: as operárias, os zangões e a rainha. Um período completo de desenvolvimento de uma abelha dessa espécie até chegar à fase adulta é de aproximadamente 38 dias. Desses, 5 dias são de desenvolvimento embrionário (ovo), 15 dias em que o animal está em estágio larval, e mais 18 dias em estágio de pupa. Após esse período, a abelha vive até 52 dias, mais ou menos.
- Operárias – As operárias dessa espécie desempenham inúmeras funções na colônia de acordo com a sua idade. As abelhas mais novas (que, por sinal, apresentam uma coloração mais clara) ficam nas regiões dos discos, aquecendo as crias, como forma de proteção. Quando estão um pouco mais velhas, começam a trabalhar na construção das células, além de serem responsáveis pela colocação do alimento larval. Já quando se passa um pouco mais de tempo, começam a ser responsáveis pela construção do invólucro e dos potes de alimento. Na fase completamente adulta, as operárias passam a coletar o néctar, o pólen e água para a colônia. Interessante notar ainda que as operárias dessa espécie possuem ovários completamente desenvolvidos, o que implica dizer que elas também podem fazer a postura dos ovos antes ou depois da postura da rainha. Salientando que os ovos postos antes da rainha são devidamente comidos por ela (!). Já ovos de operárias colocados após a postura da rainha darão origem a zangões.
- Zangões – Uma larva de zangão se desenvolve mais rápido do que as das operárias, além de se alimentarem dos ovos postos pela rainha. Esses machos da colônia realizam algumas tarefas, como a desidratação do néctar e o aquecimento do enxame. A sua principal função, no entanto, é a fecundação da rainha virgem, o que acontece durante o voo nupcial.
- Rainha – Essa rainha nasce de uma única célula, como acontece com todas as abelhas do gênero Trigona. Essa célula, inclusive, é bem maior do que as outras, possuindo, com isso, mais alimento. É dela que nasce uma princesa virgem que vai depender da fecundação de um zangão para, enfim, tornar-se rainha. Interessante notar que é o enxame que decide quando é a hora de trocar a rainha pelo fato dela estar velha, ou fazendo pouca postura de ovos.
Mas, e a Produção de Mel Dessa Espécie?
Agora, vem a parte mais saborosa, que é a confecção de mel pela colônia dessas abelhas. Só que além de ser muito gostoso, o mel feito pelas abelhas tubuna é rico em propriedades medicinais, sendo indicado para diversas enfermidades, em especial, respiratórias.
Isso tudo sem contar que essa espécie de abelha é uma excelente produtora de mel, chegando a produzir uma quantidade que pode chegar a 3 litros por temporada, a depender da oferta de alimento na região, óbvio. É justamente por conta disso que essa espécie é uma das mais usadas em criação por apicultores, até mesmo porque a manutenção da colônia é muito simples, sendo feito um exame periódico quinzenal para saber se está tudo certo com o enxame.
No entanto, é na natureza que a abelha tubuna mostra grande produtividade de mel, além de ser mais interessante de se observar os seus hábitos. E, claro, assim como outras espécies no país, essas abelhas também estão ameaçadas pela ação do homem, o que prova que precisamos ficar atentos, já que esse inseto é importantíssimo para a natureza (e para nós).